domingo, 31 de outubro de 2010

O DIA DA DECISÃO



As pesquisas de intenção de voto indicam uma tendência forte a favor da candidata do PT. Se falharem, como já se deu no primeiro turno, será um fato histórico relevante. As mudanças que a vitória de Serra significará. A “introdução” de Aécio na campanha.



Sou obrigado a reconhecer que pela repetição das pesquisas de intenção de votos e a semelhança dos seus resultados, indicam que a maioria da votação de hoje não será favorável a José Serra.

Algo diferente disso constituir-se-á num fato que a história registrará tendo como capítulo principal, a desmoralização dessas pesquisas tão prestigiadas pela grande imprensa. É querer demais, pois.

Manchete ocupando todo o alto da primeira página do jjornal "O Estado de São Paulo" de hoje: "Ibope aponta vitória de Dilma por 12 pontos"
Esse tipo de abordagem não é um condutor de votos, na linha dos supostos "fatos consumados"?

Desde sempre optei por Serra porque significa ele a possibilidade de mudança em tudo aquilo que assistimos nestes quase oito anos de governo petista. Eis as principais:

i.) Mudança na política externa agindo o governo com mais rigor e cautela na manutenção das relações com países com governos autoritários, como é o caso da Venezuela, Cuba e Irã. A tolerância com o governo da Bolívia e Paraguai aos quais nos impomos como “grande potência” a despeito de recebermos desses países, ilegalmente, pelas fronteiras abertas nada além de drogas, armas e muambas.

Esfriamento das relações diplomáticas com países africanos cujos mandatários são ditadores. Nem sempre “negócios são negócios”. Há uma questão moral nesse meio.

ii.) Mudança nas relações com o MST, tolerado pelo Governo Federal mesmo agindo como age de modo criminoso nas invasões, sem sofrer punições e ainda subsidiado por impostos federais.

O MST significa a desmoralização dos programas de reforma agrária do Governo petista.

Nestes últimos meses até hoje – final de campanha - seus atos estão contidos para não prejudicar a candidata do PT que, aliás, também usou o boné do movimento;

iii.) Arquivamento, por antidemocrático, de projetos que pululam objetivando controlar a imprensa – proposição fascista inspirando-se no modelo de Hugo Chávez.

A imprensa tem feito admirável trabalho de denúncias de corrupção, a grande maioria verdadeira ou com sintomas que por uma razão ou outra, não foi investigada a fundo. A impunidade é ainda a grande marca que prejudica o país ou por falta de apuração ou pela lentidão do Judiciário;

iv.) Revisão da política econômica, de juros, de investimentos.

Sinto na cúpula da Petrobras um timbre de incompetência, isto é, muitos dos que a dirigem estariam acima do nível de incompetência – o que se dá em outros setores administrados pelo petismo ou aliados;.

v.) Afastamento da cúpula do PT e de seus membros dos principais postos no governo. Foram eles os geradores do mensalão, os aloprados, nepotismos, tráfico de influência...e o que mais?

vi.) Certeza de política ambiental eficiente, antidesmatamento;

vii.) Saneamento básico e água tratada para as regiões carentes;

viii.) Fortalecimento do pensamento democrático;

ix.) Retorno da solenidade e dignidade da Presidência da República, o que significará o abandono de discursos inflamados desprovidos de seriedade, muitos com retratação logo depois de proferidos, como se dá com Lula.

No que se refere à candidata Dilma Roussef, ao longo da campanha minhas impressões são positivas porque perdeu ela aquela postura autoritária, revela-se mais sensata, talvez por sentir na longa campanha em que se empenhou que as necessidades do povo brasileiro estão acima dos interesses partidários menores. Se vencer e conseguir cumprir o que prometeu – porque a ala mais radical do seu partido exigirá a aplicação de políticas antidemocráticas inscritas no “Programa Nacional de Direitos Humanos - será um alívio, porque falou em democracia, liberdade de imprensa, combate ao desmatamento e medidas outras de cunho social como saneamento e água tratada. É aguardar...e rezar.

O que se revela na campanha de Serra é a adesão, ainda que tardia de Aécio Neves. Desconfio que nos bastidores, os tucanos começaram a preparar a próxima campanha presidencial, introduzido o político mineiro como opção na hipótese de Serra não vencer. Ou mesmo se vencer.

Este artigo, seja qual seja o resultado das eleições hoje, permanecerá como um registro do momento – antes da votação e da apuração do 2° turno das eleições presidenciais -, numa das campanhas mais incomuns pelos recursos de comunicações postos à disposição dos partidos e até pela presença do Presidente da República como cabo eleitoral de palanque, atitude incompatível com a exigência do cargo mais importante da nação.

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