terça-feira, 13 de abril de 2010

SERRA PRÉ - CANDIDATO – DECORRÊNCIAS


O que esperar das atitudes de Serra na campanha presidencial: “garra”. O gesto importante de Aécio, que só será vice se tiver certeza da vitória de Serra. Atitude compreensível, mas tem o desafio de vencer o PT em seu estado. As frases de Lula. Ah, as frases de Lula.

O anúncio da pré-candidatura de José Serra à Presidência da República se deu num momento bastante favorável. A convenção foi concorrida, os discursos sem exacerbações dando, como veremos a seguir, o mote de sua campanha.
Até mesmo as tragédias no Rio de Janeiro não permitirão que a campanha do PT, para tentar enfraquecer Serra apresente as enchentes de São Paulo como argumento de má administração. No Rio estão os seus aliados.
Faço um parêntesis a propósito dessa tragédia recente no estado do Rio de Janeiro: escrevendo sobre o anúncio das Olimpíadas de 2016 no Rio, em outubro passado – artigo encontrado neste portal – já me referia aos desafios cariocas, no enfrentamento dos grandes bolsões de pobreza.
O “destino” ajudou o Rio de Janeiro do modo mais cruel. Antecipou as catástrofes sacudindo a administração carioca sonolenta, advertindo que "choricos" e deslumbramentos antecipados das Olimpíadas não resolvem os graves problemas da cidade e do estado. Não há mais como sustentar o comodismo em olhar horizontalmente, para o mar, o discurso vazio, o inglês alcoólico porque a tragédia anunciada e em parte materializada há pouco obrigou todos a “redescobrir” que o problema carioca esta mais encima, no alto dos morros.
Só espero que o calor e a seca não façam esquecer o que estamos assistindo nestes dias amargos e que sejam cumpridas as promessas que estão sendo feitas de dar alguma dignidade aos moradores dos morros e favelas.
Volto para o anúncio da candidatura de Serra e suas decorrências:
1. Parece que o governador de São Paulo se deu bem em postergar a confirmação de sua candidatura. Por meses só se falava do momento em que tal finalmente ocorreria, o que se constituiu numa campanha indireta em torno de seu nome, sem necessidade de pagar multa fixada pela Justiça Eleitoral, como se deu com Lula que iniciou a campanha de sua candidata muito antes da hora;
2. Finalmente o PSDB incluiu Fernando Henrique na sua pauta depois de, por “a” mais “b”, se comprovar que o governo Lula seguiu a cartilha de sua política econômica de modo integral. E ampliou os programas sociais que se iniciaram em sua gestão
Ora, pretende o PT de modo oportunista, comparar a gestão de FHC e Lula. Comparar exatamente o quê se o governo petista andou em círculos mas sempre se firmando nas bases do que fora conquistado nas gestões de FHC. O equívoco em não defender esses pontos fundamentais, já fora desastroso quando candidato Geraldo Alckmin que concorrera com Lula. FHC foi alijado, então, do debate.
Não pretendo dar muita ênfase a um comentário publicado recentemente no jornal americano The Wall Street Journal (de 05.04) assinado por Mary Anastasia O’Grady, editora e colunista de finanças. Ela reconhece que o Brasil melhorou “em relação ao que era em meados da década de 90, quando hiperinflação alimentou o caos nacional”, mas “o crédito por controlar os preços vai para o ex-presidente de dois mandatos (Fernando) Henrique Cardoso, cujo governo implementou o Plano Real”.
A comentarista subestima os feitos de Lula na presidência da República, afirmando que “uma revisão de sua gestão revela que a melhor coisa que ele fez como chefe-executivo do país foi nada”.
Há, sim um timbre de injustiça nessa afirmação de que Lula “nada fez”. Mas, como se constata, já tem quem comece a “desconfiar” de que por trás da retórica e do prestigio internacional de Lula, se apertar sua gestão não sairia muita coisa. Pelo menos de original. Original talvez o apoio ostensivo ao regime cubano falido. A teimosia em apoiar o programa nuclear do Irã sem maiores informações apenas pelo aceno de seus dirigentes de que é ele pacífico.
A idéia fixa de Lula contra Fernando Henrique é notória. Eis a provocação que fez no seu discurso em São Bernardo do Campo, no dia 10 último:
“Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que eu disse ou afirmei ou o que eu escrevi”.
Imaginem levantar o relicário de afirmações contraditórias e até folclóricas de Lula. Muitas ele quereria sequer ter dito. E talvez apareçam durante a campanha.
Agora, se ele escreveu algo, será preciso que diga aonde. Certamente que não se preocupará com isso.
Fraquezas mal disfarçadas.
3. Aécio Neves teve um papel importante no encontro do seu partido e acho mesmo que tem perfil para futuramente pleitear a Presidência. É o próximo grande quadro do PSDB. Colocou-se à disposição da legenda e de Serra de modo resignado para ajudar na campanha mas tem ele um grande desafio: derrotar o PT em seu estado.
Só há uma certeza: ele será vice se tiver certeza da vitória de Serra. É o direito que tem de assim agir, porque a derrota o colocaria no ostracismo por longo período afetando suas possibilidades futuras.
4. Um dos motes que parece dominará a campanha Serra, fora ressaltado na afirmação ao estilo Obama, de que o país “pode mais”.
Claro que Lula tentaria ridicularizar esse slogan com esta frase: “Não adianta eles copiarem o Obama e dizer nós fazemos mais. Porque o Obama já disse que eu sou o cara”.
Difícil uma picuinha dessas. Critica o slogan com um significado simbólico, mas sustenta uma frase de efeito dita por Obama de agrado a ele, Lula. Pelo jeito, a guardou no seu porta-joias, levou a sério.
Vamos aguentando...
Quando disse há pouco, no meu comentário de 24.03.2010 “Que Serra se espelhe em Obama”, alertara o seguinte e relembro:
“A campanha presidencial será árdua. A vitória será alcançada por Serra, se demonstrar interesse. Barack Obama demonstrou esse interesse elegendo-se mesmo com todos os obstáculos. Conseguiu agora o plano de saúde numa árdua campanha. Que Serra nele se inspire.”
Serra disse que “tudo o que faz na vida, faz com garra”.
Se assim se der é muito forte a possibilidade de sua vitória.
A tudo estaremos acompanhando.

Referências: Todas as citações entre aspas, foram extraídas do jornal “O Estado de São Paulo” de 11.04.2010

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