sábado, 3 de abril de 2010

UMA BREVE VISÃO DOS ESTADOS UNIDOS DE HOJE

14/09/2009

Um panorama atual, sucinto, do grande país da América do Norte, de suas crises, superações e mesmo o consumo do fast food.


Aporto nos Estados Unidos via Miami. A segurança é rigorosa na imigração. Tiram-se os sapatos e até o cinto. Meus óculos que vivem pendurados no pescoço, também passaram pelas máquinas de raios-X. Em silêncio, obedeço.

Tento uma explicação para tanto rigor. Talvez porque eram dias anteriores à lembrança do 11 de setembro, aquele dia que, há já oito anos, terroristas derrubaram as “torres gêmeas” no centro de Nova York e atacaram o Pentágono em Washington.

Meu destino era a Filadélfia (Philadelphia), cidade que está no meio do caminho entre Nova York e Washington.

Filadélfia não tem contornos turísticos fortes, digamos, mas se apresenta como um referencial de sobriedade, com valores culturais importantes. O seu centro tem ainda aquela estampa de cidade antiga, bem ao estilo americano. Saindo-se das ruas centrais, já se conhecem os bairros populares, casas geminadas, com fachadas sem recuo.

Vi, nos seus redores, simplicidade, não pobreza.

Aliás, é uma cidade com forte concentração negra. Os negros ergueram a cabeça. Circulam por lá, com carros caros e freqüentam tranquilamente as melhores lojas e supermercados.

Há um pouco da “obamamania”, ainda, penso, na realidade, o corolário do grito de fé de um dos maiores heróis americanos, assassinado em abril de 1968, Martin Luther King, negro, ativista, religioso e pacifista. Ele tinha um sonho. Este: “Eu tenho um sonho que um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: Nós acreditamos que esta verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais... Eu tenho um sonho que um dia minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo do seu caráter.”

Registre-se que na época da morte de Luther King já vigorava nos Estados Unidos, desde 1964, a lei dos direitos civis – de cuja instituição ele participara – que proibia a discriminação no que se refere à raça, ao sexo, à religião, à nacionalidade inclusive na área profissional, decorrendo daí a igualdade de oportunidades e a prática de mesma remuneração entre homens e mulheres quando exercendo trabalho igual ou semelhante.

Os Estados Unidos, pois, são um país de muitos povos. Desfilam pelas suas ruas e supermercados muçulmanas trajando aquele traje preto semelhante à burca, que só não esconde os olhos. Esvoaçam os tecidos pretos leves, aumentando aquela sensação de que algo não combina, constrange, que confronta. Em nome da religião, porém...

Nova York está mais barulhenta e movimentada do que nunca. O trabalho e o turismo são suas marcas. No caso do turismo, circulam pelas ruas movimentadas em profusão aqueles ônibus que acomodam os turistas no seu teto, externo, apontando os guias com orgulho os pontos considerados dignos de serem vistos: "Chinatown", “Pequena Itália”, Empire State, “Estátua da Liberdade”, “Central Park”, o buraco das torres gêmeas ainda cercado por tapumes, etc.

Penso e comparo com São Paulo. Sim, em muitas reentrâncias, as cidades se parecem. Por que não uma grande atitude turística em São Paulo, a exemplo de Nova York?

Mas, a grande cidade da América Latina é muito sacrificada. Aqui é o porto sem a “Estátua da Liberdade”, onde os abandonados do norte e nordeste, sem perspectivas nos seus rincões, arriscam viver ou sobreviver nesta metrópole. Praticamente todas as entradas de São Paulo têm favelas como recepção. Não em Nova York que eu tenha visto, o que reduz imensamente o impacto da desagregação.

Há, por aqui, atrações importantes, embora distantes territorialmente umas das outras. Por exemplo: a Sala São Paulo fica a quilômetros do Jardim Botânico, o MASP do Borba Gato, o Ibirapuera do bairro japonês da Liberdade, ou dos italianos no Braz e Mooca. E por aí vai.

Quanto por fazer! Ah, terceiro mundo!

O 11 de setembro não foi comemorado com aquela solenidade emocionante de anos anteriores, depois do ataque em 2001. É que se desenvolve entre os americanos um debate sobre novo sistema de saúde, projeto polêmico de Barack Obama e rejeitado fortemente por congressistas e populares até que, no dia 9 de setembro em pregação no Congresso Nacional americano, aclamado de pé pela maioria, incluindo republicanos, a proposição começa a ganhar novos defensores.

Trata o projeto da criação de um plano de saúde público para permitir que maior número de americanos obtenha assistência, hoje completamente desassistidos, algo em torno de 45 milhões. Para isso, diz Obama, seriam reduzidos os gastos públicos com saúde, subsidiando esse novo plano.

O receio é que essas mudanças promovam a falência das empresas de planos de saúde e, na outra ponta, aumentariam os impostos dos mais abastados para suportá-las.

Observadores independentes, porém, acentuam que a resistência ao plano de Obama tem algo de racial. Trocando em miúdos: o preconceito racial daqueles conservadores radicais diante de um negro que subiu (demais) na vida.

Numa visão geral, se há crise na economia americana, ela é imperceptível nas ruas. Centenas de caminhões de grosso calado circulam pelas estradas revelando que a atividade econômica não parou, que a produção continua sendo distribuída. Muitos são os carros de passeio de porte (carrões) significando que continuam a ser produzidos. Se a GM esteve à beira da falência, parte se deve à concorrência tenaz das automobilísticas japonesas e coreanas. E da própria Ford que sobrevive nesse mundo de Nissan (s), Toyota (s), Hyunday (s), etc.

Washington é uma cidade atípica. Irradia cultura e se constitui num chamariz, não só por ser a capital do Poder, mas pelos seus monumentos. Não há dias úteis que lá não estejam os turistas, ou no monumento a Washington, uma torre com 170 metros de altura que podem ser conduzidos no seu cume, no Lincoln Mermorial, no Museu Aero Espacial, no Capitólio, nos Museus.

Trata-se da irradiação da cultura americana, que todos querem ver e tatear. Bem, qual a importância de Lincoln para qualquer turista que não seja americano? Para um turista da Austrália? Para um brasileiro? É que os americanos tornaram importantes para o mundo esses monumentos, quer pelo cinema, quer pela divulgação oficial, destacando ainda como elemento de patriotismo, a bandeira do país por demais presente no seu dia-a-dia. Qualquer cena de emoção no cinema, faz ela o pano de fundo.

Ora, será que Lincoln como grande presidente americano não tem algum tributo a pagar a Tiradentes? Mas, quem visita os monumentos a Tiradentes? Brasileiros visitam?

Triste constatação. Quanto perdemos!

Grande país é assim. Seus heróis são conhecidos mundialmente. E a riqueza exala. Daí a inveja e os ataques suicidas.

Para encerrar, se estão em crise os bancos e parece que estão mesmo, vão bem as lanchonetes de “fast food”, os Mcdonalds, Burger King (s) e outras que não chegaram por aqui.

Em cada canto, numa praça qualquer, na hora do almoço predominantemente, lá estão o pacote com o sanduíche e o refrigerante, um não vive sem o outro. E montanhas de descartáveis. Desperdícios até com o consumo de água.

Mas, há uma variável que reputo recente: foi introduzida a salada nesse cardápio, opção até há alguns anos impensável. Uma conquista

Com isso tudo, viva o fast food, viva a obesidade.

PS: Em evidência nestes dias na imprensa americana está Hugo Chavez pelas suas gestões em adquirir armas russas para se defender do "ataque iminente" dos Estados Unidos a partir de suas bases na Colombia ainda não instaladas...

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