domingo, 31 de outubro de 2010

O DIA DA DECISÃO



As pesquisas de intenção de voto indicam uma tendência forte a favor da candidata do PT. Se falharem, como já se deu no primeiro turno, será um fato histórico relevante. As mudanças que a vitória de Serra significará. A “introdução” de Aécio na campanha.



Sou obrigado a reconhecer que pela repetição das pesquisas de intenção de votos e a semelhança dos seus resultados, indicam que a maioria da votação de hoje não será favorável a José Serra.

Algo diferente disso constituir-se-á num fato que a história registrará tendo como capítulo principal, a desmoralização dessas pesquisas tão prestigiadas pela grande imprensa. É querer demais, pois.

Manchete ocupando todo o alto da primeira página do jjornal "O Estado de São Paulo" de hoje: "Ibope aponta vitória de Dilma por 12 pontos"
Esse tipo de abordagem não é um condutor de votos, na linha dos supostos "fatos consumados"?

Desde sempre optei por Serra porque significa ele a possibilidade de mudança em tudo aquilo que assistimos nestes quase oito anos de governo petista. Eis as principais:

i.) Mudança na política externa agindo o governo com mais rigor e cautela na manutenção das relações com países com governos autoritários, como é o caso da Venezuela, Cuba e Irã. A tolerância com o governo da Bolívia e Paraguai aos quais nos impomos como “grande potência” a despeito de recebermos desses países, ilegalmente, pelas fronteiras abertas nada além de drogas, armas e muambas.

Esfriamento das relações diplomáticas com países africanos cujos mandatários são ditadores. Nem sempre “negócios são negócios”. Há uma questão moral nesse meio.

ii.) Mudança nas relações com o MST, tolerado pelo Governo Federal mesmo agindo como age de modo criminoso nas invasões, sem sofrer punições e ainda subsidiado por impostos federais.

O MST significa a desmoralização dos programas de reforma agrária do Governo petista.

Nestes últimos meses até hoje – final de campanha - seus atos estão contidos para não prejudicar a candidata do PT que, aliás, também usou o boné do movimento;

iii.) Arquivamento, por antidemocrático, de projetos que pululam objetivando controlar a imprensa – proposição fascista inspirando-se no modelo de Hugo Chávez.

A imprensa tem feito admirável trabalho de denúncias de corrupção, a grande maioria verdadeira ou com sintomas que por uma razão ou outra, não foi investigada a fundo. A impunidade é ainda a grande marca que prejudica o país ou por falta de apuração ou pela lentidão do Judiciário;

iv.) Revisão da política econômica, de juros, de investimentos.

Sinto na cúpula da Petrobras um timbre de incompetência, isto é, muitos dos que a dirigem estariam acima do nível de incompetência – o que se dá em outros setores administrados pelo petismo ou aliados;.

v.) Afastamento da cúpula do PT e de seus membros dos principais postos no governo. Foram eles os geradores do mensalão, os aloprados, nepotismos, tráfico de influência...e o que mais?

vi.) Certeza de política ambiental eficiente, antidesmatamento;

vii.) Saneamento básico e água tratada para as regiões carentes;

viii.) Fortalecimento do pensamento democrático;

ix.) Retorno da solenidade e dignidade da Presidência da República, o que significará o abandono de discursos inflamados desprovidos de seriedade, muitos com retratação logo depois de proferidos, como se dá com Lula.

No que se refere à candidata Dilma Roussef, ao longo da campanha minhas impressões são positivas porque perdeu ela aquela postura autoritária, revela-se mais sensata, talvez por sentir na longa campanha em que se empenhou que as necessidades do povo brasileiro estão acima dos interesses partidários menores. Se vencer e conseguir cumprir o que prometeu – porque a ala mais radical do seu partido exigirá a aplicação de políticas antidemocráticas inscritas no “Programa Nacional de Direitos Humanos - será um alívio, porque falou em democracia, liberdade de imprensa, combate ao desmatamento e medidas outras de cunho social como saneamento e água tratada. É aguardar...e rezar.

O que se revela na campanha de Serra é a adesão, ainda que tardia de Aécio Neves. Desconfio que nos bastidores, os tucanos começaram a preparar a próxima campanha presidencial, introduzido o político mineiro como opção na hipótese de Serra não vencer. Ou mesmo se vencer.

Este artigo, seja qual seja o resultado das eleições hoje, permanecerá como um registro do momento – antes da votação e da apuração do 2° turno das eleições presidenciais -, numa das campanhas mais incomuns pelos recursos de comunicações postos à disposição dos partidos e até pela presença do Presidente da República como cabo eleitoral de palanque, atitude incompatível com a exigência do cargo mais importante da nação.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DISCURSOS DISTORCIDOS



Discursos petistas que visam intranquilizar a política brasileira se vencer Serra. O “fantasma” do neoliberalismo como forma de inquietação. O vídeo da peroração exacerbada da filósofa Marilena Chauí pró-PT. O manifesto de Helio Bicudo que aponta o risco do autoritarismo com a vitória do PT.



Tanto já se disse e se analisou sobre a campanha presidencial em curso, essa disputa palmo a palmo que já provocou até mesmo agressão.
Nesta última semana as pesquisas de intenção de voto continuam favoráveis à candidata do PT e se essa diferença prevalecerá ou não, somente após as urnas. Elas dirão, não antes.
E os discursos dos simpatizantes do PT e da candidata Dilma, como andam?
No artigo anterior, em pequenos tópicos, por ter ouvido, manifestei meu desagrado com os “discursos” que se desenvolviam na Praça da Sé em São Paulo, nos quais militantes de baixo nível escolar o que faziam em alto som era denegrir tudo o que fora feito antes de Lula, como se, rigorosamente, não usufruiria ele no seu governo de todas as conquistas obtidas pelo seu antecessor muitas elogiadas por membros mais categorizados e pensantes do seu partido.
Insistiam aqueles detratores em desprezar de modo genérico as privatizações ocorridas – e o risco de que outras se dessem - talvez sentindo falta do cabide de emprego de algumas das estatais privatizadas que, nessa condição, geraram empregos no mercado e não provenientes de “nomeações”.
Esse mesmo discurso, com refinamentos, é claro, ouvi num vídeo que transita pela internet, no qual a professora de filosofia da USP, Marilena Chauí sai em defesa da candidata do PT, referindo-se à liquidação da democracia pelas privatizações que viriam com a vitória de Serra, especialmente do pré-sal e nesse diapasão até mesmo a privatização dos direitos sociais...
Direitos sociais? Será que a professora leu o artigo 7° da Constituição Federal, vigente desde 1988?
Que outros direitos sociais poderiam ser pensados levando em conta sua argumentação? Seria o principal deles, o “bolsa família” que na sua origem, no governo FHC, Lula qualificara de eleitoreiro? E agora não é a grande bandeira eleitoral de Lula e Dilma?
Falou muito a professora de democracia, de respeitabilidade do Brasil no mundo de hoje. Mas, em momentos vários, Lula se excede, comete gafes, age de modo autoritário, se dá muito bem com regimes autoritários, como o comunismo capenga dos irmãos Castro de Cuba, com o ditador venezuelano Hugo Chaves que liquidou a imprensa independente e seus adversários na Venezuela e com seu mui amigo iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Queixa-se com freqüência da imprensa que o incomoda com os seguidos escândalos que seu governo vem produzindo e por ela denunciados.
Há, pois, no discurso da filósofa, muito de distorcido e no seu bojo inquieta os milhões de desavisados valendo-se desses argumentos descabidos, em perfeito equilíbrio com os “discursos” desequilibrados que ouvi na Praça da Sé na semana passada dos militantes petistas exaltados.
O PT não respeita nada, faz de todos os que não dizem amém aos seus desígnios seus inimigos a serem massacrados menos nas urnas e mais moralmente. E se necessário, com agressões. Em nome de uma eleição o PT e seus aliados, aí incluída Marilena Chauí, denigrem de um modo demagógico e temerário tudo o que fora obtido antes do governo Lula.
Reafirmo, com toda a independência que me é possível externar, que fora Fernando Henrique quem pusera o Brasil no mapa-múndi como um país democrático a ser levado a sério.
Daqui a alguns anos se saberá sobre Lula, o julgamento natural que terá quando distante do poder que, espero, nunca mais a ele volte.
Por outra, jurista Helio Bicudo também tem um vídeo importante e sério, ao contrário do de Marilena Chauí. E sua autoridade se expande porque fora fundador do PT. Hoje, Bicudo identifica em Lula timbres autoritários, o desrespeito ostensivo ao alto posto que ocupa na República, a promoção do compadrio, agindo com abuso de poder ao colocar a máquina do governo em benefício de sua candidata. Receia o continuísmo do PT no poder pelo que poderá ele representar de novos abusos e desmandos.
O PT já demonstrou do que é capaz se levados em conta os desvios e dissimulações que praticou nos seus oito anos de governo. E o que se dará em mais um período no poder?
E pior, intelectuais do nível da filósofa acharem que todos esses abusos possam ser relevados por conta da "ameaça" do “neoliberalismo”, cujo conceito é meio difuso nestas plagas, que colocaria em risco a democracia, vencendo Serra. É demais.
Vamos ver qual será o custo disso tudo se o PT continuar no poder.
Este é o pais do Tiririca.


Foto: Hélio Bicudo (Google)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

CAMPANHA ELEITORAL: IMPRESSÕES DE ÚLTIMO MOMENTO


Opiniões curtas sobre os últimos eventos daa campanha eleitoral, que deve esquentar na semana que vem, decisiva. Salvem-se os que puderem – e os que não puderem fiquem longe.


i. - Serra atingido no Rio de Janeiro fisicamente, sem gravidade, mas atingido. Lula o acusou de farsa. Ah, sim e por falar em farsa...

ii. - Há no meio petista, aquela ala que tem um qualificativo muito próprio que por respeito não mencionarei, sempre utilizado para identificar sindicalistas “fora de rumo”. Dos meus tempos de acompanhamento sindical no ABC. Vou me aproximar, “cientificamente”: “espermatozóides aloprados...”

iii. - Lula, já saudoso do governo está transformando o Brasil e a campanha presidencial num grande estádio de Vila Euclides (SBC). Nas grandes assembléias dos metalúrgicos naquele estádio quando presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, ele falava tudo o que queria e criticava quem bem entendesse com os aplausos da peãozada. Tudo mais ou menos igual com o que faz nesta campanha. Desvirtuamentos notórios que ninguém ousa coibir. Tenta desmoralizar todos os que não lhe agradam.

Pode ser sinal de que o PT ainda está em dúvida da vitória com sua candidata, mesmo com as pesquisas positivas.


iv. - Seria bom que Lula saísse do foco, não botasse lenha na fogueira. Vamos entrar na última semana. Salvem-se os que puderem – e os que não puderem fiquem longe.

v. - Lula critica demais a imprensa. Sem ela não teria mensalão, flagrantes de dinheiro na cueca, aloprados, denúncias de corrupção, nepotismo e o que mais? Seria tudo mais fácil, pois não!?

É que tem uma turma por aí que pensa. E esses caras tendem a tudo complicar, atrapalhar a denuniar.

vi. - Quarta-feira (dia 20.10) no metrô de São Paulo sentido Terminal Tietê – Praça da Sé. Um homem idoso, sentou-se no banco reservado para os de sua idade, abriu a pasta e atentamente começou a ler crônica do Arnaldo Jabor em cópia xerográfica, publicada no dia anterior no jornal “O Estado de São Paulo” (“A difícil missão de Dilma Rousseff”). O que havia de tão interessante no artigo? Eleitor silencioso que não responde pesquisas de intenção de voto...

vii. - Mesmo dia na praça da Sé, centro de São Paulo. Manifestantes esbravejando chavões repetitivos pró-Dilma, chegando ao insuportável. Revezavam-se os oradores com “discursos” amplificados pelo sistema de som.

Tudo bem que os petistas participem da campanha de sua candidata, mas o besteirol passou ali dos limites. E sabem o que é pior? Tem muita gente boa que acredita nessas tolices. Tolices repetidas, “verdades” tolas assumidas, acreditadas. “Que país é este?”

Parei na frente da estátua do Apóstolo Paulo para tomar fôlego de tudo aquilo. Mas que praça suja, nossa!

viii. - Essas pesquisas de intenção de voto estão cansando, mas distorcidas podem ajudar o candidato, sempre na frente e sempre avançando. Já houve “surpresas” no primeiro turno, chamuscando alguns institutos mais afoitos.

Demetrio Magnolli (sociólogo e doutor em Geografia Humana) em 14 último, no jornal “O Estado”, intitula seu artigo, sobre os métodos de pesquisas de intenção de votos, como “Os Falsários”. Trecho: “Pesquisas, obviamente, não decidem eleições. Mas elas têm um impacto que não é desprezível. Sob a influência dos humores cambiantes do eleitorado, supostamente captados com precisão decimal pelas pesquisas, consolidam-se ou se dissolvem alianças estaduais, aumentam ou diminuem as doações de campanha, emergem ou desaparecem argumentos utilizados na propaganda eleitoral, modifica-se a percepção pública sobre os candidatos. Os institutos comercializam um produto rotulado como informação. Se fosse leite, intoxicaria os consumidores. Sendo o que é, envenena a democracia.”

E no final pergunta:

“Ah, por sinal, qual é mesmo a taxa de aprovação do governo Lula?”

ix. - Intelectuais de cada lado: Chico Buarque qualificou Dilma de inteligentíssima. Gilberto Gil a apoiou também e disse que a vitoria da candidata garantiria tudo isso que aí está. Tudo isso o quê?

Do lado dos tucanos, o ex-petista e fundador do PT, Hélio Bicudo, declarou voto em Serra.

No jornal “O Estado de São Paulo” na sua coluna do dia 20 último Roberto Damatta se saí com esta:

“E para provar que as seis famílias donas de jornal não me controlam, faço questão de declarar: para mim, não há dúvida de que Serra e, de longe, o melhor. O resto, amigos, como dizia aquele bardo inglês, é silêncio...”

Que famílias!

x. - Marina Silva manteve-se neutra na disputa. Não apoiou Serra mais próximo, porque admira Lula. A sua neutralidade pode implicar em compromisso apenas programático do candidato (a) vencedor às suas ideias. Se apoiasse um deles e com o seu apoio fosse o seu escolhido eleito, o compromisso assumido de inserir o programa do PV na sua maior extensão estaria garantido. Do jeito que ficou, qualquer dos candidatos que vença as eleições, pode manter compromissos por “boa vontade”, sem prejuízo de medidas antiambientais na hora em que a questão econômica fizer pressão e a tudo atropelar. Complicado, hem? Perdeu o bonde!

xi. - Serra promete, se eleito, reduzindo despesas do Governo Federal, conceder 10% de reajuste aos aposentados. É bom lembrar que em maré alta, vai se formando uma onda imensa no "ambito" da previdência social idenficada por um neologismo: a "desaposentação". O Superior Tribunal de Justiça já vem aceitando a tese que consiste em recalcular a aposentadoria daqueles que, depois de obtido o benefício proporcional, continuaram trabalhando e contribuindo para a previdência. Esse tempo de contribuição adicional será somado ao tempo de trabalho para novo cálculo da aposentadoria, até o teto de 100%. É o que vem se desenhando nesse horizonte o que pode significar valores vultosos do orçamento federal para garantir a "desaposentação"


Foto: http://www.jornaldeluzilandia.com.br

terça-feira, 19 de outubro de 2010

UMA CAMPANHA DESNORTEADA




A campanha presidencial voltada para o Estado de São Paulo. Desvirtuamentos nos enfoques. Exacerbações. O povo paulista é conservador por não votar no PT para o governo do Estado?


Não se trata de “paulistânia desvairada” lembrar que o Estado de São Paulo tem destaque incomum na República Federativa, se comparado aos demais Estados. Destaca-se em todos os campos: na pesquisa, na área médica com hospitais de referência que atende pacientes até de fora do país, na área tecnológica, cultural, na produção industrial, agrícola. Conta com as melhores universidades públicas como a UNICAMP, UNESP e, principalmente, a USP, lembrada nas listas das mais destacadas do mundo.

De certo modo, com tudo isso, o Estado não “admite” meio termo e empurra o Brasil para frente. Do brasão de São Paulo em latim: "PRO BRASILIA FIANT EXIMIA" ("Pelo Brasil façam-se grandes coisas"). E assim não tem sido?

Há críticas na área educacional, há desvios na área ambiental, problemas na área de segurança e o sempre lembrado preço abusado dos pedágios, que são dezenas nas estradas paulistas.

A capital, São Paulo, contém, efetivamente, bolsões de pobreza, as favelas, geralmente habitadas pelos nossos patrícios nordestinos que vieram para o grande Estado na busca de dias melhores. Têm dado esses migrantes contribuição inestimável à construção civil e às indústrias de um modo geral, esforçando-se em viver, sobreviver e conviver.

Esse conglomerado de cidadãos, nos quais se inserem membros de má índole, bandidos mesmo, afetam a segurança da capital e das grandes cidades do interior. Pela pujança do Estado, os crimes ocorridos, tendem a repercutir nacionalmente, ampliados não tanto com os que ocorrem no Rio de Janeiro pelas peculiaridades de dominarem os bandidos os morros, mas sendo enfrentados nas favelas cariocas pela força policial de “paz”. E daí os enfrentamentos e os percalços.

Então, um Estado com essa grandeza tem problemas, sim, mas não parece que, proporcionalmente, os maiores eclodam em São Paulo. É aquilo que saliento: todos os eventos se amplificam, em todas as áreas, porque os principais condutores da ação e da reação estão no território paulista.

Digo tudo isso por conta do que tenho visto e ouvido nestes últimos dias na campanha petista que, à míngua de maior imaginação ou poucos argumentos, ataca o candidato tucano por aquilo que tem o Estado de São Paulo de falho ou carente, destacando-se os itens segurança e educação. Com muitas distorções.

Se fosse comparado com o Maranhão...

Claro que a idéia é enfraquecer o candidato Serra levando em conta algo novo que começo a ouvir em certas rodas esclarecidas argumentando que o povo paulista é “conservador” ou menos, não vota no PT para o governo do Estado.

Não sei se o paulista é mesmo conservador.

Os paulistas têm rejeitado o partido e seus candidatos em várias eleições. Desde 1995, tem conseguido o PSDB ocupar o Palácio dos Bandeirantes nesta ordem: Covas, Geraldo Alckmin (Claudio Lembro), Serra (Alberto Goldman) e novamente Alckmin eleito em 2010.

Qual o fenômeno?

Não me cabe conjeturar, mas os quadros do PT em São Paulo não convencem. Há anos. Discursos inconvincentes, críticas exacerbadas de tal modo que torna temerário o voto nos seus candidatos.

Uma petista que começara a se destacar fora Marta Suplicy. Prefeita eleita de São Paulo em 2000, não se reelegeu em 2004 perdendo as eleições para Serra. Novamente candidata em 2008, perdeu para Gilberto Kassab (DEM), que obteve no segundo turno mais de 60% dos votos.

Neste caso de São Paulo, a rejeição foi ao PT ou à sua candidata com aquele seu timbre arrogante? Ou a ambos?

Nas eleições para o Senado, Marta Suplicy andou muito perto de Netinho, dando a impressão de que sequer seria eleita. O mais votado, como todos sabem, foi o candidato do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira que “desmoralizou” todas as pesquisas, porque na maioria delas, aparecia em 3° lugar.

Neste segundo turno, não sei qual será a votação de Dilma Roussef em São Paulo.

Mas, eu começo a me convencer de que há um eleitorado silencioso, conservador ou consciente que impede a ascensão do PT pelo menos nos cargos Executivos do Estado e da Capital.

Com Lula e tudo.

Fenômeno interessante esse.

domingo, 10 de outubro de 2010

FHC, O PSDB E O PT.

Os Governos FHC e Lula que o PT tenta comparar . Há que serem feitas comparações éticas também. O PSDB na defensiva. Não haveria nessas tentativas de Lula com essas comparações, um modo de superar seu baixo nível de escolaridade se comparado a FHC?


Espero não estar repetindo temas, mas se tem postura do PSDB que me intriga é essa de não ressaltar a imagem de Fernando Henrique Cardoso, mas de omitir todo seu desempenho nos oito anos da Presidência da República.

Essa estado defensivo foi assumido pelo PSDB e Geraldo Alckmin nas eleições 2006 por conta das comparações descabidas que fazia o PT, das críticas vazias que fazia o partido em relação ao tempo presidencial de FHC.

Para mim, esse estado defensivo, meio covarde, sempre fora motivo de perplexidade, porque de um modo ou outro os tucanos de certa maneira assumiram as críticas de Lula e do PT ao Governo FHC

Preferiram o silêncio em lugar de contestar com veemência os ataques adversários a maioria sem fundamento ou mesmo com pouca ou nenhuma verdade.

Pior, no 1° turno não só Serra mas outros candidatos pelo Brasil – que tinham o dever de apoiar o candidato do PSDB – se omitiram para aproveitar as migalhas que caíram por conta de algum contato que tiveram com Lula. Deplorável.

Agora, na iminente “ameaça” petista de criticar de novo o governo FHC, com as privatizações havidas, foi um alento ouvir Aécio Neves, logo após o encontro do seu partido no delineamento do segundo turno pró-Serra, que aquelas haveriam que ser defendidas.

Com a imparcialidade que me é possível, sempre defendi que a presença de Fernando Henrique na Presidência da República, menos pela sua capacidade de comunicação e mais pelo seu vigor intelectual, foi bom para o País, que passou a ser levado a sério. Começou com FHC o amadurecimento da vocação democrática, depois de vencidos percalços pós Sarney – acidente de percurso, Collor, substituído por Itamar Franco, este último um presidente de transição, por força do trauma do impeachment do então conhecido “caçador de marajás”.

O “Plano Real” no qual teve participação direta como coordenador foi o grande êxito do Brasil nas últimas décadas.

Lembro-me que, cinco anos antes do Plano Real, visitando sede de empresa multinacional nos Estados Unidos, diante do deboche meio velado que se dava com a inflação mensal escandalosa no Brasil, perdi a paciência com alguns americanos de riso amarelo.

Pude lembrar, pelo menos, do tamanho da indústria brasileira, a pujança de São Paulo entre outros aspectos importantes resultando dessa intervenção o silêncio dali para frente desse tipo de abordagem pelos americanos próximos. Como explicar a ‘monetary correction’? “Se a inflação for de 70%, a correção monetária de tudo o mais será no mesmo porcentual.” – Mas, se é assim, porque aumentar os preços e corrigir a moeda na mesma proporção? Por que não parar com esses aumentos, acabando com a ‘monetary correction’?”Eram as perguntas sem resposta, vexames nossos em cada entrevista naquela viagem de conhecimento da cultura da empresa.

O Plano Real foi, pois, um divisor de águas que deu dignidade à economia brasileira.

E nesse influxo, surgiu a figura de Fernando Henrique Cardoso que foi guindado à Presidência da República por dois mandatos que teve aquele mérito afirmado acima de mostrar que o Brasil passara a ingressar num regime de seriedade e de ética.

A propósito, comparem-se os políticos que o rodearam com os políticos que rodearam Lula. Aqueles que estiveram próximos de FHC estão até hoje disputando cargos eleitorais sem qualquer mácula que os alijasse da disputa do voto.

E os que rodearam Lula, quais sobraram? Tirando os ministros técnicos, poucos, a ponto de ter saído da cartola de Lula a sua candidata, relativamente desconhecida, salvo os antecedentes de sua militância “política”, nos tempos dos militares.

Assim, para comparar o PT e Lula tentam de todos os modos denegrir as conquistas efetivas e permanentes das gestões anteriores como se fossem os méritos, somente seus.

Claro que FHC não tem as virtudes do verbo fácil de Lula nos comícios, nos seus excessos que serão infalivelmente retratados ou amenizados no dia seguinte, mas o PSDB medroso não aproveitou a sua imagem e as conquistas de sua gestão.

Aloísio Nunes, o senador eleito mais votado em São Paulo, ao aproveitar “o fator FHC” decisivo em sua campanha, explica:

“Olha, o eleitor brasileiro não é bobo. Com já disse antes, ele não atribui a abertura dos portos ao presidente Lula. Há uma clara convicção de que as coisas começaram a melhorar a partir do Plano Real.” (1)

Na edição de hoje do jornal “O Estado de São Paulo”, em termos de comparação entre FHC e Lula que o PT insinua que fará, mas tem recuado, ex-ministro Pedro Malan em artigo bem esclarecedor, aponta vários itens obtidos no Governo de Fernando Henrique, muito bem aproveitados no Governo Lula. Diz o ex-ministro:

• O governo Lula não teve de resolver problemas graves de liquidez e solvência de parte do setor bancário brasileiro, público e privado. Resolvidos na segunda metade dos anos 90 pelo governo FHC. Ao contrário, o PT opôs-se, e veementemente, ao Proer e ao Proes e perseguiu seus responsáveis por anos no Congresso e na Justiça. Mas o governo Lula herdou um sistema financeiro sólido que não teve problemas na crise recente, como ajudou o País a rapidamente superá-la. Suprema ironia ver, na televisão, Lula oferecer a "nossa tecnologia do Proer" ao companheiro Bush em 2008.

• As pessoas que têm memória e honestidade intelectual também sabem que as transferências diretas de renda à população mais pobre não começaram com Lula - que se manifestou contra elas em discurso feito já como presidente em abril de 2003. O governo Lula abandonou sua ideia original de distribuir cupons de alimentação e adotou, consolidou e ampliou - mérito seu - os projetos já existentes. O que Lula reconheceu no parágrafo de abertura (caput) da medida provisória que editou em setembro de 2003, consolidando os programas herdados do governo anterior.

• O governo Lula não teve de reestruturar as dívidas de 25 de nossos 27 Estados e de cerca de 180 municípios que estavam, muitos, pré-insolventes, incapazes de arcar com seus compromissos com a União. Todos estão solventes há mais de 13 anos, uma herança que, juntamente com a Lei de Responsabilidade Fiscal, de maio de 2000 - antes, sim, do lulo-petismo, que a ela se opôs -, nada tem de maldita, muito pelo contrário, como sabem as pessoas de boa-fé.

Esse artigo de Pedro Malan traz outros aspectos e será bom lê-lo na íntegra e atentamente para os que desejarem ter uma resposta séria sobre os atos do PT e Lula no sentido de fazer seus, méritos de outrem, no caso de FHC. Os item transcritos acima são os que julguei mais significativos.

Dessa forma, acho mesmo que o PSDB, talvez por ter que explicar muita coisa, omitiu essas e outras realizações de seu Governo Presidencial, deixando que Lula a tudo festejasse como seu e vai levando vantagem com sua candidata.

Sinto que essa ansiedade de Lula em fazer comparações me parece se originar dos níveis de escolaridade: com pouco instrução conseguira mais que o acadêmico-intelectual. É a tentativa de uma realização espiritual. “Esse é o cara.”

Por isso, repito a pergunta: PSDB que partido é esse?

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 10.10.2010 – entrevista.

(2) “Diálogo de surdos” – Pedro Malan, em jornal “O Estado de São Paulo” de 10.10.2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ELEIÇÕES: QUEM GANHOU, QUEM PERDEU!

Os equívocos das pesquisas de intenção de voto, especialmente para o Senado em SP. Foi bom para o País, o 2° turno para presidência da República. Marina Silva se consagra com sua mensagem de preservação ambiental (verde). Os votos ao palhaço Tiririca em SP.


Não somente eu no portal Vote Brasil, mas outros colunistas ao prestar atenção notaram imprecisões em resultados de pesquisas de intenção de votos ao longo da campanha.

Conhecido o resultado das eleições, materializou-se uma situação clara: todos esses institutos de pesquisa saíram menos ou mais chamuscados pelos levantamentos falhos apresentados. Um pouco mais e estaria estabelecido o descrédito total dos seus números. E depois, a sua repetição que cansaram a ponto de serem ignoradas.

Vejam, de outra parte, o que se deu com as pesquisas diárias (tracking) Vox Populi patrocinadas pelo portal IG e TV Bandeirantes: até os últimos instantes os resultados davam algo em torno de 55% de votos para Dilma Roussef, no momento em que IBOPE e Datafolha já revelavam queda na votação da candidata do PT. Essas pesquisas foram de se estranhar até porque diárias, sempre apresentando números superiores aos dos institutos congêneres como se pretendesse fixar na mente dos eleitores o “já ganhou” da candidata de Lula.

Mas, o resultado das urnas, como disse, não deixou de chamuscar a todos na proporção das incoerências constatadas.

Para o Senado em São Paulo, a coisa foi mais comprometedora. Os institutos davam como certa a vitória da dupla Marta-Netinho. Este último com base nesses números irreais chegou até a se apresentar como senador por São Paulo dando entrevista. Mas, deu Aloísio Nunes Ferreira em 1° e, felizmente, o apresentador da televisão não foi eleito.

Somente o Datafolha, numa das últimas pesquisas, apontou a subida de Aloísio Nunes, indicando empate técnico entre os três candidatos ao Senado.

No tocante à campanha, Dilma fez o possível e foi bem, mas teve a vantagem de ser carregada por Lula. Ela é espécie de criação de seu padrinho que, certamente, naquele momento crucial, quando constatou que seu tempo havia chegado, não encontrou nenhum quadro no seu partido que pudesse substitui-lo à altura. Quem seria? José Dirceu, José Genoino, Tarso Genro, Antonio Palocci, José Sarney, Renan Calheiros? Quem? Só havia Dilma autoritária no seu cotidiano em quem viu competência; sua candidatura foi, então, viabilizada por Lula.

Nem Alísio Mercadante, em São Paulo, com todo o esforço de Lula-Dilma pela sua candidatura se constituía num nome competitivo. Senador, nunca esteve presente nos problemas e realidades de São Paulo. Pouca adianta dizer que vai fazer isto ou aquilo, sem conhecer a origem das dificuldades e desafios do Estado mais representativo da federação.

Geraldo Alckmin “cara limpa”, inspirava mais confiança e venceu no 1° turno, ainda que com pequena margem.

Foi bom o 2° turno com José Serra porque quebra um pouco a acreditada hegemonia do PT. Tem o candidato e seu partido um trabalho imenso a realizar nestes 30 dias para reverter a vantagem de Dilma-Lula no Norte-Nordeste. Ampliar sua vantagem no Sudeste (SP, SC e PR) ou diminuir diferenças (RS, MG). No Rio Grande do Sul, é compreensível sua derrota, porque a atual governadora, do PSDB, e seu governo estiveram envolvidos em denúncias e críticas severas. O Estado havia mudado, mas não deu certo com a governadora Yeda Crusius.

Neste segundo turno, situação definida para a maioria dos eleitos, se o PSDB for um partido competitivo, terá que unir todas as suas forças em torno de Serra. Deixar de lado a tendência de alguns de colher migalhas aproximando-se de Lula.

Revertendo o quadro, vencendo as eleições, terá Serra por tarefa, além de implantar os programas que promete na campanha, que enquadrar a política externa brasileira, meio torta, contraditória, inclusive assumir um posicionamento menos condescendente com autoritários vizinhos e, claro, com Hugo Chaves que chegou a dizer que se Dilma vencer, Lula continuará no poder.

Serra, mais do que ninguém, significa mudança.

Marina Silva teve desempenho muito acima da média e amealhou milhões de votos (19,6 milhões). São seus eleitores, entre outros, aqueles que acreditam numa economia sustentável, na qual o meio ambiente seja preservado por todos os meios possíveis, afastando a fragilidade de políticas que o ignoram quando se trata de obter o “progresso”.

Não será com a continuidade da gestão do PT que esses princípios serão considerados nos níveis exigidos nestes tempos de devastação, abusos e crimes ambientais impunes. “Em nome do progresso”.

Há um desafio que não quer calar, qualquer que seja o governo: saneamento básico, água e esgoto tratados.

Qualquer política que combate à pobreza e de saúde não pode passar sem que se enfrente esse desafio.

A votação de Tiririca, palhaço profissional, obteve em São Paulo mais de 1,3 milhões de votos elegendo-se o deputado federal mais votado do Brasil.

Num primeiro momento, me senti um pouco constrangido porque este é o meu Estado e São Paulo a minha cidade natal. Nada de orgulho paulista!

Mas, procurei entender. Tantos são os escândalos políticos que houve nestes últimos anos, que os eleitores, sem opção segundo seu modo de pensar, elegeram Tiririca como voto de protesto em lugar de anulá-lo.

Pelo menos teremos na Câmara dos Deputados um palhaço profissional.

(Seu mandato, sob alegação de que é analfaberto, vem sendo questionado pelo Ministério Público de São Paulo)

Foto: Google Imagens