domingo, 21 de maio de 2017

UM PAÍS DOS CONSTRANGIMENTOS. A gravação, o PT, Aécio e Temer



[Pelo que soube, pelo menos, antes de fechar as portas da aeronave, não mandou uma banana para todos nós. Talvez mentalmente]

Empresários que por décadas vivem na semi-marginalidade, notórios corruptores, talvez os maiores corruptores que já atuaram no Brasil – provavelmente superam a Odebrecht -, responsáveis por obtenções e facilidades de toda ordem perante políticos e autoridades, reconhecendo o risco de prisão porque havia a ameaçá-los a Operação Lava-Jato, resolvem se resguardar.

E, nesse passo, se apresentam à Procuradoria Geral da República e iniciam um processo de delação premiada. Munem-se de um gravador e saem pelos gabinetes oficiais forçando, com um diálogo espúrio, a confissão mesmo que indireta dos incautos habituados com sua presença e suas propinas em larga escala.

Na gravação dos marginais da JBS há duas situações distintas, uma surpresa e postura imperdoável de condescendência e tolerância:

A surpresa: Aécio Neves, que descarou-se com a impertinência de pedidos de propinas, desta vez de R$2 milhões que, recheado de impropérios de habituais de botequins obscuros, pelo que, tudo indica, acabará com a sua carreira política. Nas eleições presidenciais causara espécie já não vencer no seu próprio estado, apesar da propaganda que fizera de realizações por lá. 
Um sintoma pouco considerado.

Que perca o mandado de senador e que volte para Minas (ou Rio) porque se revelara nesses episódios deprimentes, desavergonhados. E que responda criminalmente na Justiça pela prática de corrupção passiva, seja no STF, seja na Justiça Comum, de preferência, na iminência da perda do mandato.

[Pelo sim, pelo não, aguardo ansioso a defesa e as provas de Aécio de que o valor "negociado" fora um empréstimo... Logo a quem fora pedir um "empréstimo"!]


A condescendência: Michel Temer, que recebeu na calada da noite, um desses marginais em cuja gravação se constata uma “conversa mole” inacreditável, que o presidente ia engolindo como moço ingênuo, mas na testa do empresário corruptor, estava escrito que poderia haver algo mais do que queixas e insinuações contra o seu novel governo.

E Temer caiu na arapuca. Deu corda e disse o que não precisava ou o que não deveria, ainda que fosse nada mais do que tolerância à presença do falastrão.

A crise se instalou e nem poderia ser diferente pelos ânimos exaltados e pelo relativo sucesso que vinha seu governo alcançando, de modo gradual, humilhando sua antecessora impedida e o seu partido.  

Bem, o país hoje está assim, Temer será certamente investigado – a gravação deverá ser confirmada -, há notícias de pedidos de impeachment (OAB), eleições indiretas, ameaças de que o país pode entrar em novo período de paralisação e de embates políticos severos.

Agora a indefinição volta a reinar e nesse quadro, a presença do PT e de Lula cujas acusações são sempre mentirosas contra ele ou ao seu partido...verdades só as acusações aos adversários. Constitui-se, pois, num grupo desmoralizado que iniciou esse vício jamais vista de corrupção. Mas, mesmo assim, retrógrados, estão ávidos para retornar ao passado que se pensava constituir-se num episódio triste da historia.

E os brasileiros desempregados aos milhares? Certamente que a fila aumentará. Ora, os brasileiros...

Os empresários marginais, corruptores de quase dois mil políticos, de quase todos os partidos foram recebidos pelo ministro Fachin no STF, para homologar a delação, saem numa boa, há informações seguras de que venderam ações estáveis da empresa na véspera da divulgação da gravação sabendo que elas cairiam no mercado no dia seguinte e compraram milhões de dólares na baixa, para negociar a moeda na alta.

E com todos os seus privilégios obtidos com a delação, com a aquiescência e aplausos da PGR e do STF, nada de prisão, deixam esses marginais o país constrangido e sem saber qual será o rumo político-econômico nos próximos dias pelos efeitos do escândalo, embarcam num avião luxuoso da empresa que comandam e por ela corrompem, viajam aos Estados Unidos com toda a família, levando todos os lucros das falcatruas que praticaram e oficialmente toleradas.

Esses são os brasileiros da empresa de boi, os heróis das instituições.



Pelo que soube, pelo menos, antes de fechar as portas da aeronave, não mandou uma banana para todos nós. Talvez mentalmente.

Constrangimentos e dor moral pelo atual estágio de degradação política e institucional.


País triste, infeliz.