sábado, 28 de julho de 2012

LULISSES


Semana começa com o julgamento do mensalão. Lula e Maluf unidos. Administração na Petrobras: “A diferença é que você é menino e eu sou menina.” Se a terra fosse quadrada! NOTA CURTA: classe artística e os reclamos contra São Paulo.
Na semana que vem deve ter início o julgamento do processo do "mensalão" pelo Supremo Tribunal Federal.
Esse julgamento deve ser árduo e repleto de impugnações de natureza jurídica da defesa que podem atrasá-lo e permitir que caia na “vala comum” daqueles casos em que a novela cansa e cujo final não surpreende.
O PT nega o “mensalão”, mas Duda Mendonça, cuja defesa o coloca como “figura externa” do escândalo, já confessou ter recebido no exterior, R$10 milhões, remetidos por ninguém menos do que Marcos Valério o pivô do escândalo.
Nesse embate todo, o denunciante Roberto Jefferson já declarou em oportunidades várias, que Lula sabia do “mensalão”, como dele, direta ou indiretamente, se aproveitou.
Mas, Lula, num momento delicado à eclosão do escândalo, poupado – porque afinal não poderia um metalúrgico, 'fenômeno', ser posto à beira do impedimento – de modo desfaçado afirmaria “nada saber” dessa trama.
Aconteça o que acontecer no julgamento do “mensalão” haja ou não absolvição – a absolvição é algo improvável pelas provas existente - será de um modo ou outro, sempre um incentivo a futuras pesquisas históricas que confirmarão a mácula incômoda do governo Lula. “Comissão da verdade”, já ouviram falar? (1)
Curiosamente, nesse clima de incertezas que o “mensalão” já vinha produzindo, o mesmo Lula de sempre, não se poupando nem mesmo com a convalescença de sua doença, foi ao “beija-mão” de ninguém menos do que Paulo Maluf em busca de apoio de seu candidato, Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo que até agora – na sua trajetória política – pouco trouxe de relevante. Foi apenas um modesto ministro da Educação, mantido porque era um dos protegidos de Lula.
Não demoraria muito para ressurgir, por procedimentos da Justiça de Jersey a apuração da origem do depósito de US$10,5 milhões em fundos naquele paraíso fiscal, em nome de Maluf. Qual a origem desses dólares? Tudo se encaminha para confirmar que esse valor fora desvio dos cofres públicos de São Paulo que se dera em sua gestão como prefeito de 1993 a 1996.

E enquanto isso, ficamos assim: Lula, mensalão, Maluf, milhões de US$ em Jersey. Tudo muito semelhante: “coincidentemente”, um nega saber do escândalo e o outro o desvio dos recursos como sendo públicos.
Todos que se interessam um pouco pelos episódios políticos deste país – quantos sórdidos! – sabem que Lula prestigiou de modo incondicional seus aliados e correligionários.
Nestes espaços, não poucas vezes fiz criticas ao então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli que fora apadrinhado pelo Governador da Bahia, do PT e, por essa mão, assumira aquele cargo elevado na maior empresa brasileira.
A mim sempre me pareceu, embora pelas aparências e também por suas intervenções públicas, que a (in) segurança de Gabrielli se assentava nessa indicação de natureza política, com a garantia de Lula.
Dilma Rousseff, ainda tímida em desfazer a estrutura deficiente montada por seu padrinho, finalmente agiu, tardiamente, é verdade, na Petrobras, exonerou Gabrielli guindando ao mais alto posto da empresa a funcionária de carreira, engenheira química Maria das Graças Foster.
Assumindo, afastou quatro diretores da estatal, procede a rigorosamente revisão dos contratos firmados por seu antecessor a par de estabelecer metas mais realistas, viáveis.
Mal-estar entre o antecessor e a sucessora quanto aos métodos de administração que passaram a ser mais sóbrios com Graças Foster, dissera ela a Gabrielli há alguns dias numa solenidade na Bahia tentando amenizar a desavença:
“A gente é amigo (...) A diferença é que você é menino e eu sou menina.” (2)
Se fosse só isso...
Esse são apenas alguns pontos do perfil político de Lula e da sua tolerância com o “mal-feito’ (valendo-me da expressão de Dilma) que o povão com sua renda do “bolsa família” desconhece e, por conta de tudo, não se interessa.
Finalmente uma intervenção folclórica de Lula num simpósio de sustentabilidade há uns dois anos, cujo vídeo vai e volta nas mensagens pela internet.
Aquele no qual reafirma que a terra é redonda, mas se fosse quadrada...
Disse ele, mantendo a forma original:
“Freud dizia que tem algumas coisas que a humanidade não controlaria, uma delas era as intempéries,
...essa questão do clima é delicada porque o mundo é redondo. Porque se o mundo fosse quadrado, tábua retangular e se a gente soubesse que nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá, sabe. Mas, como o mundo gira a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído, a responsabilidade é de todos.”
Ora, direis, apenas um ato falho. Freud explica...
(Vídeo no final do texto)

NOTA CURTA:
Os desafetos de São Paulo:
A colunista Sonia Raça noticiou um jantar oferecido à classe artística pelo diretor de teatro Jorge Tacla, nos Jardins, para auxiliar a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo. Num certo trecho, se lê:
“Waldir Carrasco, autor do remake de Gabriela, lembrou que São Paulo não é mais o polo de audiovisual. “Está tudo no Rio”. A dramaturga e atriz Mara Carvalho, ex de Antonio Fagundes, subiu o tom: “Você quer construir um teatro e a Prefeitura não dá alvará”. Já Castelli quis saber de segurança “para o cara que comete crimes não dar tapa na nossa cara e sair rindo da delegacia”. (2).
Ora, ora, todos para o Rio de Janeiro, então, Cidade Maravilhosa onde podem ser produzidos audiovisuais, obtidos alvarás e não há bifas na cara dada pelos marginais na saída da delegacia.
Aliás, há pouco um especialista em segurança entrevistado na Globo News, referindo-se à violência crescente na capital, disse que São Paulo pertence ao Brasil.
Não disse “infelizmente”.
Epa!

Legendas:
(1) V. meu artigo “O julgamento do mensalão” de 10.06.2012
(2) Jornal “O Estado de São Paulo” (“Graça descontrói gestão de Gabrielli na Petrobras) de 22.07.2012
(3) Idem de 27.07.2012 (“Direto da Fonte” – Sonia Racy) 

sábado, 21 de julho de 2012

QUEIMA DA CANA: UMA DECISÃO “ECOLÓGICA”


                
Decisão da Justiça Federal de Piracicaba, com fortes timbres ecológicos, se apresenta como um clamor pela preservação ambiental, a partir da proibição da queima da palha da cana. Decisão importante: que faça o Judiciário aquilo que se omitem as autoridades ambientais.

A região de Piracicaba, a 170 quilômetros de São Paulo prosperou muito: sua indústria metalúrgica, de veículos pesados e em poucos meses de autos, canavieira, seu comércio, sua boa rede hoteleira...e por aí vai.
Nessa região, há fortes redutos turísticos, como as cidades de Água de São Pedro e São Pedro, a cerca de 30/37 quilômetros da cidade de Piracicaba.
Porém, Piracicaba, principalmente, por cerca de seis meses no ano, nas épocas de inverno com baixa umidade do ar, é invadida por nuvens de fuligem provenientes de queima da cana, um método atrasado que se pratica na região. Desse modo, as ramas são conduzidas por treminhões sem folhas, facilitando o trabalho nas usinas e reduzindo custos.
Há algum tempo, de São Pedro, duma chácara, tive oportunidade de enxergava ao longe o clarão da cana sendo queimada em grandes proporções pelos lados da cidade de Charqueada que também compõe a região de Piracicaba. 
E essa “chuva” de fuligem é diária, infestando quintais, residências e, claro, os pulmões dos que estejam mais perto dela.
Claro que para os representantes da indústria da cana, sempre se ouvem discursos equivocados, num certo grau de descaso, já se alegando nesse âmbito que os resíduos da cana queimada não seriam danosos à saúde.
Essas divergências se acentuam nas épocas de colheita–queima e diminuem quando ela se encerra.
Pois bem, havia, como há, acomodação das autoridades ambientais nessa matéria, até que a juíza da 2ª Vara Federal de Piracicaba, Daniela Paulovich de Lima proferiu em Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Federal importante decisão concedendo tutela antecipada (liminar), proibindo a queima da cana na região. (1)
No detalhamento da decisão, não parece ter esquecido a juíza nenhum dos aspectos danosos dessa prática à saúde humana e ao meio ambiente, compreendo fauna e flora.
Com efeito, na abrangente decisão se lê:
“...reconheço estar presente o requisito da urgência, necessário para a concessão da antecipação da tutela, uma vez, que a continuação da queima controlada da palha da cana, já iniciada nesta safra, vem causando e causará danos irreparáveis a toda a população da região abrangida pela subseção de Piracicaba e que está continuamente sob a ação dos resíduos da referida queimada há anos. Além disso, onera o SUS que fica sobrecarregado com o atendimento da população doente em decorrência dos resíduos da queima da palha da cana, bem como causará dano irreparável a fauna e flora atingidas pelas queimadas como demonstrado na inicial.”
Foi, porém, na questão ecológica, sem esquecer que, afinal, o ser humano faz parte dela e também paga por seus danos, que a juíza acolheu o argumento de que a queima da palha da cana afeta o próprio Rio Piracicaba, símbolo e orgulho da cidade e sua bacia hidrográfica, “com reflexos contundentes sobre a qualidade dos recursos hídricos indispensável a um número elevado de pessoas e indeterminado de espécimes da fauna e da flora.”
Nessa linha de ideias, foi exatamente na fauna que a juíza demonstrou forte sensibilidade:
A queima produz “... danos à fauna e à flora, eis que o uso do fogo chega a provocar nas áreas submetidas à prática das queimadas temperaturas superiores de até 800ºC, expondo de maneira direita e incontrolável espécimes da fauna silvestre ou não, ameaçados de extinção ou não, que habitam os canaviais e áreas adjacentes à morte cruel por carbonização ou asfixia, bem como a graves ferimentos por queimaduras e atropelamentos decorrentes de fuga das áreas atingidas para as vias rodoviárias próximas...”
Não poucos artigos tenho escrito de modo até emocional quando tratei da queima de imensas áreas de florestas, porque ela significa o fim de espécies vegetais cuja composição é ainda desconhecida e poderia conter elementos medicinais mas, principalmente, pela crueldade com os animais que fazem da floresta seu lar e o seu modo natural de sobrevivência e que são dolorosamente exterminados.
O consolo é que cresce o contingente nestes tempos de devastação e desrespeito ambiental que se preocupam também com a fauna, pelo que mui meritória a explanação da juíza nesse tema.
No que se refere propriamente à queimada de matas, da qual deriva a queima da cana, lembra a juíza, do escritor Sérgio Buarque de Holanda, transcrevendo trecho do seu livro “Raízes do Brasil”:
"Mostra-se neste trabalho como o recurso às queimadas deve parecer aos colonos estabelecidos em mata virgem de uma tão patente necessidade que não lhes ocorre, sequer, a lembrança de outros métodos de desbravamento. Parece-lhes que a produtividade do solo desbravado e destocado sem auxílio do fogo não é tão grande que compense o trabalho gasto em seu arroteio, tanto mais quanto são quase sempre mínimas as perspectivas de mercado próximo para a madeira cortada. (pg. 67)". Aos índios tomaram ainda instrumentos de caça e pesca, embarcações de casca ou tronco escavado, que singravam os rios e as águas do litoral, o modo de cultivar a terra ateando (fogo) primeiramente aos matos." (pág. 47)"
Essa barbárie não passou despercebida do próprio Euclides da Cunha nos seu “O Sertões” que também explana sobre o processo quando trata da “terra” em sua obra, referindo-se sobre as técnicas dos “fazedores de desertos”, texto que já me vali em outros artigos:
"Esquecemo-nos, todavia, de um agente geológico notável – o homem. Este, de fato, não raro reage brutalmente sobre a terra e entre nós, nomeadamente assumiu, em todo o decorrer da história, o papel de um terrível fazedor de desertos. Começou isto por um desastroso legado indígena. Na agricultura primitiva dos silvícolas era instrumento fundamental – o fogo".
E com as queimadas, imensas áreas de "flora estupenda" foram e vão sendo dizimadas sobrevindo o deserto.
Disse mais Euclides da Cunha:
“Durante meses seguidos viram-se no poente, entrando pelas noites dentro, o reflexo rubro das queimadas.
Imaginem-se os resultados de semelhante processo aplicado, sem variantes, no decorrer dos séculos...” (3)
Na Amazônia e outras regiões há imensas áreas degradadas por esse processo insano, clamando por urgente restauração.
Por tudo isso, julgo importante a decisão de uma juíza federal do Interior de São Paulo, um clamor que obteve repercussão nacional, pela sua abordagem profunda e sensível sem renunciar à técnica jurídica. Trata-se de decisão extensa que poderá ser encontrada na íntegra no portal do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. (4)
A decisão impõe medidas para seu cumprimento e multa diária por descumprimento.
Que faça o Judiciário aquilo que os órgãos públicos não fazem e se omitem normalmente por conta de “jogos de interesse”.
Já há um monumental atraso para um basta nessa irresponsabilidade predadora.

Legendas:

(1) São Réus na ação: Estado de São Paulo, Cetesb - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis;
(2) Cia das Letras, 16ª edição;
(3) “Os Sertões” de Euclides da Cunha - Livraria Francisco Alves, edição de 1952
(4) Processo n° 0002693-21.2012.4.03.6109 da 2ª Vara Federal de Piracicaba.

domingo, 8 de julho de 2012

PARTÍCULA “DE DEUS”



A partícula “de Deus” terá significado para a Humanidade nestes tempos conturbados? O sentido do “bóson de Higgs”. Tema difícil para o leigo. A imensidão do Universo: o “big bang”. A essência da vida insondável. Uma reflexão a partir do filme “2001, uma odisseia no espaço”.




Desde logo, a partícula não deveria ter esse nome. Ela fora chamada de “partícula maldita”, não porque trouxesse alguma maldição implícita, mas porque em teoria ela existia, mas não era encontrada, vista. A “partícula maldita” (Goddamn Particle) fora assim batizada pelo físico Leon Ledermann num livro que escreveu sobre o tema. O seu editor recusou o título, convencendo o físico a mudar o título do livro para God Particle.
Eis que nesta semana, em manchetes, a mídia em geral divulgou a sua descoberta sem aprofundamento quanto ao sentido da referida partícula, o seu alcance, salvo para informar que ela poderia escrever ou descrever toda a matéria visível no Universo.
Essa descoberta se deu em experiências num gigantesco acelerador de partículas, denominado “Grande Colisor de Hádrons” de 27 quilômetros de circunferência, construído na fronteira entre França e Suíça a 175 metros no subsolo, nas proximidades de Genebra. O anúncio estrondoso partiu do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN).
Seria ele o “bóson de Higgs”, do nome do físico Peter Higgs que teria, em teoria, percebido a sua existência. As dificuldades para explanar de modo sintético: “Partícula que ajuda a explicar como o mundo em nossa volta possui massa” – “massa”: quantidade real de matéria num objeto.
Será preciso aguardar se essa partícula é autêntica considerando possíveis contaminações da experiência.
O estranho nisso tudo é que Peter Higgs é ateu pelo que impróprio o batismo da partícula como sendo “de Deus”.
Não sei se do ponto de vista da “vida” no planeta, alguma coisa mude com a descoberta dessa partícula, salvo um poderoso verbete nas enciclopédias virtuais, além das comemorações. Afinal, com todas essas experiências e descobertas fantásticas, habitamos um planeta desigual, semidevastado, violento, belicoso – bombas atômicas foram êxitos a partir da física – longe de ser considerado “civilizado” naquela acepção mais elevada do termo.

Variações do tema

Por outra, com frequência, nessa linha de busca de explicações aos mistérios do Universo insondável, acima da compreensão pela mente humana, bate-se pelo “big bang”, pelo qual eclodira toda essa imensidão que nos encanta e nos assusta.
(Sobre o “big bang” já escrevi crônica: “Stephen W. Hawking e minhas implicâncias” de 05.09.2010). (*)
Meditando sobre essa nova descoberta me vem à mente o "partículas" do filme “2001- Uma odisseia no espaço” de Stanley Kubrick cujo roteiro contou com a participação do escritor de ficção Arthur C. Clarck.
No filme, nos momentos cruciais de conquistas humanas, havia a marcá-las o aparecimento de um monólito negro que surge quando os ancestrais selvagens do homem se descobrem guerreiros e carnívoros, como se a violência fosse uma semente maldita incrustada no seu coração.
Agora, no limiar do novo século, um salto no tempo, "Danúbio Azul" de Johann Strauss, música de fundo como fonte de harmonia e leveza, diante dos milagres da tecnologia com estações espaciais flutuando no espaço.
Eis que um elemento magnético chama a atenção dos cientistas que rumam para a Lua, onde havia uma base. O monólito lá está e pôde até ser tocado. Mas, à tentativa de uma fotografia do misterioso elemento, eclode um zunido ensurdecedor tão misterioso quanto ele.
Estabelecera-se, então, uma viagem interplanetária para Júpiter, cuja nave seria toda controlada por um computador poderosíssimo, o Hal 9000, infalível, revelando "sentimentos", especialmente o da arrogância.  Ameaçado de ser desconectado, depois de um erro inexplicável, tornou-se rebelde e assassino sendo por fim desligado.
Próximo a Júpiter é dado ao único sobrevivente da missão, o capitão Dave, assistir ao magnífico espetáculo de cores e imagens como num gigantesco calidoscópio.
Nessas imagens, ocorre a explosão harmoniosa da criação num só processo, tanto do macrocosmo, o Universo, como do microcosmo, o homem.
Dave já fora da nave surpreende-se com um ancião em plena refeição – não mais os alimentos sintéticos, mas os "tradicionais". O velho era ele. Significativo que para mostrar seus atos falhos (humanos) derruba uma taça ...de água.
Por fim, o fenômeno da morte. E nesse momento à sua frente lá está o monólito negro. Dave, já sem forças ergue os braços na tentativa de tocá-lo mas não consegue. O monólito, como se fora uma porta se abre e no espaço, está a Terra, a figura de um feto, significando nesse jogo de imagens a "Terra mãe". E assim, a criação intimamente ligada à força do Universo e o renascimento, representado pela sua transformação num embrião.
O filme não fala em Deus ou em religiões, mas há muito de místico daí porque suscitar diversas interpretações, algumas, possivelmente, muito além daquilo que os próprios autores imaginaram.

O que pretendo transmitir com tudo isso? Que por mais que a ciência avance, há sempre um monólito novo a ser desvendado. Muito pode ser desvendado pela Ciência, pela Física, mas não a essência do ser humano...
Se nem isso conseguimos, como pretender desvendar o Universo e seus mistérios a partir de um...”big bang”!  
A  partícula recém-descoberta, pois, se insere nesse princípio que, no fundo, pouco desvenda. Quantos monólitos ainda se materializarão à nossa frente nos empurrando para novas descobertas? Infinitos.
(*) “Temas Livres” de 05.09.2010


Imagem:
Modelo de produção de bósons de Higgs na experiência de colisão de dois prótons.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O AQUECIMENTO DO CLIMA, SIM E NÃO...


Seriam um equívoco os estudos que defendem o aquecimento global pela emanação de CO2 em excesso na atmosfera, provindos da queima dos combustíveis fósseis e queima de florestas? Tudo seria um equívoco, verdadeiro terrorismo climático?


(Este artigo complementa o de 25.06.2012, “A Rio+20 passou. E agora”).

Os Estados Unidos, na região oeste, vêm enfrentando incêndios florestais gigantescos. A propagação dessa catástrofe ambiental, na opinião do professor Michael Oppenheimer, da Universidade de Princeton, seria “uma janela para o que o aquecimento global realmente se parece”. (1)

Essa opinião do americano tem a ver com o “calor extremo na região, que tem facilitado a propagação do fogo”, fenômeno que se alinha com projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.

Por outra, no Colorado, em Montana e Utah, diz a notícia, “a quantidade de neve ficou abaixo dos níveis normais e o gelo derreteu rapidamente, antecipando a temporada de incêndios”.

Nesse desarranjo, qualquer fonte de ignição pode propagar tais catástrofes e, pior, a saúde é afetada pela fumaça espessa: “A poluição pode atingir níveis bem piores que em lugares como a cidade do México e Pequim”, argumenta Howard Frumkin, especialista em saúde da Universidade de Washington. (1)

No que se refere aos efeitos da poluição sobre os oceanos, cientistas afirmam que os seus níveis se elevarão de modo gradativo mas irreversível mesmo que as emissões poluentes diminuam.
“Há vários estudos que mostram o papel dos gases de efeito estufa no aumento da temperatura do planeta. Esses gases foram responsáveis pelo aumento de 0,17°C por década de 1980 a 2010 e pelo aumento de 2,3 milímetros do nível do mar por ano de 2005 a 2010.” (2)
Mesmo que a elevação desses níveis pareça irrisória, todos esses estudos têm como causa a poluição - a emissão em larga escala do CO2, agravando o "efeito estufa".
Verifica-se, pois, espécie de consciência mundial que ressalta os efeitos dos poluentes produzidos por várias fontes que estariam, mesmo, afetando a temperatura do clima a ponto de tornar mais constantes, como reação, as tragédias ambientais em pontos diferentes do planeta.
Há, porém, uma corrente de estudiosos que pensa diferente e se coloca em oposição à relação entre as emanações de CO2 e o aquecimento global. Sintetizando:
1.) Os cálculos matemáticos que revelam as previsões de mudanças climáticas são simplistas;
2.) Há 5.000 anos, a temperatura média era 3° mais elevada do que hoje (quem mediu?);
3. ) A “descarbonização” da economia é desnecessária, porque são ignorados fatores astrofísicos e atmosféricos naturais;
4. ) O clima vai esfriar até 2030 e não esquentar isso por conta da “baixa atividade solar” do oceano Pacífico, pelo que as projeções sobre o aquecimento são alarmistas. (3)
Um climatologista que vem sendo ouvido pela mídia, é Luiz Carlos  Molion, da UFAL – Universidade Federal de Alagoas. Suas opiniões são as seguintes, destacando o que disse em recente entrevista:
a.) O aquecimento entre 1912 e 1960 se deu pelo aumento da atividade solar e pouca erupção vulcânica – “as erupções reduzem a temperatura da Terra” (!)
Mas, diz ele, “o terrorismo climático aumentou”;
b.) Seus pareceres e artigos contraditando a teoria do aquecimento climático não são aceitos pelas publicações científicas; espaços somente os que defendem o aquecimento global;
c.) O petróleo não vai acabar porque há resevas petrolíferas  como o pré-sal em todo o planeta, mas será cara a extração; porém, o enxofre que emana do carvão mineral e do petróleo é altamente tóxico;
d.) Não faltará água no século 21 porque 71% do planeta são formados por água mas se ela for poluída, ficará mais cara;
e.) O IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas: “Há quem diga que a ideia da ONU é ter uma governança global. Não duvido” (3)
Quanto à água, é sempre possível a dessalinização dos mares. Quanto à ONU ter uma “governança global” pelo controle climático é uma notória bobagem. O que controla hoje a ONU?
 Nessa linha de certo desdém e soberba em relação aos estudos que defendem o aquecimento global pelo CO2, a teoria de que esses poluentes nada significam, pode abrir flancos altamente indesejáveis: a queima de florestas para “instalação” de gado nas áreas devastadas. Afinal, o CO2 emanado das imensas fogueiras florestais, também não afeta o clima. Ressalva apenas à queima do carvão mineral, por ser tóxico.
 E com esses elementos, os predadores de plantão, ávidos pelo lucro dentro daquela teoria de “Brasil, celeiro do mundo”, “alimento barato” e outros chavões até demagógicos que se repetem por aí, perdem a compostura e partem com mais vontade para a devastação irresponsável.
Dai imensas áreas degradadas, abandonadas, sem a necessária recomposição florestal.
Queimem-se combustíveis fósseis a vontade que não vão faltar, apenas ficarão mais caros. A água não vai faltar mesmo que se avancem sobre rios, nascentes e cursos d'água por conta do desflorestamento. E a lembrar que em pleno século XXI seja ela escassa em imensas regiões do planeta e até mesmo no Brasil..
Um prato cheio para os economistas que não veem a floresta como patrimônio da humanidade com suas riquezas medicinais e fauna, mas uma região a ser “conquistada” de tal ordem que seja convertida em dinheiro.
E o mais rápido possível.
Quero concluir, apelando aos cientistas preocupados com o aquecimento global que estaria ocorrendo nestas últimas décadas - e estou mui propenso a acreditar nisso -, que saiam a público para explanar com a mesma simplicidade, a validade e a segurança dos seus estudos.
 Legendas:
(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 1°.07.2012
(2) idem de 03.07.2012
(3) Compilado do “Jornal de Piracicaba” de 28.06.2012

Foto:

Poluição em São Paulo (http://saopauloestado.blogspot.com)