terça-feira, 30 de novembro de 2010

MINISTÉRIO DE DILMA: A INFLUÊNCIA DE LULA

A manutenção de diversos nomes do ministério de Lula permite entender que pouco mudará no governo Dilma. Efeito “Sarney” que “assumiu” o ministério de Tancredo ao falecer este. Revisão da política externa. As drogas e armas que passam nas fronteiras do Brasil.


Durante a campanha eleitoral, temia que a vitória de Dilma Rousseff fosse de continuidade do governo Lula que fazia e faço ainda restrições.

Venceu Dilma e seu discurso que se refinara durante a campanha, soou bem positivo quando sua vitória se tornara irreversível.

Era esperar, então, as modificações que faria a partir do seu ministério que se esperava, fosse o “seu ministério”.

Mas, as coisas não estão caminhando assim. Até agora, no que se referem às peças chaves, os nomes anunciados são do seu padrinho político, sinal de que pouco mudará.

Posso admitir que estaria ela constrangida em encontrar nomes diferentes – o que não é fácil nas hostes do PT, é de se reconhecer – poderia ser interpretado como questionamentos ao governo de seu padrinho, ainda que de modo sutil. Afinal, jamais se vira neste país tantos “êxitos”, em todos os setores.

É que para Lula, não há passado anterior aos seus mandatos.

Parece-me que um dos pontos desastrosos do governo Lula – Dilma está na política externa.

Aquela cena memorável de Lula erguendo a mão do iraniano Ahmadinejad comemorando um acordo no qual se anunciara que a produção nuclear iraniana seria “para fins pacíficos”, determinando-se, então, que o enriquecimento do urânio não se daria naquele país, mas na Turquia. Mas, as intenções não eram bem essas. Parte do material continuaria a ser refinado no Irã e até hoje há sérios indícios de que pretende o Irã é produzir a bomba nuclear. Afinal, ao negar o holocausto e defender o extermínio de Israel, só mesmo tendo aquela arma em seu arsenal

Ademais, um país obscurantista que condenara mulher acusada de adultério ao apedrejamento público. Lula oportunista oferecera abrigo à condenada Sakineh Ashtiani aqui no Brasil, mas o Irã, é claro, não aceitara liberá-la.

Por fim, o cúmulo: recentemente o Brasil recusou-se a apoiar resolução da ONU que exatamente condenava o apedrejamento. Ficou a grande potência emergente da América do Sul ao lado de Cuba, Sudão. Síria e Líbia...

Para piorar há os pensamentos impensados de autoridades brasileiras como é o caso do ministro da Defesa Nelson Jobim e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal. Disse ele sobre essa barbárie praticada no Irã: "Essa questão de direitos humanos é ocidental" e “são hábitos”, aos quais não devemos nos intrometer.

E essa posição esdrúxula para quem foi ministro da mais alta Corte Judiciária do Brasil se contrapõe ao próprio posicionamento da sua futura chefe:

“Acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento de Sakineh. Mesmo considerando usos e costumes de outros países, continua sendo bárbaro”.

A imprensa informa que Dilma mudará sua postura com o Irã, pelo menos se recusando a erguer a mão de Ahmadinejad, uma das cenas mais patéticas e ingênuas que se conhece, praticada por seu padrinho.

E Jobim continuará sendo ministro da Defesa, nessa linha de manter o “status quo” lulista.

Há outro nome difícil de ser digerido, por falta de méritos na sua posição de assessor internacional especial: Marco Aurélio Garcia. Sua missão será a de (continuar) a integração do Brasil com os países vizinhos da America do Sul.

Na época da campanha eleitoral, num dado momento José Serra dissera que a maior parte da cocaína vendida no Brasil, proviria da Bolívia cujo governo faria “vistas grossas” sustentado esse comércio ilegal.

Reações:

De Dilma Roussef: “Serra demoniza Bolívia”;

De Marco Aurélio Garcia: (Serra) “exterminador do futuro” da política externa brasileira.”

Hoje o país inteiro tece loas à ação policial-militar que se dá nos morros cariocas, proclamando-se a própria libertação do Rio de Janeiro.

Os traficantes, como esperado, fugiram pelos esgotos dos morros e agora todos sorriem e comemoram aliviados. O poder paralelo fora exterminado.

Mas, me permito perguntar: de onde provêm essas toneladas de drogas encontradas nos esconderijos dos traficantes? Qual a logística para que lá chegue (ou chegava)? De onde provêm as armas de grosso calibre empunhadas por esses marginais?

Por quais fronteiras são elas transportadas? Fácil responder.

Não há como, em nome da boa vizinhança, tolerar esse comércio danoso, além do contrabando paraguaio tolerado e tudo o mais de promíscuo que se dá nessas divisas.

As fronteiras estão a exigir medidas tão drásticas e permanentes como as ações que se dão nos morros cariocas nestes dias.

Essas ações tão urgente – e não se trata de demonizar a Bolívia – constituem-se estratégia que pode afetar aos “boas relações” entre o Brasil e os vizinhos latino-americanos afetados.

E daí se isso se der? Aliás, o Brasil já foi humilhado pela Bolívia no episódio das desapropriações de instalações da Petrobrás naquele país. E com exército e tudo. Os bolivianos não pensaram nas “boas relações de vizinhança”, mas nos seus interesses.

Haveremos que agir do mesmo modo. Mas, tenho dúvidas quando se constata que os interlocutores permanecem os mesmos.

Pelos nomes que estão sendo mantidos (postos chaves) parece que se repetirá com Dilma o que se dera com Sarney após a morte de Tancredo Neves que “assumiria” todo o ministério escolhido pelo presidente que falecera às vésperas da posse.

"Rei morto, rei posto."

E isso não é bom para certas mudanças que eram esperadas com sua vitória.



Foto: "Ponte da Amizade Brasil - Paraguai" (Google)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

RIO DE JANEIRO – AEROPORTOS – DEFICIÊNCIAS DO BRASIL


O Rio de Janeiro espanta os ratos de suas tocas. Para onde se instalarão daqui a pouco? O estágio deficiente dos aeroportos brasileiros. As medidas que tardam para as soluções. O risco do constrangimento por ocasião da Copa de 2014.

A ideia era fazer um apanhado geral dos aeroportos brasileiros, levando em conta o crescimento da demanda pelas viagens de avião, contrastando com a visível falta de iniciativas que encaminhem soluções que reclamam urgência.

Mas, antes, farei um desvio para tecer breve comentário sobre o que se passa nestes dias no

Rio de Janeiro:

“Há males que vem para bem”, diz aquele velho provérbio. A explosão da violência e ousadia dos traficantes provocaram a inevitável e dura ação policial com todos os seus recursos, de tal ordem a desmantelar os redutos dos bandidos que dividem o poder no Rio de Janeiro, um poder paralelo!

As forças de pacificação nas favelas deram certo mesmo – o mote da campanha do governador reeleito?

É que, como os ratos, desmanteladas as tocas eles se espalham e se readaptam. Estou só preocupado com essa “readaptação” para dias futuros. São Paulo pode se constituir numa opção para novas tocas.

Antes de tudo será preciso enfrentar o comércio ilegal de armas que abastece os traficantes. Não há mais tempo de condescendências com os países de onde provém o contrabando, mesmo os vizinhos. O mesmo se dá com as drogas. Nós aqui convivemos com essa barbárie e lá, de onde provêm as armas, “agentes” contam os dólares amealhados, o lucro fácil que de longe a tudo assistem sem serem molestados.


Os aeroportos:

Muitos são aqueles com estrutura mínima mesmo assim, têm intenso movimento, como é o caso, por exemplo, do aeroporto de Brasília.

Alguns se confundem com estações rodoviárias, com estrutura modesta que não suportarão um fluxo “profissional” de pousos e decolagens.

No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, há momentos em que se formam filas de aviões em operação de decolagem. No limite.

O mesmo se dá com o de Guarulhos para onde é dirigida a grande maioria dos voos internacionais, tumultuando à exaustão tantos os que chegam como os que partem.

Não disse nada de novo.

Mas, aí, para acordar as autoridades brasileiras da letargia e da inércia, alguém de fora descarrega o verbo. Refiro-me a Giovanni Bisignani, diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), que disse sem meias palavras que o Brasil precisa resolver os problemas de infraestrutura dos aeroportos para não passar por um "constrangimento nacional" durante a Copa e a Olimpíada.

"O País é a maior economia da América Latina e a que mais cresce, mas a infraestrutura de transporte aéreo é um desastre de proporções crescentes", disse Bisignani em encontro de presidentes e diretores de companhias aéreas organizado pela Associação Latino Americana e Caribenha de Transporte Aéreo (Alta) na Cidade do Panamá.”

E disse mais:

“Treze dos vinte maiores aeroportos não conseguem acomodar a demanda nos terminais de passageiros existentes, e a situação é crítica em São Paulo, maior hub internacional da região", disse, referindo-se ao Aeroporto de Guarulhos.” (1)

Uma tentativa de “tapar o sol com a peneira” partiu do ministro da Defesa, Nelson Jobim que de modo canhestro considerara tais declarações “terrorismo” e que “a Iata só defende o ponto de vista das empresas e não dos passageiros.”

Dá para levar a sério uma reação dessas?

Para saber o que se passa nos vários aeroportos, haveria o ministro que se valer em suas viagens, dos aviões de carreira e não os da FAB com todos os privilégios que possui.

Claro que as afirmações oportunas do dirigente da IATA sacudiu a ANAC que saiu a campo tentando proibir o overbooking no fim do ano como paliativo para evitar o caos de anos passados. Vamos torcer para que o vexame e o tumulto não se repitam.

Nesse meio tempo, já racionalizando as críticas do diretor-geral da IATA, reagiu o ministro dos Esportes Orlando Silva:

"Imagino que a Infraero terá de alterar totalmente a conduta, o comportamento, a atitude, ter uma atividade completamente diferente da que teve até aqui, sob pena de oferecer constrangimentos à realização do Mundial de 2014". É preciso que a própria Infraero mude a postura. Ou anda mais rápido, ou o Brasil pode passar por constrangimentos".

E a esse comentário, há o seguinte esclarecimento:

“Num Mundial realizado em 12 cidades, com distâncias entre elas tão longas como os 4.500 quilômetros de Porto Alegre a Manaus, sem ferrovias e com estradas precárias, o tráfego aéreo das equipes, mídia, torcedores e dirigentes será fundamental para uma organização bem-sucedida da Copa e também da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.” (2).

O trem-bala defendido pela futura presidenta não estará pronto para a Copa de 2014. Talvez para as Olimpíadas de 2016, um recurso importante para desafogar o Rio de Janeiro naqueles dias que tumultuarão a cidade por completo.

As medidas nos aeroportos, porém, são necessárias para os dias de hoje de tal sorte a suprir a demanda atual porque os passageiros são desrespeitados pela realidade da maioria deles. Imaginem se, mantida essa lentidão de atitudes, o quê enfrentaremos à medida que se aproximar a Copa do Mundo.

Como se vê, não é por falta de aviso e até de advertências.

Referências:

(1) “O Estado de São Paulo” de 19.11.2010

(2) “O Estado de São Paulo” de 22.11.2010

domingo, 21 de novembro de 2010

RESENHA AMBIENTAL

Devastação no Cerrado. Os prejuízos ambientais das queimadas das florestas. A urgência de medidas para reduzir os gazes que produzem o efeito estufa. A barbárie contra os animais. O consumo de carne e a pauta da ONU. Vegetarianismo e preservação ambiental.

A manhã começara mal-humorada

Não bastara o café adocicado

Algo no jornal me deprimira

Uma notícia cruel e malvada.

Mas, ai um bem-te-vi

Na janela me avisou que me vira

Eu também te vi vigilante passarinho.

Encontro seus olhinhos entre as tiras da cortina.

Creio que há algum ninho nos vãos de ar condicionado, por ali.

A vida ainda se renova, bem vi.

Até quando, meu querido amarelinho estridente, até quando? (1)


Muito já escrevi sobre a preservação ambiental, neste e em outros espaços. Se clamo no deserto, não sei. Só sei que continuarei clamando seja aonde for.

Diante disso, faço uma resenha de aspectos importantes de tudo o que vem sendo noticiado e debatido nos últimos meses sobre o tema, de tal modo que seja pauta até para o novo governo que vem vindo de quem, passado o debate e a luta política, só me resta ter esperanças. Já se constata, todavia, manifestação partidária normalmente nefasta para os interesses do País. Mas, sobre isso, adiarei qualquer comentário. Estamos vivendo espécie de vacância onde um poder se estrutura e o outro pensa nas vantagens que poderá auferir nisso tudo.

Vamos, pois, à “resenha ambiental”, de modo ameno mas sem abdicar da seriedade que contém.

I

“O Cerrado, aqui do Brasil, já foi devastado em 50%. Até 2004, 60 fornos de carvão – no que se converteu a vegetação do Cerrado – abasteciam siderúrgicas de Lagoa Santa, em Minas Gerais.”

É possível imaginar uma coisa grotesca dessas, tal absurdo?
O Cerrado, “pode ser chamado de “caixa d’água do continente sul-americano”, por captar águas pluviais que abastecem nascentes e formam rios nas bacias do Amazonas, São Francisco, Paraná e Tocantins...” (2)

E embora os tais fornos fossem desativados, a agropecuária constitui-se numa ameaça ao desmatamento continuado do Cerrado e o risco à fauna rica que lá (sobre) vive.

Estamos criando, no Cerrado e na Caatinga, novos desertos, terra estéril e improdutiva que não absorve o calor como fazem as matas.

Essas barbaridades não são um despautério brasileiro, porque

“Olhando uma imagem de satélite da Rússia, pode-se ver uma vasta extensão de terra áridas onde há décadas havia uma vegetação luxuriante. Eu me refiro à República da Calmúquia, que abriga o primeiro deserto produzido pela ação humana da Europa e reconhecido como tal nos anos 90.” (3)

Isso para ficar apenas num caso no Exterior para ser “solidário” com nossa inconseqüência continuada, nossa política antiambiental.

II

“Estamos sentados num baú de ouro e não sabemos o que fazer com ele”, disse ontem o gerente de conservação da biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Braulio Dias. O baú de ouro, no caso, é a biodiversidade brasileira – que é a maior do mundo, mas fica um pouco menor a cada dia, com o avanço do desmatamento em todos os biomas. “Não sabemos aproveitar essa riqueza. E pior, estamos queimando-a”, completou Dias, em referência à onda de queimadas que sufoca o País há mais de um mês. (...) Segundo Dias, falta apoio financeiro e político para o desenvolvimento de atividades que permitam explorar economicamente os recursos biológicos do País – em vez de simplesmente substituir florestas e savanas por monoculturas de grãos e bois, como ocorre na maioria das vezes. (...) O orçamento do ministério, segundo ele, é insuficiente para garantir a conservação e promover o uso sustentável das espécies e dos biomas brasileiros. “Não temos dinheiro nem equipes técnicas suficiente para fazer frente a esse desafio.” (4)

Resolvi transcrever parte do desabafo do servidor do Ministério do Meio Ambiente porque me pareceu sincero naquele período de queimadas imensas e devastadoras.

Deixou escapar as dificuldades de seu Ministério e os recursos limitados para levar a frente essas pesquisas tão importantes.

Esta aí a esperança: quem sabe governo novo não olhe com mais atenção a preservação ambiental aí incluído esse “baú de ouro”.

III

Mas, a despeito disso e da minha voz tão sem eco, já fiz campanha e continuo fazendo, de enfeitar as estradas na sua área divisória de pistas, como é o caso da maioria das estradas do Estado de São Paulo, plantando em espaços regulares mudas de hibisco (mimo) nas suas várias cores como forma de, também, “humanizar” o trajeto.


Pequenas medidas que servem como exemplo ecológico.

IV

“Uma queimada para renovação de pasto no Pantanal de Mato Grosso do Sul carbonizou um número ainda não estimado de ninhos com filhotes de araras, papagaios, periquitos e maritacas que, nesta época do ano, estão nos primeiros dias de vida. Também morreram queimados mamíferos, cobras e lagartos, conforme constataram soldados da Polícia Militar Ambiental em uma área de 2240 hectares consumidas pelo fogo.”

Diz mais a notícia: a queimada de mato seco ficou sem controle, significando que “a maior destruição da fauna e da flora aconteceu em áreas de preservação permanente”
O proprietário, mais que irresponsável, foi multado em R$2 milhões, “a maior multa aplicada a uma única ocorrência do gênero pelo Estado até agora.” (5)

V

Tempo escasso para recuperação. Há os pessimistas conscientes. O diplomata Rubens Ricupero tem a seguinte opinião sobre a devastação ambiental: “Temos um horizonte curto, de oito ou dez anos, para conter a emissão de gazes que provocam o efeito estufa. Os mais otimistas falam em 15 anos. Se não fizermos o necessário nesse período, o processo torna-se irreversível. Desses 10 ou 15 anos para a frente, mesmo que se faça tudo direitinho, não adiantará mais. Haverá um encadeamento de efeitos, um engatando no outro”. (6).

Nada se fazendo, o aumento da temperatura da Terra será, então, irreversível é nesse caso, esperáramos as decorrências que poderão ser grandes catástrofes ambientais. A humanidade será vítima principal de sua irresponsabilidade. Das outras espécies, nem falar.

VI

Este comentário foi feito por professora americana que também questiona o que estamos fazendo com o planeta mas se referindo a práticas no seu país (EUA). A transcrição é um pouco longa, mas vale a pena conhecer, pelo menos o trecho que selecionei:

“Produção industrial de carne: os argumentos contra a crueldade na criação industrial de animais circulam há muito tempo: no século 18. Jeremy Bentham já observava que, no tocante ao tratamento de animais, a questão-chave não é se os animais podem raciocinar, mas se eles podem sofrer. As pessoas que comem bacon ou frango produzidos em esquemas industriais raramente oferecem uma justificativa moral para o que estão fazendo. Tentam não pensar muito nisso, furtando-se daquelas histórias de revirar o estômago sobre o que se passa em nossos abatedouros industriais.”

E mais:

“Dos mais de 90 milhões de cabeças de gado de nosso pais, pelo menos 10 milhões estão socadas em fazendas de confinamento poupadas de doenças decorrentes da aglomeração por doses regulares de antibióticos, rodeadas por pilhas dos excrementos, as narinas mergulhadas no cheiro da própria urina. Imaginem isso - e depois imaginem seus netos vendo esse quadro.” (7)

Circo dos horrores... Lá como cá. Mas, salvem os hambúrgueres! McDonalds e afins.

VII

Esta notícia, transcrevo na íntegra. Refere-se a um relatório da ONU e está interligada com o comentário anterior. Quanto precisamos mudar, quanto!

“A opção pelo vegetarianismo, uma mudança profunda na agricultura mundial e a redução do uso de combustíveis fósseis - como o petróleo e carvão - são as prioridades para proteger o ambiente, segundo estudo das Nações Unidas.

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) afirma que a produção de alimentos e os combustíveis fósseis causam poluição, emissão de gases-estufa, doenças e destruição de florestas. "A produção agrícola consome 70% da água potável, 38% do uso da terra e 14% das emissões de gases-estufa", afirma Achim Steiner, chefe do Pnuma.

Os consumidores podem ajudar, diz a ONU, cortando o consumo de carne e reduzindo o uso de combustíveis fósseis para viajar e aquecer a casa.

"Produtos de origem animal são impactantes porque mais da metade das plantações do mundo são usadas para alimentar animais, não pessoas", diz Steiner. Para ele, uma redução substancial dos impactos só seria possível com uma mudança radical da dieta humana no mundo todo.

Mas só na China, por exemplo, o consumo per capita de carne cresceu 42% em oito anos, entre 1995 e 2003. "O modo como o mundo é alimentado e abastecido de energia irá em grande parte definir o desenvolvimento no século 21", diz o documento.” (8)


Nessa resenha, há tanto mais a acrescentar! - indica o quanto temos que mudar no modo de cuidar do planeta de tal maneira que dele desfrutem de toda a exuberância que ainda resta, as futuras gerações.

Para mim surpreende nas linhas e entrelinhas a introdução do vegetarianismo como um hábito a prevalecer para melhorar a vida do planeta. Deixou de ser assunto desdenhoso reservado para aqueles idealistas, “esquisitos”, que se escandalizam com a brutalização cotidiana imposta aos animais e por isso adotaram essa dieta. Em pista própria, como se vê, começa a se constituir agenda ambiental proposta mesmo pela ONU. (9)

Sinal destes tempos urgentes.

Referências:

1. Escrevi uma crônica em 03.10.2010, “Para não dizer que não falei de bem-te-vis e mimos”, na qual inclui um mapa do Brasil, localizando os vários biomas do país (clicar) Acessar: http://martinsmilton.blogspot.com/

2. Jornal “O Estado de São Paulo” de 02.09.2010

3. Idem de 03.10.2010,

4. Idem de 02.09.2010

5. Idem de 29.09.2010

6. Idem de 25.11.2007, entrevista a Sonia Racy

7. Kwame Anthony Appiah, professora de filosofia na Universidade de Princeton – “Pecados de Longo Alcance” - Jornal “O Estado de São Paulo” de 03.10.2010

8. Jornal “O Estado de São Paulo” de 03 de junho de 2010

9. No mesmo blog referido acima, escrevi em 14.11.2010 a crônica “São Francisco, os homens e os animais” na qual me refiro entre outras proposições, à violência praticada contra eles.

Fotos:
(1) Bem-te-vi
(2) Hibisco (mimo)
(3) Pasto e floresta devastada
(4) Rio poluído
E a dizer que a água é essencial para a vida! Tudo o que é detrito e sujeira são jogados nele (s). Como é difícil a consciência ambiental, a educação ambiental! Mas, muito dessa degradação das águas diminuirá com o saneamento básico que neste País é carente em mais de 50% dos seus lares. E o que dizer dos demais só na América Latina → o Haiti em situação insuportável – a maior parte de seu povo vive no meio de detritos, insetos e ratos. Um país inviável, degradado que humilha o mundo. E o mundo não se dá conta disso!
Fonte: http://sosriosdobrasil.blogspot.com

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ENEM E OS “ERRINHOS QUE HUMILHAM”


As novas trapalhadas no ENEM que se resumem a "errinhos" que humilham e desgastam. Esse ENEM se sobreviver precisa ter revisão da revisão. E mais revisão e também severa coordenação.


Há um ano, precisamente no dia 18.10.2009 escrevi um artigo, tão logo comprovado o vazamento das provas do ENEM ainda na gráfica, sob o título “ENEM e os seus questionamentos”.

Acentuava então, entre outros, a gigantesca logística que tal prova, milhões de exemplares, exigiria e os perigos da fraude e da sua desmoralização.

E também o custo de sua elaboração e distribuição neste país com tantas diferenças e recursos que naquele ano fora dobrado porque as provas precisaram ser refeitas.

Este ano estima-se que o custo das impressões, distribuição e outros, andou em torno de R$200 milhões no mínimo.

Àquela ocorrência de 2009, até dissera, “há males que vem para o bem”, partindo do pressuposto de que todos os cuidados seriam redobrados a partir deste ano.

O que se deu agora?

Embora num porcentual pequeno, segundo o Ministro da Educação, alguns cadernos de prova foram impressos sem perguntas, ou repetidas, folha de respostas trocadas, questões imprecisas ou equivocadas, desinformação dos fiscais e, mais, hoje já se desconfia que nos rincões do Piauí, em São Raimundo Nonato houve vazamento (aproximado) do tema da redação (“O trabalho na construção da dignidade humana”), a ponto de alunos procuraram professores de cursinhos em Petrolina, Pernambuco a 300 quilômetros de São Raimundo Nonato, para os orientar sobre a melhor forma de o expor.

A Justiça Federal do Ceará suspendeu a validade do ENEM, diante de todos aqueles percalços nas provas e impediu até mesmo a divulgação do gabarito.

A Advocacia Geral da União pedirá a reconsideração da decisão da Justiça Federal e, não obtendo êxito, recorrerá.

As primeiras explicações atribuem essas falhas ao INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, órgão do Ministério da Educação, responsável pelo exame que deveria ter feito revisão prévia “in loco” das provas embora a gráfica também assumisse parte da culpa.

E no meio desse imbróglio estão os estudantes prejudicados para os quais se acena uma nova prova e até mesmo a possibilidade da anulação total do exame prejudicando todos os demais estudantes.

Esse o “relatório” resumido da trapalhada. Não transpira alguma incompetência nisso tudo, descuido, improvisação?

Vejo no Ministro da Educação, Fernando Haddad, como alguém esforçado que procura acertar.

Mas, só “procurar acertar” não resolve se o acerto não vem ou se ”errinhos” desmoralizam o esforço despendido e colocando em risco todo um sistema.

Não tem essa da boa intenção ou do campeão moral!

Vem-me à mente uma crônica que escrevei há pouco que trata dos errinhos que humilham àqueles que se propõem a escrever. Transcrevo trechos para tornar menos áspero este artigo a exemplo do que normalmente ocorre com o que tenho escrito:

Errinhos que humilham:

“Esse título não é meu. É do saudoso escritor mineiro Otto Lara Rezende que, numa crônica no jornal “Folha de São Paulo” de 18.01.1992 o utilizou no singular.

Mas, eu já vou logo grafando no plural, “errinhos que humilham”.

Inicia o cronista se queixando de erros de revisão que se davam, eventualmente, nos seus escritos, lembrando que “quando surgiu o computador na imprensa, pensei que vinha para acabar com essa gralha. Qual o quê. Sofisticou-a”.

Com o computador, dizia o escritor, não seria mais possível atribuir a revisor os erros do autor.

E nestes dias, então, com o notório avanço tecnológico e da comunicação? Não sei, não. Há “mistérios insondáveis” nos errinhos que humilham.

Outro ponto lembrado por Otto são os erros do próprio cronista que insere um dado equivocado, uma desinformação, na crônica. Sem volta porque a eventual correção posteriormente é inócua ou com efeito limitado. E dizia: “Qual! Fica o travo da pequenina humilhação que me convida à humildade.”

Saibam todos, pois, que o cronista se depara com erros ortográficos dele próprio e, pior – afaste de mim esse cálice – erros de concordância. E isso mesmo tendo lido o que escrevera várias vezes." (*)


E se os erros não podem ser corrigidos, o desgosto e o desgaste. E como queimam.

É o que passa nestes dias o Ministro da Educação.

Esse ENEM se sobreviver precisa ter revisão da revisão. E mais revisão e também severa coordenação. Uma terceira trapalhada desse porte ele não aguenta.

(*) Blog: http://martinsmilton.blogspot.com/ (Crônica de 31.10.2010)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A FARSA DA VOLTA DA CPMF

A discussão da volta da CPMF um golpe eleitoral porque não fizera parte da campanha de nenhum candidato (a), nem de Dilma. O jogo urdido por Lula perante governadores subservientes incluindo Dilma. Que se arme a oposição para rejeitar o tributo.

A CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) foi extinta no final de 2007 porque a oposição votou contra sua prorrogação e a partir de então dela só se ouvia falar ocasionalmente por conta de comentários de Lula, o grande derrotado no Senado, que se queixava por tudo que deixara o Governo Federal de arrecadar para a saúde, ainda que ela andasse capenga e desmoralizante com o tributo escorchante, como capenga e desmoralizante se encontra hoje sem ele.

Nada mudou, pois.

Mas, não se fez por menos. Sepultada a CPMF, ato contínuo, sobreveio a manipulação da teia tributária federal que resultou em aumento da carga dos impostos e, de um modo geral, seja o Congresso Nacional, os empresários e o próprio Governo todos opinam que é chegada a hora de se discutir com seriedade uma reforma nessa área.

De seriedade nada se vê neste país de contrastes e absurdos. E os impostos sufocam.

Vieram as eleições para governadores e presidente da República, programas foram postos em debate, falou-se em reforma tributária ainda que de modo programático, genérico, maneira de agradar com acenos os ouvidos dos eleitores.

NÃO SE FALOU EM VOLTA DA CPMF PORQUE SE HOUVESSE ESSA DISCUSSÃO, ENTÃO, CLARO QUE O RESULTADO DAS ELEIÇÕES PODERIA SER OUTRO NAS VÁRIAS INSTÂNCIAS.

As urnas conduziram os eleitos e, sem mais nem menos, pouco depois, “governadores” do PSB e outros mesmo sabendo da realidade vergonhosa da assistência médica pública antes e depois da extinção do tributo saíram em sua defesa propugnando pela sua volta. (*)

Eu diria que esses políticos são mal intencionados, “caras de pau” – pelo que me escuso pelo popular – e se valem do “novo” da eleição para agirem como bonecos de Lula ventriloquo que, a propósito, provocou entrevista improvisada de Dilma, para lançar esse “balão de ensaio incendiário”.

É a revanche do futuro ex-presidente. Se conseguir a volta da CPMF por meio de seus aliados subservientes, nessa linha, Sarney e Temer, estará rindo por quatro anos de sua vitória final. “Eu mexo os fios como se faz com marionetes, eu mando e arrebento.”

Lula não está preocupado com a má repercussão do tributo desnecessário até porque, felizmente, ele está saindo do Governo. Propôs nos bastidores, dividir o desgaste de Dilma com os governadores “aderentes” à idéia mesmo sabendo que, como acima explanado, já seja imensa a carga tributária brasileira e sempre péssima a assistência médica cujos recursos estão orçados independentemente da CPMF.

O que necessário na assistência médica é interesse real pela sua administração, aí incluída gestão competente, técnica e não o encostamento de políticos “premiados” pelo PT por conta dos compromissos eleitorais.

No que me diz respeito estava prestando atenção nas atitudes e discursos da presidenta eleita Dilma Rousseff que se revelavam coerentes e positivos.

Com a intervenção de Lula num assunto com a seriedade que tem a CPMF e ela apenas sorri e faz o “jogo” com os governadores, começo a me preocupar com sua autonomia futura, mesmo que seu padrinho garanta que o Governo terá sua (dela) cara.

Porque se assim não for, estando Lula na sombra ou nos bastidores fazendo indicações e insinuações, teremos algo parecido com o casal Kirchner na Argentina. Agora Cristina deverá imprimir sua “cara” no governo argentino porque seu marido faleceu.

Não foi por conta de tal relação governamental espúria que Dilma foi eleita.

Que continue Dilma, como sempre argumentou na campanha, com os princípios políticos de seu padrinho, mas não com suas manias.

Que se movimente, pois, a oposição com veemência para derrotar a volta desse (mais um) tributo, um capricho de Lula, um atitude menor.

(*) Jornal “O Estado de São Paulo” de 05.11.2010: “O novo movimento em prol de um tributo para financiar a saúde pública tem à frente os seis governadores eleitos pelo PSB, partido da base de apoio de Lula. Um dia depois de a presidente eleita, Dilma Rousseff, ter defendido novos mecanismos de financiamento para o setor, os socialistas lançaram sua mobilização, em reunião da Executiva Nacional em Brasília.”

Foto: Paulo Skaff, presidente da FIESP, “socialista”, candidato derrotado do PSB ao Governo de São Paulo (Google)