sábado, 11 de março de 2023

LULA PERDOADO, AS JOIAS EM GUARULHOS E OUTROS TEMAS

TEMAS:

1. Lula e o perdão dos eleitores

2. As joias "personalíssimas" um presente à ex-primeira-dama

3. Ainda o MST e  volta das invasões

4. Linhas finais: tolerância de Lula ao ditador "companheiro" Daniel Ortega da Nicarágua e a permanência "em cima do muro" na guerra russo-ucraniana.


1. LULA E O PERDÃO DOS ELEITORES 

Na entrevista concedida há dias ao jornalista Reinaldo Azevedo, mais para o final dela, disse Lula mais ou menos isto:

"Depois que o povo brasileiro me perdoou e me elegeu presidente..."

Sim, sem entrar no mérito das questões às quais Lula se disse perdoado, deu-se, realmente, esse "fenômeno".

E quais as causas do suposto perdão? Relaciono algumas:

1. O seu adversário, Bolsonaro, sempre se revelou, aético no que fez e falou;

2. A insistência insana em receitar cloroquina em lugar da vacina resultado em mortes pela demora em buscá-las. Até hoje há quem "receite" hidroxicloroquina e mesmo a ivermectina;

3. A essas mortes disse que não era coveiro. Sem compaixão, sem respeito as dores das famílias a par de insistir em manter ministros da saúde ineptos;

4. O exibicionismo das motociatas pagas com o cartão corporativo;

5. O abandono da Amazônia que ficou a mercê de grileiros, madeireiros e pistoleiros;

6. As mentiras "oficiais" que passaram a ser chamadas de fake news;

7. Como se constatou após deixar o governo, o genocídio que era praticado contra os yanomamis por causa da ação criminosa dos garimpeiros que poluíam os rios a par de serem deixados morrendo de fome e sem assistência médica;

8. A pose de golpista insistente e irresponsável, porque ele dizia ter "o meu Exército", golpe que acabou sendo frustrado mas que resultou nos atos de 08 de janeiro.

9. A irresponsabilidade em defender o voto de papel, mesmo sabendo que as urnas eletrônicas eram confiáveis e comprovadas depois de 25 anos. Só quem foi escrutinador do voto de papel sabe o que se passava nas urnas.

Paro por aqui. Vou repetir mais uma vez, porém: o grande eleitor de Lula foi a irresponsabilidade de Bolsonaro e seus apoiadores golpistas, medíocres, revelados principalmente pela "Jovem-Pan" que tardiamente os demitiu e se resignou com aquele riso amarelo de que nada tinha a ver com escárnio político que permitiu. (*)

E outro ponto:

a,) Os denunciados  desvios processuais do ex-Juiz Sérgio Moro no processo de Lula na lava jato. Eu considerava o ex-juiz e disse isso, a opção da 3ª via, ideia que fui abandonando, aos poucos, por seus atos e falas culminando com o seu apoio a Bolsonaro pré-eleição depois de tudo que dele dissera ao se exonerar do Ministério da Justiça. Vou chamar de caráter o que faltou ao Moro porque fora volúvel, vacilante, nas suas  idas e vindas como mau político;

b.) Os excessos praticados pelo promotor Deltan Dallagnol com o seu "power-point" fazendo acusações extra-autos a Lula e, pior, achando-se "iluminado" e que tudo isso era normal. Patético. Ambos ajudaram Bolsonaro a eleger Lula. 

Lula terá muita dificuldade no Congresso porque há deputados e senadores raivosos que babam e até usam cabeleira nos discursos. Há uma deputada (Carol De Toni)  nessa linha raivosa, que ao ser apurada a alta devastação havida em fevereiro/23 na Amazônia, culpou o novo governo que nada fizera. Não fora ela honesta nesse seu discurso, porque a bandidagem no Amazônia está tão arraigada que não será fácil expulsá-la. Vejam o que ocorre com os garimpeiros nas terras Yanomamis...

Sim, o Brasil elegeu entre outros a senadora Damares, Nikolas Ferreira, Tiririca, Carla Zambeli, Marcos Pontes... e outras mediocridades. Teremos que conviver com essa gente.

Por isso e muito mais, Lula foi perdoado segundo admitiu e como o menos pior e com o discurso renovado qual seja o de olhar para os menos favorecidos e para proteção ao meio ambiente. 

2. AS JOIAS "PERSONALÍSSIMAS" UM PRSENTE À EX-PRIMEIRA DAMA

Tudo já se disse sobre o escândalo das joias retidas de modo heroico no Aeroporto de São Paulo por servidores da Receita Federal.

Sim, Bolsonaro queria porque queria embolsá-las considerando o valor atribuído a elas: R$16,5 milhões.

Seria a garantia de seu futuro para adquirir quase que uma dezena de apartamentos triplex...

Bolsonaro chegou a dizer num vídeo: "Eu estava no Brasil quando esse presente foi acertado lá nos Emirados Árabes", (ICL Noticias de 06.03.2023).

Que "acerto" foi esse? Qual a origem do "acerto"?

E não venha a evangélica ex-primeira-dama dizer que nada sabia das joias retidas em Guarulhos. Que seja verdadeira segundo professa sua fé. A menos que...

Por outra não há jeito de os bolsonaristas que comentam tudo a favor de seu ídolo quererem disfarçar, tergiversar sobre a manobra de Bolsonaro em liberar as joias  envolvendo militares de diversos escalões que se submeteram aos seus desejos mesmo que ilegais. É inequívoco que ele despersonalizou setores das Forças Armadas, incluindo o almirante de esquadra Bento Albuquerque, de alta patente, ex-ministro, então, que tentou, também, desembaraçar ilegalmente as joias de seu chefe que, como militar, não fora exemplar. 

Onde ele mexe ou piora ou deteriora.

E há razões de sobra para se pensar que essas joias seriam propina e assim "embaladas" porque não seria necessário depositar em moeda esse valor vultoso em paraísos fiscais.

Mas, não sejamos como bolsonaristas raivosos: vamos aguardar o desfecho das investigações.

3. AINDA O MST E A VOLTA DAS INVASÕES

Volto ao tema (**).

Não sou defensor do MST e suas invasões. Esse "movimento" já dura quantos anos? Quinze? Mais que isso? O que importa hoje é que se trata de um movimento extemporâneo, máxime agora, com a volta de Lula e o PT ao governo.

Quantos anos o PT de Lula governou?

Bastou que voltasse ao poder o PT para que o MST voltasse, por sua vez, "a atacar"!

Afinal de contas, o MST tem tudo a ver com o PT, está sob sua "proteção", Lula já usou o boné do movimento.

Essas novas incursões tem algo a ver com espécie de afronta ao próprio partido que o protege por anos e até silenciou nos seus excessos.

Então, para o governo atual, o MST é uma contradição em relação ao que prega Lula e o seu partido. Afinal de contas, há um ministro para resolver as questões fundiárias e o assentamento desses camponeses legalmente.

O canal de contato é esse Ministério e não invasões arbitrárias.

E não venham com o argumento falso de que no caso das propriedades da empresa Suzano são elas destinadas ao plantio de eucalipto e, portanto, uma cultura "estéril". Essa cultura, porém, tem objetivos industriais quais sejam, a produção de papel e celulose.

Há muitas, mas muitas terras degradadas aptas à produção agrícola.

Que não queiram enganar e tumultuar esses líderes fazendo pose de heróis quixotescos.

3. LINHAS FINAIS

a. Lula e Daniel Ortega: Daniel Ortega da Nicarágua tem agido como ditador truculento. Então,  não há como o preservar como suposto "companheiro" da esquerda porque ele não é companheiro e é um ditador de "república das bananas". Lula que fala tanto em democracia e direitos humanos tinha o dever de se opor e criticar o que faz aquele ditador e não apenas aceitar  que os dissidentes nicaraguenses se abriguem no Brasil. Por uma série de tecnologias o mundo se apequenou e as coisas mudaram e o PT de Lula tem que assumir esses novos tempos.

b. Lula e Putin: Disse Lula que a invasão russa à Ucrânia se constituiu num "erro histórico". Em assim sendo como chefe de estado não é aceitável a omissão, aquela de ficar "em cima do muro" como fez seu antecessor, falando em paz como se fosse um mago pacificador do mundo. Deveria, então, condenar com veemência os atos criminosos de Putin, para o enfraquecer e, nesse diapasão, quem sabe, o genocida ouvisse apelos pela paz com seriedade. (***)



A omissão nos dois casos não resolve nada, essas atitudes são de lamentar.




Referências

Textos correlatos recentes:

(*) Acessar: ESTIGMA DA PERVERSIDADE

(**) Acessar: A VOLTA DO MST REVIVIDO?

(***) Acessar: LUA E A PAZ RUSSO-UCRANIANA

domingo, 5 de março de 2023

LULA E A PAZ NA GUERRA RUSSO-UCRANIANA

O presidente Lula, na sua visão um tanta avantajada de sua influência internacional, que é modesta, mal chegou ao poder, e se ofereceu como mediador nas negociações de paz no conflito russo-ucraniano.

Tem Lula insistido em resolver o conflito que já dura um ano no qual a Rússia,  impensadamente vai devastando o país vizinho que tem muito de semelhanças e heranças em relação ao seu "irmão maior". Morrem civis ucranianos aos milhares e milhares de soldados de ambos os lados. Os cidadãos ucranianos choram as perdas de vidas e lares não compreendendo a violência russa.

Mesmo antes da intenção da Ucrânia em buscar as asas da OTAN, a Rússia já havia, em 2014 anexado a península da Crimeia, território então ucraniano estratégico.  Se houve vontade dos habitantes de lá para pertencerem ao domínio "russo", não seria esse o peso suficiente para justificar a anexação aos seus domínios. A Rússia olhava apenas a vantagem estratégica obtida com a península. 

Com aquela figura duvidosa ou inconfiável de Putin, seu olhar ambicioso, a Ucrânia nos limites de sua soberania, anunciou disposição de se voltar para a Europa.

É a partir daí, a Rússia de Putin deu um passo equivocado: iniciou  guerra, avançou na Ucrânia comemorando conquistas territoriais, imaginando a vitória fácil mas que vem gerando vítimas e tensões em pleno século 21, embora haja, ainda, ambições sérias da China em relação a Taiwan. 

Nesse quadro de invasão e violência,  a OTAN ingressou na guerra e, como todos sabem, tem oferecido apoio econômico e militar à Ucrânia que com esses recursos vem impondo derrotas surpreendentes aos russos.

Os países da Europa e Estados Unidos não levaram até aqui a sério ameaças russas de utilizar armas nucleares porque Putin e seu aliados devem presumir que há um arsenal de igual letalidade apontado para Moscou.

Há que lembrar a visita do chanceler alemão Olaf Scholz  ao Brasil no dia 30 de janeiro último saudando a vitória de Lula, dissera ele, sem meias palavras, ao ouvir apelos de negociação do conflito defendido pelo presidente brasileiro, que a paz estaria condicionada à saída russa da Ucrânia devolvendo todos os territórios "conquistados". 

Esse posicionamento parece ser de todos os países europeus da OTAN e mesmo os fora dela porque entendem que a eventual vitória russa, ampliará a arrogância de Putin e de seus aliados.

Ademais, Putin parece se constituir numa espécie de herdeiro menor de Stalin - muitos russos voltam a cultuar a personalidade do ditador sanguinário. (*)

Alguns dias depois, numa entrevista (CNN - 16.02.23) diria Lula que a invasão russa fora um "erro histórico".

Se foi um "erro histórico" haverá que ser corrigido por quem o praticou e quem até agora nele persiste e insiste: a Rússia.

Diante disso deveria ser solidário expressamente à Ucrânia não se mantendo como se diz "em cima do muro". Meio parecido com a "neutralidade" de Bolsonaro.

Então Lula não pode pensar que essas negociações seriam viáveis como se fossem numa mesa entre o Sindicatos dos Metalúrgicos e a FIESP naqueles tempos históricos das greves no ABC.

Por isso, esse apelo de Lula à paz, embora com méritos porque um corte para não se falar somente em guerra e armas, vai muito além de suas possibilidades. Há um lado que precisa vencer e esse lado é o mais forte e perigoso pelo poderio atômico que detém. Se apoiasse a Ucrânia, seria um voto importante contra o poderio russo.

Hoje, com isso tudo, me parece que a única proposta que põe fim ao conflito é a saída da Rússia da Ucrânia tendo como compensação honrosa a não "penalização" pela destruição que vem promovendo no país ucraniano, não responder a eventuais crimes de guerra, não responder pelas milhares de vítimas às quais deu causa.

Essa reconstrução material e moral ficaria por conta dos países da OTAN e dos Estados Unidos.

E isso não é novo: esse modo da não responsabilidade se deu, para lembrar, na derrota dos Estados Unidos na guerra do Vietnã (o fim em 1975) e a Rússia derrotada na guerra no Afeganistão em 1989.  

Essa a proposta viável hoje.

E seria bom que os próprios russos pensassem nisso porque mais derrotas que sofram nessa guerra insana podem levar ao desatino extremado. Então, tudo a perder até a vergonha da Humanidade.


Referência no texto:

(*)  Informações de Stalin, acessar: Nova biografia de Stalin

Foto: Jornal da USP


 






sexta-feira, 3 de março de 2023

A VOLTA DO MST REVIVIDO?

Sobre o possível retorno do MST voltando invadir propriedades com baixa responsabilidade pelos eventuais abusos não nego meu desapreço.

Em 16 03.2009, há 14 anos, portanto, escrevi  de modo severo contra a impunidade do MST, então, sob o Governo Lula, especialmente no 2º mandato, pelo atos de vandalismo praticados pelo movimento nas invasões.

E, o seu principal porta-voz, então, se apresentava como um valentão, "revolucionário" que ameaçava não só a manutenção dos atos disparatados no campo como atos políticos partidários desatinados. 

E, mais, esses "revolucionários" atacavam com sua sanha, terras produtivas e improdutivas e, raivosos, praticavam predações que rigorosamente eram crimes contra a propriedade, no mais das vezes, produtivas. 

A tais atos de vandalismo inaceitáveis e, a tanto, não havia por parte do Governo Federal qualquer manifestação recomendando pelo menos moderação a tais invasões que ficavam impunes.

Então, naquele ano de 2009, escrevera eu o seguinte:

"A solidariedade proposta, em março deste ano, porém, transformou-se em vandalismo exacerbado e gratuito, ao atacar instalações da Aracruz, no Espírito Santo e lá, como se daí resultasse algo que não fosse o repúdio a tais atos, danificou duas toneladas de celulose. Promoveu, também, a invasão do Ministério da Agricultura ficando claro que toda a depredação e sujeira produzida em próprios públicos são tributados aos contribuintes extorquidos sem qualquer punição aos responsáveis dessas ações. A essas atividades recentes se somam outras mais antigas que permanecem impunes e já beirando o esquecimento. Práticas do MST que permanecem impunes, também são muitas. Há, agora a expectativa do desfecho judicial que se dará, já suplantando o rastro permanente de depredação, o assassinato de quatro seguranças de fazenda invadida por seus membros." (*)

Embora haja informação de que durante o governo Bolsonaro tenham se dado 170 invasões (**) pouco divulgadas, bastou o Governo petista começar o governo para que elas voltassem agora com estardalhaço.

Com efeito, no dia 1º de março, diz a notícia, "cerca de 1.700 integrantes do MST invadiram três fazendas de cultivo de eucalipto da empresa Suzano Papel e Celulose , nos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas no sul da Bahia". (**

É sempre bom lembrar que Lula, em entrevista à TV Globo durante a campanha, não negara ações do MST mas que não haveria invasão de terras produtivas, lembrando que uma parcela de assentados produziam alimentos orgânicos.

Claro que a empresa e quem mais prejudicado recorrem à Justiça que tendem liminarmente a restituir a propriedade até pelo uso da força pública. 

Mas, nesse meio, os porta-vozes do movimento, deslumbrados pela repercussão proferem aquele discurso de "vítimas do sistema" e agem, de regra, de modo predatório, como se deu numa das fazendas invadidas, na qual derrubaram árvores.








(Foto: Revista Veja)

A esses campesinos sem terra se somam milhões de desempregados que não saem, estes, invadindo empresas e depredando robôs que lhes tiraram empregos.

Então, se o Governo Federal vem fazendo discurso e ações  para aumentar a produção e os empregos, criticando os juros elevados, o que faz é simplesmente assumir a política oficial de empregabilidade, reduzindo como decorrência a pobreza e a fome. Uma obrigação.

No mesmo patamar se situam, pois, os trabalhadores do campo, sem ocupação. Eles também devem ser incluídos em POLÍTICAS DE GOVERNO em vez de serem toleradas invasões predatórias como se as situações fossem diferente entre cidade e campo. Eles devem também ocupar pauta prioritária do governo de modo a serem assentados legalmente. 

Para isso, foi instituído o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que com urgência precisa mostrar a que veio e se inserir nessa questão fundamental que o MST tem aproveitado pela tolerância oficial como se vítimas fossem mas agindo na ilegalidade. 


Referências no texto:

(*) ACESSAR: "FORÇAS REVOLUCIONÁRIAS" DO MST

(**) Jornal "O Estado" de 02.03.2023