segunda-feira, 6 de outubro de 2014

PAULISTAS “SEPARATISTAS”

Todos estudaram ou leram sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, comemorada no Estado de São Paulo no dia 9 de julho. Na verdade um movimento elitista (haverá os que não concordarão com esse qualificativo) que se opôs a Getúlio Vargas que começara a se manter no poder sem um sinal claro de que devolveria ao país a democratização com nova Constituição. Esse movimento paulista que continha outras motivações de natureza política, derrotado, resultou, porém, na promulgação da Constituição de 1934, sendo Getúlio Vargas eleito presidente pela Assembleia Constituinte com mandato até maio de 1938.

Mas, em 1937, houve o golpe do Estado Novo e Getúlio tornou-se ditador até 1945. Mas, essa é outra história que não cabe aqui expor.

Lembro-me de comentários de minha mãe, jovem naqueles idos que dizia ouvir que muitos eram os paulistas que afirmavam: “sou paulista separatista”. Porque São Paulo seria a locomotiva puxando 21 vagões vazios, se referindo aos demais estados, então.

Bem, não sou fã das crônicas de Luiz Fernando Veríssimo, muitas vazias, dizendo pouco, mas preenchendo espaço que lhe garante o “Estadão”. Talvez tenha essa rejeição porque li toda a obra de seu pai, Érico Veríssimo pelo que não dá para comparar. (*)

E também não aceito seu posicionamento político. Não sei bem porque, mas em ocasiões ele me lembrou aquela frase que explicaria de modo singelo o socialismo e o seu modus operandi: “o que é teu é meu, o que é meu continua sendo meu.”

Mas, Veríssimo na edição de 18 de setembro último, publicou uma crônica sob o título “Separatismos”, tendo como inspiração o já superado plebiscito dos escoceses que decidiram, afinal, continuar pertencendo ao Reino Unido.
Transcrevo o trecho final que, creio, diga tudo do que analiso aqui, mesmo com sua ressalva de “não sei”:

“Tem gente que defende a sério uma secessão gaúcha, mas volta e meia surgem especulações menos sérias sobre como seria um país desejável do Sul. Ele talvez incluísse o Paraná, mas há controvérsias. Santa Catarina não poderia ficar de fora, se por mais não fosse, pelas suas praias. E anexaríamos o Uruguai, certamente. Tudo puro delírio, claro. Se bem que... Não, não. Puro delírio.
Há quem diga que já houve uma secessão no Brasil. São Paulo separou-se do resto e há anos é a sua própria União independente. Não sei.”

Interessa-me a frase final sobre São Paulo. Diria que o Brasil é um peso pesado para o Estado de São Paulo, que com efetividade caminha com as próprias pernas, quando a União não atrapalha.

- Ora, direis, você pensa como um separatista...

Fico com Veríssimo, de modo bem cômodo: 

- Não sei!












Vejam o que aconteceu em São Paulo, nas eleições de ontem (05.10.14):
Com Lula e tudo, o seu partido manchado pela corrupção, seu candidato a governador foi rejeitado de modo contundente com mais de 8.3 milhões de votos dados ao candidato Alckmin, mesmo com a crise da água um dos motes da campanha petista. O candidato ao senado, o petista Suplicy já meio folclórico também foi derrotado com larga margem por Serra e está pintando, mesmo sem Minas Gerais que votou na candidata oficial dando-lhe vantagem de 415 mil votos, que São Paulo tende a eleger Aécio Neves para a presidência da República alijando o PT do poder.

Em São Paulo, a diferença de Aécio sobre Dilma foi de 4,2 milhões de votos. [Há o 2° turno a vencer.]

Mas, quanto a São Paulo, é o separatismo que se revela em tantas situações, inclusive nessas eleições. 

                                

(*) “(Re?) Descobrindo Érico Veríssimo” de 21.05.2013 no blog “Temas Livres”