sexta-feira, 30 de agosto de 2019

O GINASIANO - Entrevista

Setembro de 2019

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Perfil




Teor da entrevista para leitura:


ENTREVISTA COM NOSSO COLEGA GINASIANO VETERANO MILTON MARTINS.

Quem é Milton Martins?

Advogado, formado na PUCSP, hoje com 75 anos, casado, com Ana Rosa, também ex-aluna do Ginásio “Amaral Wagner”, 5 filhos, 8 netos, com trabalho devolvido em multinacionais automobilísticas no ABC, tentando ser escritor, tendo publicado dois livros, “Sindicalismo e Relações Trabalhistas” que poderia ser minha obra prima se tivesse paciência de o rever por mais uns 30 dias e o romance “Joana d’Art” semiautobiográfico com boas criticas.

Qual sua relação com o “Amaral Wagner”?

Não fui aluno aplicado no Colégio Bonifácio de Carvalho de São Caetano.
Matriculei-me, então, no Ginásio Amaral Wagner de Utinga – Santo André em 1961 frequentando o 3° ano ginasial. Formei-me em 1962.
Esses dois anos foram importantes porque, embora não fosse aplicado assumi a responsabilidade pelos estudos, sempre. Não há como esquecer o nível e a dedicação dos professores do “Amaral”.
Digamos que eu e o professor Antônio José do Nascimento, o “Caveirinha”, de Português, assumimos uma parceria que perdurou em quase todos aqueles dois anos.
Não sei se ela começou quando ele lançou o jornalzinho “O Cultural” ao qual dava uma coordenada nas colaborações, ou se depois de participar de um concurso literário sobre Joaquim Nabuco, monarquista e abolicionista – personagem que o professor Nascimento era admirador -, no qual fui classificado em 2° lugar.
Anos depois também viria a admirar o trabalho abolicionista de Joaquim Nabuco. No livro “Minha Formação” ele descreve momentos emocionantes de suas relações com os escravos. Em 1962 o professor se uniu a alguns líderes de Utinga e fizeram campanha de autonomia do subdistrito, lançando um pequeno semanário, “O Independente” do qual era coordenador e corretor de anúncios principalmente no bairro Santa Terezinha. Esse projeto de autonomia de Utinga não foi à frente.
Minhas ligações com o “Amaral Wagner” perduraram por bom tempo, tanto que em 1963, já estudando no “Clássico” do Colégio “Bonifácio de Carvalho”, ainda escrevi algumas crônicas para o jornalzinho “O Cultural”.

Onde reside no momento?

Em Piracicaba. Vim para cá por oportunidade profissional importante. Daqui não voltei mais para o ABC, a despeito das minhas constantes recaídas (homesick)

O que faz agora (ocupação)?

Sou advogado e nas horas vagas, leitor irrecuperável e cronista/escritor quando vem a inspiração. Estou adiando o enredo de um terceiro livro de memórias.

O que você tem a nos dizer sobre a “Semana da Pátria”?

Hoje com tantas alternativas no mundo, tantas mudanças políticas e sociais, ela não tem a relevância que tinha naqueles idos, com ensaio da fanfarra e desfiles concorridos dos alunos. Pode até ter solenidades e tudo o mais hoje, mas o sentido da data era muito mais intenso então, até pelo empenho dos professores muito respeitados e idealistas. 

Que lembranças você possui de Utinga?

Utinga me marcou muito até porque naqueles tempos eu corretava anúncios para “O Independente” no bairro Santa Terezinha. Embora romanceadas, cenas reais havidas em Utinga foram expostas no meu livro “Joana d’Art”.

Sobre os atuais eventos ginasianos: podemos um dia contar com sua presença?

Sim, em pelo menos uma vez, tenho que comparecer a despeito da distância.

O que tem a aconselhar aos jovens?

Nunca fui aluno aplicado, mas jamais deixei e deixo de estudar. Aconselho aos jovens largarem um pouco o celular e o “Facebook” e se voltem para a leitura de livros variados que abrem espaço ao raciocínio e à cultura. “O que sabemos”, como disse Sartre, “a nós pertence”...

Qual é o futuro que espera do Brasil?

O Brasil é um país complicado. Só o mudaremos para melhor, com a educação e a cultura incentivadas... Prioritária. Nessa linha, no comando: falta um estadista para imprimir novos rumos com visão de futuro e não o imediatismo que tem prevalecido.

Algumas considerações finais.

Agradeço Dílson, sua iniciativa por esta publicação; no meu caso me obrigando a rever com carinho aqueles tempos de “imortalidade” num canto da memória de felicidade que renasce. 


Entrevista como publicada:









sábado, 10 de agosto de 2019

VARIEDADES TEMÁTICAS (V)

1. Hamburger vegetal "sabor animal"

Num dos meus artigos ou crônicas recentes, disse o seguinte:

"No Fórum de Davos, realizado nos dias 22 e 23 de janeiro último foi divulgado um estudo da Universidade de Oxford no qual recomenda que a alimentação carnívora (bovina, principalmente) seja gradativamente substituída por outras opções de alimentos como carne sintética – produzida a partir de amostras de células de músculos animais que se expandem em laboratórios – tofu, lentilhas, nozes, jaca e uma gama imensa de outros produtos naturais não a base de carne.

A Universidade inclui até mesmo insetos, alimento comum em outros países, particularmente na China.

Ora, entre nós os insetos causam repugnância. Mas, eu fico aqui pensando no prazer de chupar ostras naquelas casquinhas in natura, para mim não menos repugnante.

Esse estudo atribui à produção da carne bovina, a porcentagem de 25% das emissões de gases do efeito estufa no todo do setor alimentar."

E o artigo prossegue nessa linha discutindo ou questionando o maior aproveitamento de áreas cultivadas no Brasil, uma possibilidade que, na minha concepção, vendo há décadas como age a mentalidade brasileira na questão ambiental, predatória, é bem improvável.

Esse artigo pode ser acessado clicando aqui:


Burger vegetal sabor animal

Numa campanha forte na imprensa, a Marfrig Global Foods informa que está se preparando para fornecer hamburger vegetal com "sabor animal".

Diz a Marfrig - que se apresenta como empresa sustentável, embora a maior produtora de hamburger bovino do mundo - que fechou um acordo com a Archer Daniels Midland (ADM), "uma das maiores  processadoras agrícolas e fornecedoras de ingredientes alimentícios do mundo, para produção e comercialização de produtos à base de proteína vegetal". 

Esse hamburger que será produzido em largar escala, tem como ingredientes produtos vegetais, somente, mas que terá sabor carne animal.

A notícia é interessante e pode significar o começo de uma mudança em relação à efetiva preocupação ambiental porque a Amazônia vem sendo devastada para expansão de pastos e, também, para o plantio de soja que em torno de 1/3 é utilizado para ração animal.

Não sei se a Marfrig prevê um futuro sombrio com a produção animal em grande escala ou se é, simplesmente, uma postura ambiental-filosófica, até porque num dos seus anúncios diz que não adquire animais criados em áreas devastadas e, como ponto central, a preservação do Bioma Amazônia.
















Quem possui um mínimo de consciência ambiental, sabe que a devastação de florestas resulta no aquecimento global gradativo, coloca em risco a água potável e, o mais grave, tende a diminuir a própria produção agrícola, na qual se inclui a produção de milhões de cabeças de gado que consomem e bebem muito.


Essa preocupação aumenta no mundo, não no atual governo cujo presidente, de modo desrespeitoso e estúpido sugeriu que todos defequem dia sim dia não para melhor as condições ambientais em resposta a uma pergunta séria. Com um bronco desses opinando, o que esperar de um ministro do meio ambiente que não seja um farsante, nas ações e nos discursos?


O Brasil precisaria de um estadista na presidência.  Mas, o país não teve sorte: a esperança com a ascensão de Tancredo Neves foi frustrada com a sua morte e, depois dele, o que dizer? Sarney, Collor, Lula, Dilma e, agora, Bolsonaro...

2. Por que a Europa se apavora com a devastação da Amazônia?

A Europa foi vítima de suas guerras mundiais e, nesses conflitos, o desrespeito a tudo: à vida humana patrocinada principalmente pelo nazismo e stalinismo, a violência racial e ao meio ambiente "vítima" de todos os atos dessas guerras devastadoras.

A despeito de tudo, a Europa se reconstruiu, principalmente a Alemanha que, do ponto de vista ambiental, tem preocupação, sim, dentro de suas fronteiras.

Se devastaram os europeus suas matas tudo se deu pela produção agrícola em cada país que não atentaram para as consequências que adviriam depois com essa carência de áreas verdes e a elevação da temperatura climática que se constata indesmentível.

Mas, são países pequenos que precisavam dirigir sua produção alimentar nessas áreas.

Então, nos embates em relação à preservação da Amazônia como sobrevivência da humanidade - e digo isso sem exacerbações - a maioria da comunidade europeia que sempre criticou o desmatamento, agora se apavora com o discurso bronco de Bolsonaro na matéria. Ele se apresenta, nos seus discursos desastrosos, com total indiferença à preservação da Amazônia.

Por causa desses discursos, nas redes sociais, em defesa deles, os bolsonaristas lambe-botas, emitem notas absurdas num grau elevado de ignorância.

Vejam porque a Amazônia haveria que ser uma região sagrada, intocada em nome das descendências da Terra.


A Europa quase que inteira cabe no território brasileiro.

Essa realidade significa que há imensas áreas para plantio no Brasil, sem precisar devastar a Amazônia e toda a fauna que lá vive:























Mas, há contradições em discursos europeus.

O jornal "O Estado" de 10 de agosto de 2019 revelou com base em notícia publicada em jornal alemão que a ministra do meio ambiente da Alemanha, Svenja Schulze desconfiada das posições do governo brasileiro, suspenderá ajuda de preservação da Amazônia até que os discursos oficiais ambientais daqui revelem efetiva preocupação em preservar quanto possível o bioma. 

Essa ajuda em dez anos, significou o aporte de 55 milhões de euros.

E onde a contradição?

A notícia acaba assim:

"A reportagem destaca ainda que um dos maiores defensores de Bolsonaro é o lobby do agronegócio. "A região amazônica é amplamente utilizada para o cultivo de soja para ração animal e gado..."

Pois bem, que diminuem os europeus o consumo de carne brasileira e cuidam da certificação das madeiras amazônicas obtidas de madeireiras implacáveis, remetidas para o continente rejeitando aquela sem certificado idôneo.

Com menos gado criado, menos áreas de pasto e soja, porque as áreas de plantio podem ser melhor aproveitadas.

O mundo e os brasileiros precisam se conscientizar disso.

A decisão da Marfrig pode ser um começo.