sábado, 1 de novembro de 2014

DEGRADAÇÃO DA AMAZÔNIA E DO CERRADO


Explicação
Não me interpretem como surfista da onda, no que se refere a posicionamentos sobre a devastação ambiental que se dá na Amazônia e no Cerrado.
Não! Sobre esses temas já escrevi muito, exagerando ou não, emocional ou revoltado porque a Amazônia e o Cerrado são dois biomas importantíssimos. Com a Mata Atlântica – da qual hoje só há fragmentos – formam (ainda) um conjunto primoroso de equilíbrio ambiental, a vida exuberante naturalmente se extinguindo e renascendo nesse processo misterioso organizado pelos deuses da natureza.
Esse ciclo vem sendo duramente afetado pela ação predatória do homem.
Das dezenas de artigos que escrevi sobre questões ambientais notei que uns poucos interessados se aplicaram em sua leitura. Lembro que o meu “Queimadas e devastações” de 30.08.2010 foi transcrito nas páginas do CEPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos / INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Biomas


AMAZÔNIA DEGRADADA
A comunidade científica que estuda o meio ambiente chegou à conclusão que a degradação sistemática que se dá na Amazônia por anos a fio, afeta o ciclo de chuvas no Sudeste e Centro Oeste atingindo a culminância neste ano de 2014 com seca jamais vista e não se sabe como será o ano de 2015.
A grande cidade de São Paulo, com mais de 10 milhões de pessoas nestes primeiros dias de novembro, está na iminência de ficar sem água para necessidades básicas, uma possibilidade caótica.
Não há muito fizera uma metáfora, em defesa da Amazônia pugnando pelo desmatamento zero, que as chuvas são o suor das árvores. E eis que essa metáfora seria um modo científico de explicar as chuvas que escasseiam por aqui.
Agora vozes autorizadas defendem que o desmatamento zero só não basta, é imprescindível o reflorestamento com plantas nativas em todas as área degradas pelo pasto que se perdeu com a erosão, como aqueles que vêm se constituindo de modo criminoso.
Meu apelo, meu grito de alerta: chega de gado, chega de carne. Os bois consomem florestas e água em profusão. E os pastos são o resultado de grandes queimadas.
Até quando essa “prioridade” insana prevalecerá? Até quando a retirada ilegal de madeira?
Nessas ações criminosas nada é respeitado, nem as próprias árvores, centenárias que sejam, nem a fauna e a estupidez é tanta que não se preocupam, esse bandidos, com a alteração ambiental que agora se torna flagrante.
Números: nos últimos 40 anos houve a destruição de 763 mil quilômetros quadrados da floresta Amazônica, equivalente a três Estados de São Paulo. Segundo Antônio Donato Nobre do INPE em estudo a propósito:
Já foram destruídas pelo menos 42 bilhões de árvores na Amazônia (...) cerca de duas mil árvores por minuto. Os danos dessa devastação já são sentidos, tanto no clima da Amazônia – que tem sua estação de seca aumentada a cada ano – quanto a milhares de quilômetros dali”. (1)
A floresta, com a umidade que exsuda, leva rios aéreos para outras regiões e as chuvas caem. Sua degradação, notório, impacta negativamente nessa sua tarefa em suprir o continente de água, dos mananciais e das nascentes.
Devastação zero na Amazônia e reflorestamento em larga escala já. Sabem, estou, sobretudo, falando de água como “resíduo” das ações da floresta que soam trilhões de litros.
CERRADO EM PROCESSO DE EXTINÇÃO
A desgraça não vem se anunciando parcialmente.
Vou tentar explanar os pontos principais do cientista Altair Sales Barbosa da PUC – Goiás em entrevista recente. (2)
O Cerrado é composto de vegetação que depende de solo oligotrófico (nível baixo de nutrientes).
A vegetação do Cerrado é muito antiga, de milhões de anos do ciclo da Terra, anterior à própria Amazônia.
Assim, a devastação que lá ocorre é irreversível, não permite sua recomposição como é possível na Amazônia, pelo que o bioma está em adiantado estágio de extinção.
As consequências dessa realidade é que com as pastagens e outras culturas introduzidas, entre outras ações predatórias do homem, com a alteração do solo, afeta os lençóis subterrâneos e “sem vegetação nativa, a água não pode mais infiltrar na terra” como ocorria com o bioma saudável.
No Cerrado estão as nascentes que sustentam as grandes bacias sul-americanas: “Em média dez pequenos rios do Cerrado desaparecem a cada ano que alimentam aos maiores que, por isso, vão diminuindo sua vazão.”
E, nesse diapasão, afetando os rios maiores.
Disse mais o entrevistado,
De todas as formas de vegetação que existem, o Cerrado é o que mais limpa a atmosfera. Isso ocorre porque ele se alimenta basicamente de gás carbônico que está no ar, porque o seu solo é oligotrófico” [baixo nutrientes].
E ademais,
As plantas do Cerrado são de crescimento lento. Quanto Pedro Alvares Cabral chegou ao Brasil, os buritis que vemos hoje estavam nascendo, eles duraram 500 anos para ter de 25 a 30 metros, também por isso o dano do bioma é irreversível.”
O buriti, pela alteração do solo dificilmente podem ser cultivados e, se tal se der positivamente, seu crescimento levará séculos.
SEM MEDIDAS CORRETIVAS, APOCALÍPSE AGORA OU PARA BREVE.

RIO SÃO FRANCISCO
Não entrarei na polêmica da transposição do Rio São Francisco cujas obras se iniciaram em 2007 e estão atrasadas. A decisão política da obra já foi suficientemente explicada.
Todavia, hoje a sua nascente secou com resultado da seca intensa e nunca vista.
Há margens estão desbarrancando, a mata ciliar não existe em grandes extensões de suas margens. Jogam-se lixo nas suas margens.
Antes das obras de transposição, o rio São Francisco deveria estar sendo cuidado com a reconstituição de suas margens pela reposição da mata ciliar degradada e outras medidas que garantam sua perenidade.
Caso contrário, dentro de poucos anos, os sistemas de transposição serão nada mais do que uma esperança frustrada e o grande rio uma caricatura do que foi.
Nem pensar, nem pensar.

CALÇADAS "CASCUDAS"



Sei de muitos que implicam com árvores plantadas em frente à sua residência, mesmo que elas em nada afetem a circulação.
Esses reclamam das folhas, das flores, dos frutos e, por isso, encontram-se residências mais novas nas quais a calçada é “cascuda”, isto é, de piso estéril.
Se você desejar contribuir para a melhoria ambiental, uma célula de desaquecimento global, plante uma ou duas árvores na sua calçada. 
Uma árvores que não produz folhas e poucas flores, que são pequenas e brancas, plante uma melaleuca. 
Suas folhas amassadas têm perfume de bala.


Legendas
(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 31.10.2014

(2) “Jornal Opção” de 01.11.2014. Entrevista de Altair Sales Barbosa, “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água.”