sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

BOLSONARICES

O suporte às intempéries de Bolsonaro, foram e são as notícias falsas (fake news) lançadas em profusão nas ditas redes sociais.

E elas foram tão envolventes que entrei numa espécie de “desespero emocional” se não há redundância nessa expressão: minhas reações foram tempestuosas a ponto de repudiar com veemências posições de amigos velhos e velhos amigos. (*)

Por causa dessas posições, para mim insuportáveis, exclui das “amizades” vários deles porque aquilo que divulgavam, me fazia mal. E cheguei à amarga conclusão que não me faziam falta. Mas, a tolerância não me permite o desprezo porque ele, o desprezo, é uma força cheia de negatividade e é preciso reagir e retomar.

Não havia entre esses bolsonaristas um sentido crítico nas abordagens que pudesse suscitar a divergência, não, elas provinham e provém da ala radical que propaga distorções em defesa do “meu presidente”, algo sem equilíbrio, acéfalo.

Fiz vários "testes":

I

Quando o indigitado sem mais nem menos, em reivindicações desprovidas de qualquer fundamento que não seja o de acalorar seus seguidores disse e repete que quer a volta do voto de papel fiz a crítica no reduto bolsonarista existente no fb.

Ironizando, sugeri que se o presenteasse com uma máquina de escrever Olivetti e a usando, passaria suas mensagens datilografas em cópias de papel-carbono.

Houve um manifestante que sugeriu a volta da produção do fusquinha.

Cerca de 350 manifestações com timbres ofensivos que em nada me ofenderam, algumas de tão absurdas que tratei como piada e achei muita graça. A maioria expressiva repetia que se tratava do posicionamento do “meu presidente”, reação ridícula, sem conta, essa suposta intimidade.

Ele liga o ventilador nacional e sai de perto. Os adeptos acéfalos repercutem.

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Há anos, em São Caetano, fui membro de mesa de escrutínio de eleição municipal com cédulas de papel.

Os votos majoritários eram contados em primeiro, lançados num mapa, depois os votos aos vereadores. Esses mapas eram, então, conduzidos ao Cartório Eleitoral que faria a consolidação de todas as urnas passando as informações para o Tribunal Regional Eleitoral.

Tudo de modo manual.

São Caetano do Sul não tinha, então, e não tem, um grande número de eleitores. Era, como é até hoje, uma das cidades mais próspera do Estado de São Paulo. Então, vez por outra o juiz eleitoral passava pelo local das apurações como um modo de imprimir respeitabilidade aos trabalhos.

Mas, imaginem esse processo nesse imenso país, nos seus recantos, na sua falta de estrutura tendo que fazer contagem de votos de papel, passar nos mapas e digitalizar!

O que advirá daí? Essa contagem não facilita e muito a fraude?

Ora, direis, mas as máquinas também são passíveis de fraude.

“Risco” por “risco” fico com as máquinas eleitorais e que traga alguém prova de irregularidades, de que houve manipulação, fraude nas votações. Até agora somente devaneios.

Como o capitão não tem uma mente larga, ele segue seu guru Trump que dizia ou diz a mesma coisa, colocando em xeque a eleição da considerada maior democracia do mundo questionando votos de papel numa eleição que ele perdeu fragorosamente mas que, pelo mesmo método o elegeu há quatro anos.

Agora saí, esbravejando, tal qual um delinquente moral.

II

Num comentário simples a uma notícia plantada pelo “jornal on line” do capitão, à minha discordância não exacerbada no caso, houve mais de 300 “respostas” tentando os bolsonaristas ofender-me inserindo comentários que julgavam suficientes a tanto.

Uma coleção de piadas, de incoerências e insanidades.

Entre risadas, percebi, no meu juízo crítico de tolerância, que há uma imensa maioria de acéfalos, seguidores desse insano capitão que, como presidente, jamais deixará de ser capitão.

Como é possível alguém com um senso médio, se valer das notícias falsas plantadas?

Insistir nisso e se vangloriar tal qual bravatas de valentões?

III

Numa resposta a opinião do jornal “O Estado de São Paulo”, o capitão sem ter o que dizer, mencionou apenas uma palavra sem qualquer sentido em relação ao noticiado, mas que foi repercutida pelo seu “jornal on line” como se fosse algo de inteligência superior.

Mas, não. Fora para que seus seguidores a tomassem como oração aos céus.

Fiz crítica severa, sim, à omissão e incompetência do governo. 

Não disse mas sinto: onde o capitão mexe ou piora ou estraga. Assim no "trato" do meio ambiente, no deboche às medidas de prevenção da pandemia que aumentou as mortes ("E dai?"), resistência às vacinas, isso para ficar no menos.

É pego na mentira e nada acontece.

Foram 402 “respostas” de seus adeptos, uma ou duas com argumentos não falsos o que poderia suscitar algum debate. 137 curtiram meu comentário ou reagiram sem manifestação. 

Mas, a mediocridade foi tanta, algumas respostas realmente hilariantes – não que o manifestante percebesse a tolice que escrevera: “advogado de porta de cadeia”, “turma da mortadela”, “o seu ídolo o mijão Lula”...– que foi impossível servir-me de argumentos equilibrados àqueles que mereciam.

Havia entre eles, pessoas já com idade que babavam estultices.

Esse é o nível. E é esse o reflexo do governo atual, acéfalo, irresponsável, até aqui um desastre.


Eu execro a cada dia o voto que lhe dei.

Isso tudo me faz mal.

Tento de modo veemente me afastar dessa negatividade da qual tenho alguma culpa.

Mas, como me livrar destes tempos turvos se ao acordar me deparo com esse estágio que os faz turvos?

Por isso, vou neste novo ano, para a luta de sobrevivência em todos os limites fugindo desses desencontros amargos. Tenho que encontrar a mim mesmo a partir da insanidade reinante.


(*) "Agentes do mal...", acessar: https://martinsmilton2.blogspot.com/2020/11/agentes-do-mal-consideracoes-nao.html

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

AGENTES DO MAL. (Considerações não totalmente políticas)

 Aqueles que onde pisam ou mexem pioram ou estragam...


Este é o terceiro artigo sobre a mesma temática. Não me preocupo se repito conceitos. Para mim, essa repetição é necessária de maneira que se complete o ciclo de desqualificações que caracterizam o governo atual. (*)


Após resenhar o livro “O Anticristo” de Nietzsche fiz buscas no Google para copiar uma capa melhor que aquela que dispunha no meu volume. (**)

Para minha surpresa, entre tantos “anticristos”, apareceu em diversas buscas, a foto de Jair Messias Bolsonaro.

Ele seria se não o “anticristo”, o agente da discórdia.

Que eu me lembre ele nunca mencionou a palavra ‘paz’ até porque seria uma contradição ao “empunhar” sempre armas fictícias, em gestos que fazia e faz com as mãos.

Uma característica do anticristo de Nietzsche é a ausência de compaixão. Essa virtude muito humana, significa para o autor alemão, sobretudo, um sentimento de fraqueza. Sem compaixão, eis aí o homem superior.

Mas, vamos lá.


O desastre ambiental

O capitão não fez segredo quanto à sua má vontade em relação à preservação do meio ambiente. E, para piorar, para manter essa postura negativa, nomeou aquele que poderia ser o pior ministro do meio ambiente possível. Um representante assumido das forças vandálicas (aquelas que destroem, que estragam).

A floresta, embora os adeptos do (des) governo atual e muitos não aceitam, tem um valor espiritual, suas árvores, seus animais e nesse conjunto há uma imensa força de equilíbrio planetário. (***)

Mas, ele não entende disso nada mesmo se proclamando religioso, evangélico, a ponto de se “batizar” no Rio Jordão, por um dito pastor que está preso por corrupção.

Ora, direis, o messias daqui não é culpado disso! Foi apenas mais uma de suas escolhas equivocadas!

Quando se unem os agentes do mal com a desonestidade incontrolada como é o caso das quadrilhas que atuam na Amazônia, os prejuízos se elevam e isso se assistiu há pouco: os incêndios se avolumaram de modo assombroso; as respostas governamentais foram tímidas, um dar de ombros irresponsável até que, ao constatar que o fogo emocionava não só os estrangeiros mas também os brasileiros - alguns sem timbre decologistas, maresponsáveis que pensam a longo prazo -, resolveu o governo agir, criando até mesmo o comitê da Amazônia que até agora pouco trouxe de prático.

O desastre pela omissão foi imenso não só na Amazônia como no Pantanal. As forças vandálicas que se uniram, nesses desastres tiveram à exaustão seu ponto de confluência.


O trato da pandemia




Não poderia ser pior.

Nas primeiras manifestações da pandemia, no início do ano, em rede nacional, chamou a doença, com poucas vítimas, então, de gripezinha, valendo-se do qualificativo dado pelo médico Varella, contratado da Globo que assim a classificara de modo inadequado.

Equivocado, o messias daqui pretendia fazer o isolamento somente dos idosos, com grau maior de risco de contraírem a doença. Contrariado, porém, com decisão correta do STF que atribuiu o controle da doença também aos Estados e Municípios, de modo irresponsável afrontou todas as medidas preventivas que iam sendo reconhecidas como necessárias: incentivou pelos seus atos a aglomeração, manteve o contato pessoal estreito e se exibiu cavalgando um cavalo emprestado a um policial.

À medida que a doença avançava e os mortos se avolumavam, os hospitais se esgotavam de pacientes com a covid-19, seus comentários: “e daí?”, “não sou coveiro”, “sou messias mas não faço milagres”, “todos vamos morrer um dia”.

Como disse, Nietzsche no seu “O anticristo” esses homens sem o sentimento de compaixão, são "superiores".

Então, com as mortes aos milhares apresentava-se indiferente e ainda criticando o isolamento principalmente no Estado de São Paulo, porque vê em Dória um fantasma que o atormenta, possível adversário em 2022.

E, nesse vácuo entre a responsabilidade dos Estados e Municípios e sua omissão, aproveita, então, para culpar a explosão do desemprego aos agentes públicos que agem corretamente para controlar o que possível a pandemia severa, implantando o isolamento e restrição às atividades industriais e comerciais.

Na realidade, o isolamento “radical”, o salvou de responder a uma catástrofe maior em vítimas fatais se tivesse, como queria, isolado apenas a população de risco mantendo toda a atividade intacta.

A doença atingiu todas as idades.

Hoje são mais de 170 mil mortes. Até que ponto suas atitudes irresponsáveis ao longo do ano contribuíram para essa tragédia?

Mas, o corolário da farsa foi a defesa da droga cloroquina como remédio contra a pandemia. Ridículo, porque se fosse eficaz o mundo a teria adotado.

Seus seguidores, a maioria sofrendo de acefalia, juravam que alguém conhecido havia se curado com droga sem a certeza se a cura se dera a despeito dela.

Foi tão extravagante essa posição indefensável que a possibilidade de uma segunda onda da pandemia que pode se manifestar, segundo ele, o “Brasil seria um país de maricas".

Como militar, capitão, antes de tudo, ainda que não exemplar nos seus tempos, ele deveria pensar na pandemia como uma guerra. E na guerra, seus heróis não abandonam seus feridos e mortos, salvo na absoluta impossibilidade de resgate.

Mas, sendo ele quem é, não há como esperar uma atitude dessas. Soldados têm compaixão.


As vacinas

Principalmente com a vacina chinesa, contratada pelo Governo do Estado de São Paulo que atribuiu ao Instituto Butantan a produção dela, o messias fez a festa quando a Anvisa – cuja atividade técnica não pode se render à pressão politica – rejeitou a continuidade de seus testes, alegando que um voluntário tivera consequências graves decorrentes da vacina. Mas, não, fora um suicida.

- “Venci mais uma vez o Dória”, disse ele, num estado de espírito exultante antes de saber do suicídio.

O que o constrange é que essa vacina originária da China tem tudo para ser aprovada antes das outras, se não houver injunção política que impeça, inclusive na Anvisa.

Espera-se que quando as vacinas forem liberadas, haja pronto um plano de contingência elaborado pelo Ministério da Saúde, mesmo que tolhido o ministro, um general que tem sido humilhado por um capitão. Espera-se que com a vacina aprovada, não saia o Ministério  na correria e no improviso.

Sobre a obrigatoriedade da vacinação ele, o messias, se diz contra. Ele queria a cloroquina obrigatória. Mas, ele não tem autoridade sobre isso, felizmente.


O “evangélico”

Com tudo isso ainda se diz temente a Deus.

Uniu-se a todas as ditas igrejas evangélicas, que pressionam de modo descarado seus fiéis na obtenção de recursos (“dízimos”); há entre seus lideres, “bispos” milionários mas, é claro que, com troca de afabilidades eles detém um curral eleitoral, que são suas ovelhinhas agarradas.

Mas, do ponto de vista de sua conduta pessoal, além de tudo o que acima foi exposto, de regra seu linguajar sórdido se mistura com o nome do deus que invoca.

Ele já se disse católico. Mas, não será nessa religião que terá o curral das ovelhinhas.


O governo

Com todas essas polêmicas, sem respirar, o governo está parado. Muitse fala e pouco se tem feito. E em seu auxílio não se pode esquecer seus filhos, o Flávio e a distribuição da “rachadinha” que indica desvio de recursos da ALERJ – o pai se constrange em tentar acobertar o filhinho mais velho. Eduardo e seus discursos desqualificados que de regra geram conflitos e Carlos que seria o condutor da avalanche de “fake news” nas redes sociais que se valeu delas para divulgar mentiras e distorções de natureza política e ataques a reputações de adversários. Essas alimentaram o ódio.

Me pergunto se há nível de inteligência razoável nesses trapalhões.

Esse é o capitão que dizia que mudaria os métodos políticos – nada de “dá lá toma cá “- e nem pensar em corrupção. Nada mudou e pior: há um sentido de mediocridade, de incompetência. O país marca passo.

TUDO ONDE TOCA OU DO QUE FALA, ESTRAGA OU 

FICA PIOR. É UM DOS AGENTES DO MAL.


Referências:

(*) "Eu preciso falar sobre isto (de novo)"

Acessar: https://martinsmilton2.blogspot.com/2020/11/eu-preciso-falar-sobre-isto-tudo-de-novo.html

(*) "Lucubrações tenebrosas"

Acessar: https://martinsmilton2.blogspot.com/2020/07/lucubracoes-tenebrosas.html


(**) "O Anticristo".

Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html


(***) A "alma" das florestas e os animais "almas viventes".

Acessar: https://martinsmilton.blogspot.com/2020/05/a-alma-das-florestas-e-os-animais-almas.html

EU PRECISO FALAR SOBRE ISTO TUDO (DE NOVO)

(Data original da publicação: 20.09.2020 

E quantas vezes achar que preciso...                                            

                                               I

                                       Falta de compaixão

Há uma divisão de ideias e há um grupo sem ideia nenhuma, apenas o apoio incondicional à voz de comando que “dirige” o país com todas suas grossuras e contradições.

Acho até que estes tempos, embora de modo hipócrita haja manifestações em contrário, falta o sentido exato da compaixão, a partir da devastação aos meios naturais, quer incentivado, quer a aceitando pela omissão.

Eu já disse isso: ao ler o livro “O anticristo” de Nietzsche, muito polêmico, ele se refere ao “homem superior” e para ser esse homem, não pode ele ter ele compaixão. (*)

Porque a compaixão significa fraqueza. O escritor alemão assumia a não-compaixão para combater o cristianismo que, segundo ele, alienava os fiéis.

O que constato hoje ou nestes tempos turvos é a ausência de compaixão, vez por outra revelada por mera “obrigação” até porque os mortos pela pandemia podem ser os “fracos” e depois, afinal de contas, todos morrem (“E dai? Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres?”).

Ele havia receitado a cloroquina e o isolamento vertical. Nesse vácuo insensato, como estaríamos hoje? Porque a pandemia não respeitou idades. Cerca de 50% das vítimas tinham idade abaixo dos 60 anos.

Mas, os membros dos três poderes, à menor suspeita e nas graves lesões, tem à disposição hospitais de ponta em São Paulo para curar os “fortes”. Por conta dos contribuintes.

Inclusive o capitão-presidente.

Na indiferença à devastação que se dá na Amazônia, tudo é tratado com enfado: tudo foi assim pelos séculos por que mudar agora?”

E então para bancar a omissão descurada, repete-se que a Europa critica o desmatamento por aqui porque o continente devastara, antes, suas florestas.

Mas, a média, em cada país de porte menor que o Brasil, ostenta 1/3 do seu território coberto por áreas verdes e florestas.

A China, grande consumidora de carne e soja brasileiras vem fazendo grandes investidas de reflorestamento em imensas áreas de seu território.

Não, as críticas à devastação acelerada nada tem a ver com a concorrência comercial dos produtores estrangeiros em relação aos produtores brasileiros: há, sim, uma apelo emocionado ao Brasil para que não repita os erros que eles, os europeus, cometeram. Eles tentam se recuperar com o reflorestamento.


                          Reflorestamento: China

Mas, a mentalidade por aqui não chega a tanto. Não entendem esse ponto.

Claro que a frase a seguir desse quilate, só pode ser ouvida nestes tempos turvos: para preservar o ambiente, “é só você fazer cocô dia sim, dia não, que melhora bastante”.

Como classificar essa afirmação? Nem como anedota!

Nessa linha de aberrações, os exemplos que existem servem para seguir o que neles há de pior.

Falta sensibilidade. Melhor, falta compaixão.

Quanto ao vice-Amazônico, não espero nada. Ele tem a verdade, o INPE e suas imagens são "mentirosas". 


                                                II

                            Meio ambiente: fauna e flora

Ardem parte da Amazônia e grande parte do Pantanal pelos incêndios muitos criminosos. Omisso e indiferente, o governo pela sua cúpula não repara na fumaça espessa – o avião presidencial teve que arremeter por falta de visibilidade segura no município de Sinop - MT. Mas, para a mentalidade dominante, foi um mero acaso. Afinal, a fumaça pelas queimadas devem desaparecer com as chuvas, depois de turvarem o Sudeste. Ah, sim, onde estão as chuvas?

Nessa insensibilidade, falta de compaixão, muitos dos que combatem os vários focos de incêndio se preocupam com a flora devastada de modo que se pode dizer irreversível.

E os animais? Ora, os animais não trazem votos, não reclamam. ”Todos morrem…”

Eu já escrevi uma crônica, “A alma das florestas e os animais almas viventes”, da qual extraio este trecho:

Na medida que esses milagres da criação são desrespeitados, sem reposição do que destruído, qualquer manifestação dita religiosa é hipócrita, porque além do verde, florestas imensas que sabemos que temperam o clima há no seu entrelaçamento os animais e espécies que têm o direito de viver nos seus recantos mas que são vítimas da quebra de seu habitat ou mortos pelos incêndios ou pela predação humana implacável na devastação.

Sem essa preocupação, com explanei na crônica, dizer-se religioso é uma farsa. (**)

Com essa insanidade o planeta reage. Aí se pergunta: “onde estão as chuvas?” Nos desertos e terrenos áridos elas não existem ou muito raramente, algumas gotas.

Elas começam a escassear por falta de seus manipuladores naturais, as matas e, como decorrência, os rios caudalosos começam a secar.

Qual o futuro com o agravamento dessa situação?

Prevejo, com toda a tecnologia a ser conquistada velozmente, mesmo assim, tempos sombrios de sobrevivência, porque há indiferença ao sofrimento humano.

Ora, mas estamos no presente e o presente continua sendo a “linguagem do dinheiro”, da “plantação de gado” para alimentar a China e outros. Quanto à China a situação é confortável para ela. Tudo do Brasil enquanto ela, que não faz anedota de péssimo gosto, faz sua lição de casa, o (re) florestamento.

Eu penso que, em nome da Humanidade, a preservação ambiental hoje, é uma prioridade. É questão de sobrevivência.

O problema é que, no Brasil de hoje, a mentalidade dominante é menor, de falsidades, de distorções e mentiras que uma turba apoia cegamente.


                                                        III

                                             Os evangélicos

Essas novas seitas, ditas pentecostais, avançaram nos meios de comunicação de modo avassalador e, de tanto apelo, execráveis. A mim causa repulsa de tanto pedido de “dízimo” que mantém os fiéis na coleira da esperança e os donos da crença, ricos.

E por manter esses fiéis carentes no curral, eles se tornam eleitores que são conduzidos tal qual gado para o lado indicado pelo “pastor” ou seus cães submissos.

Claro que por representar esse contingente de eleitores, essas seitas têm o apelo forte em atrair a politica e os políticos.

Então, há os que não vacilam em se ajoelhar perante tais “apóstolos”, receber suas bênçãos.

Do ponto de vista do interesse econômico que é a “cruz” que ostentam, o principal mandatário-capitão veta suspensão de cobranças de multas milionárias tributáveis lançadas contra essas seitas, mas incentiva que o Congresso derrube seu veto!

E algo desavergonhado.

Muitas vezes esse mandatário-presidente diz coisas de modo veemente e logo depois “bota panos quentes” e tudo fica como antes.

Quem é essa gente, esse malafaia que se arroga eleito divulgador de mensagens divinas? Que “boas novas” evangélicas traz que não seja a truculência verbal, a soberba, a arrogância de “dono da verdade” e, indiretamente, sempre o pedido de “dízimos”?Vendilhões dos templos.

E há um fato irônico que não pode ser esquecido: o máximo mandatário hoje, foi batizado nas águas do Rio Jordão pelo “pastor” Everaldo, que foi preso há dias sob acusação de corrupção.

Nem entro no mérito da “corrupção” da qual é acusado o “pastor”.

Reflito observando a foto e nela vejo uma cena patética.



Há muito anticristo por aí.

Tempos turvos estes.


Referência:

(*) Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html

(**) Acessar: https://martinsmilton.blogspot.com/2020/05/a-alma-das-florestas-e-os-animais-almas.html

quarta-feira, 15 de julho de 2020

LUCUBRAÇÕES TENEBROSAS

A "arte" de escrever para mim mesmo

Esses pesadelos noturnos que me atacam

Há pouco me dera em dar uma olhada na ascensão de Hitler – o Führer - no governo alemão e, a seu lado, um fiel escudeiro, Goebbels – aquele de célebre frase, “uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”. Não só, mas ambos com a insistente propaganda de elevação ao extremo do culto à personalidade, fez de Hitler uma presença sonambúlica na mente da grande massa alemã.

E dele um desastre mundial.

Os alemães nos tempos do nazismo, perderam a censura aos atos de violência e extermínio porque qualquer um que não fosse medido nas réguas da raça superior ariana faria parte da fila do extermínio inapelável.

Essa fila significou milhões de pessoas mortas nas câmaras de gás, vítimas de fuzilamento e o que mais pudesse ser aplicado naquele momento.

Eu me refiro a essa tragédia humana apenas para destacar o culto à personalidade e a obediência cega, mas, sobretudo, a atitude de homens e mulheres que se tornam obcecados pelos seus líderes.

E não há efeito nenhum ao ser demonstrada a verdade dos atos ignominiosos praticados por certos líderes, porque a “mentira os libertará”.


                                    

Do livro “1984” de George Orwell destaco este trecho de minha resenha:

“Orwell não dá esperanças: Winston, o herói "dissidente", como desejado, submetido a todas as torturas e sofrimentos, "espontaneamente", com convicção, se convence que "dois e dois são cinco". O seu axioma antes fora: "A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro; admitindo-se isto, tudo o mais decorre". 
No auge de sua "recuperação" passa a amar o "Grande Irmão".

 Amar o grande irmão a força, mas a grande massa, submetida a intensa propaganda pela “teletela, é incentivada ao não raciocínio porque o “Grande Irmão zela por ti”. (*)

Já disse isso, escrevi sobre isso, sobre “ O Anticristo”, um livro que li há pouco para conhecer um dos pensamentos delirantes de Friedrich Nietzsche que não pode ser subestimado pela legião de estudiosos de sua obra.

Mas, nesse livro, além da crítica implacável ao cristianismo, o autor destaca que o “homem superior” não pode ter compaixão, porque esse sentimento o enfraquece. E, nesse diapasão, a tragédia humana haveria que ser encarada com absoluta indiferença pelos circunstantes.

Não é, todavia, hipócrita, Nietzsche. Ele não faz “média” a qualquer religião embora informe numa das suas linhas, que o islamismo, por desprezar o cristianismo, é constituído de verdadeiros homens. (**)

Entendo que o cristianismo “puro” é um conceito interior, de espiritualidade. Não convence, salvo aos obcecados que acreditam que “a mentira os libertará”, gritar-se cristão e agir contra o cristianismo nos seus ensinamentos mais elementares. E porque ele conta, sobretudo, com a compaixão.

O Brasil de hoje

Primeiro a pandemia do novo coronavírus. Decisão acertada transferiu o STF aos Estados e Municípios o controle das medidas de prevenção da doença e, claro, ficando o Poder Central com as medidas de apoio e de coordenação pelo Ministério da Saúde.

A doença de modo vagaroso, mas sistemático vai fazendo vítimas.

O governo Bolsonaro, contrariado pela exclusão de tais medidas em nível nacional, até porque pretendia implantar medidas temerárias de prevenção “vertical” que consistiam em isolar apenas os indivíduos em grau maior de risco – critério desmentido pela realidade da pandemia que atinge todas as idades – não se cansou de sabotar qualquer tentativa séria de isolamento proposto pelos governadores.

Não assumiu como seria o seu dever dar o exemplo quanto ao isolamento e uso de máscaras e sistematicamente promoveu aglomerações, sem se preocupar com os riscos que corriam aqueles que o bajulavam. Quantos desses foram para os hospitais em Brasília?


                                    
                           Bolsonaro a cavalo por ocasião dos 30 mil mortos, vítimas da pandemia. Depois, aglomerações.

Beirando neste instante das 75 mil mortes (em julho a “meta” será 100 mil? - “E dai?”), sua propaganda desqualificada atribui aos prefeitos e governadores a culpa pelo desemprego e pelo avanço da doença. 

Uma postura censurável sob todos os pontos de vista, mas aceita pelos obcecados defendendo seu modo de agir, ainda que indiretamente negando o cristianismo que alega professar porque seu vocabulário de baixo calão do pior nível não pode atrair divindades relativas ao “deus” que invoca.

Não se espera sua santidade, apenas coerência.

E não somente nesse tema as mensagens mentirosas (as “fake news”) rodaram às centenas, algo parecido com a repetição da mentira se tornará uma verdade (“a mentira os libertará” – os seus homens obcecados vibram com elas porque têm como confirmar o seu “amor” pelo líder “espezinhado pelos inimigos”).

[As mentiras e distorções chegaram a tal ponto que o "Facebook", dos bolsonaristas, excluiu dezenas de páginas provindas do denominado "gabinete do ódio"]

Pior que a propagação das “fake news” seria uma forma de liberdade de pensamento. Hoje há entre os obcecados do presidente e outros que defendem essa distorção. Um absurdo ao aceder ao princípio de que a mentira significa "liberdade de expressão"!

Não, nesse emaranhado todo, não houve tempo para ou interesse à compaixão. Então, o “homem superior” de Nietzsche no seu “O anticristo” prevaleceu, nos atos e nas palavras de Bolsonaro.

֍                                                                                         ֍

A segunda questão que neste meu canto me leva à emoção é a destruição irresponsável da Amazônia, como política bolsonarista.

A insanidade chegou a tal ponto, nesta hora que escrevo, que até empresários nacionais e internacionais - afeitos à linguagem do dinheiro - fazem apelos sinceros no sentido de acabar com as queimadas e grilagens na floresta, preservar a Amazônia e a vida indígena que lá sobrevive. Quanto a esta, o desprezo constatado no dia a dia parece ir se materializando - eu não digo (ainda) em prática genocida silenciosa.

Todos se emocionam em ver um animalzinho doente, maltratado pelas ruas, abandonado. Imaginaram os milhões deles, de múltiplas espécies que são ceifados pelos incêndios e devastações das matas, seu habitat natural? E o que mais choca é o bolsonarismo não se dar conta disso na sua “religiosidade”. (***)

É que há a consciência de que o planeta e sua natureza não agem de modo estanque. Tudo está ligado com tudo e à ação criminosa, como se dá no ataque ao ambiente, há a reação planetária e, nesse diapasão, a pandemia de agora que os maiores cientistas ainda não a explicam de modo convicto. 

Muitos são os que acreditam nessa correlação, mas silenciam para não parecerem "esotéricos" demais, neste mundo da linguagem do dinheiro, das coisas materiais, embora a vida seja curta e, à sua extinção, também ninguém explica.

No que se refere, porém, às mudanças climáticas para pior que vem se agravando com a poluição do ar, dos oceanos e com a perda dos fenômenos que a mata produz em relação à melhoria do clima, todos os que tenham um mínimo de discernimento, sabem disso. E, também, há que se pensar nas gerações futuras.




                                   O desprezo ambiental exacerbado na Amazônia pelo governo Bolsonaro

Enquanto isso, em matéria de vida e morte o coronavírus vai ceifando vidas sem cessar especialmente no Brasil e Estados Unidos.

Por tudo que tenho visto e lido nestes últimos dias os bolsonaristas radicais e obcecados pela postura do seu líder que tudo o que fala por pior que seja a falsidade ou a distorção, é retratado como verdade a ser divulgada de modo até irresponsável.

“A mentira vos libertará”. Repita-a muitas vezes e ela será a “tua” verdade.

Na questão ambiental, aqui no meu canto como costumo dizer, tenho o direito de dizer, “eu não disse?” no tocante à desastrosa política ambiental do governo Bolsonaro tão predador quanto seu ministro anti-ambiental por tudo o que escrevi desde a posse.

Os tempos são de temor, de trevas e de ignorância razões que clamam a luta a ser empunhada pelos que, como eu, não aceitam esse descaso.

Porque todos aqueles que percebem estes tempos turvos, percebem essa nuvem negra encobrindo o planeta "materializada" por essas forças vandálicas que predominam nestes tempos.

A guisa de conclusão

1. Aquela introdução acima tem a ver com a falsidade oficializada no regime nazista – “a mentira repetida muitas vezes se torna verdade” – o culto obsessivo à personalidade do líder por uma massa de milhões levada a sequer a não pensar na tragédia diante dos seus olhos, anulada pelos seus encantos de poder;

2. A perda de liberdade em dizer que dois e dois são quatro - qualquer mentira proferida e repetida afeta essa liberdade;

3. E a indiferença com o sofrimento alheio rareando a compaixão, faltando aquele sentido superior da religiosidade.


Explicando, por fim...

No tocante ao bolsonarismo e o culto à personalidade de seu líder, além do já exposto, cheguei à conclusão de que há, realmente, um quadro obsessivo em relação a Bolsonaro ao constatar a reação de amigo de mais de meio século que comigo enfrentou desafios interessante na vida estudantil em São Caetano do Sul, que se valeu do baixo calão – uma característica do bolsonarismo – porque talvez não tivesse meios de combater meu posicionamento em artigos diversos em relação ao governo atual ou se tivesse, não quis perder tempo expondo suas ideias faltando com o padrão de debate sadio pelo menos em homenagem à longa amizade. Preferiu o  baixo calão.

Referências no texto:

(*) "1984" de George Orwell.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/07/12-1984-de-george-orwell.html

(**) "O Anticristo" de Friedrich Nietzsche.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html

(***) Meu artigo "A alma da floresta e os animais viventes".
Acessarhttps://martinsmilton.blogspot.com/2020/05/a-alma-das-florestas-e-os-animais-almas.html