domingo, 30 de junho de 2019

O AUTÓDROMO NO RIO DE JANEIRO (I) MORO ACUADO E APOIADO (II)




1. Autódromo no Rio de Janeiro

Com tantos escândalos no Rio de Janeiro, a roubalheira da turma do Sérgio Cabral e suas consequências, a incontinência das gangues que dominam os morros, do ponto de vista artístico, cultural, exposições comerciais, etc, salvo exceções, fizeram a cidade ser relegada 2º plano.

Não fossem as Olimpíadas bem organizadas, diga-se, e o Rio de Janeiro, com todas aquelas belezas cantadas em prosa e verso estaria de modo notório, relegada ao limpo escorregadio.

Nem penso nos gastos das obras e organização das Olimpíadas e na contrapartida o montante arrecadado, incluindo impostos. Qual é o relatório atual das obras olímpicas abandonadas?

Tudo bem, há o carnaval que nem hoje detém a hegemonia com a sombra paulista.

Quem ganhou com isso foi São Paulo, com todas as suas dificuldades de locomoção, destacando-se o Allianz Parque – Estádio do Palmeiras – como o ponto de encontro de grandes promoções culturais nacionais e internacionais.

Demais, não há exposição séria, de negócios, que não seja dirigida ao Estado de São Paulo.

Mas, São Paulo enfrenta problemas severos de saneamento para ficar somente nesse item como mais o Rio de Janeiro.

Então há muito que ser atacado de tal ordem que o Estado mais rico do país consiga dar dignidade a boa parte de sua população carente. 

Eis que, certamente, considerando a crise de credibilidade carioca Bolsonaro, num repente, mas à socapa resolveu que as corridas de fórmula 1 devem se dar não mais em Interlagos – SP mas no Rio de Janeiro num autódromo ainda a ser construído.

Digamos que seja realmente construído a tempo esse autódromo para 2021.

Então, o país, com todas suas dificuldades, quase tudo por fazer ou refazer terá, não um, mas dois autódromos de padrão internacional.

Vejo aí um sentido megalômano, como nos tempos do petismo.

E então, quando o governador João Dória reclama da rasteira institucional de Bolsonaro diz o presidente que o governador de São Paulo deveria “pensar no país”.

É outra de Bolsonaro: se fosse pensar no país, jamais se erigira um outro autódromo porque, como disse, há muito que pensar “no país”. E não pensar em tirar o RJ do limbo com construção supérflua para um país carente. E no “país” se insere o Rio de Janeiro...

E, claro, há interesses não muito claros em torno dessa obra.

As “boas línguas” dizem que só há uma empresa interessada nessa construção, tanto que o jornal “O Estado” na edição de 29 de junho informa que o Ministério Público Federal aponta irregularidades na licitação, porque,

A justificativa é de que o processo foi direcionado para uma empresa específica, a Rio Motorsports Holding S/A única a apresentar proposta e a vencer a licitação em maio”.

Desmentidos daqui e dali, mas já se sente o “odor” do petismo por perto.

Certamente que esse autódromo luxuoso, não modificará em nada os pulos dos humildes sobre os esgotos correndo pelas calçadas e córregos.

Interlagos é prova disso.

2. Investidas contra o ministro Sérgio Moro. Breve relatório

Eu imaginava que Sérgio Moro fosse odiado por aquela ala falante e silenciosa das ditas esquerdas após os escândalos patrocinados pelo petismo e apurados em parte resultando na condenação de Lula e de outros a partir da primeira instância. A prisão de Lula está em vias de completar 15 meses.

Então, o ódio reinante trouxe para o país um certo Glenn Greeenwald - radicado no Rio de Janeiro e casado com o brasileiro David Miranda - que pela sua The Intercept teria 'haqueado' diálogos entre Moro e Dallagnol havidos no WsApp em momentos graves da Operação Lava Jato, cheia de pressões, então,  não só dos adeptos de Lula mas até por manifestações de ministros do STF simpatizantes.

A imprensa não perdeu tempo dando ampla repercussão.

A Rede Globo, assisti um trecho de reportagem, para divulgar os supostos diálogos, se valeu de matéria de jornal de São Paulo que apresentava datas nas quais teriam ocorrido, aproximadamente.

Para essa Rede está mais fácil atribuir a outros órgãos aquilo que pode ser desmentido depois, ou não tem capacidade mais de buscar ela própria suas fontes, convalidando ou não a notícia.

Nessa disposição em atacar Sérgio Moro, a cada dia uma nova mensagem divulgada por esse portal 'interceptador' e a imprensa, sem checar a sua veracidade parte para o estardalhaço.

De um modo geral, estou para descobrir o que queremos para o país, se a mudança ética iniciada ou a manutenção ou volta das negociatas, a corrupção que prendeu tantos e quantias vultosas recuperadas.

Ora direis, mas o juiz não pode dialogar com membros do MP, sobre matérias que constam do processo.

O que pensam esses detratores? Que os membros MP não dialogam com o Juiz? Eles trombam nos corredores do Fórum cotidianamente. Que o advogado não conversa com o juiz e com o promotor?

Ai, a defesa de Lula diz ser suspeito o juiz Moro porque condenou Lula pensando na eleição de Bolsonaro para ser nomeado ministro… a que ponto chegamos de conversa fiada.

Por último a sempre presente opinião contraditória de Gilmar Mendes, crítico sem causa Lava jato e seus resultados, como se ele próprio não dialogasse com políticos enrolados:

Informa o jornal o “Estado” de 28.06.19 o seguinte

Crítico severo da Operação Lava Jato e da atuação do juiz Sérgio Moro e do procurador da força-tarefa do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, o ministro do Supremo Tribunal Federa Gilmar Mendes votou no último dia 11 pela concessão de habeas corpus para considerar nulas provas produzidas no processo e pelo encerramento de ação penal contra um homem acusado por tráfico de entorpecentes – contra o qual a polícia usou dados extraídos de seu aplicativo WhatsApp sem autorização judicial.

A decisão que beneficiou o acusado por tráfico foi tomada por Gilmar dois dias depois da divulgação pelo site The Intercept de diálogos atribuídos a procuradores e ao ex-juiz da Lava Jato no Telegram.”

Explicações sobre essas contradições ele fez, mas não podem ser levadas a sério.
Registro, porém, entrevista sensata que deu ao mesmo jornal “O Estado” no dia 29.06 na qual aborda o tema.

Hoje houve movimentos nas ruas de apoio a Sérgio Moro. Neste momento não há balanço de participações, mas milhares são as manifestações em prol dele e da Lava Jato. Há um sentimento ou esperança de que tudo caminhará nos rumos traçados, “apesar de vocês”.

A imagem pode conter: atividades ao ar livre

Av. Paulista, pró Moro (dia 30.06.2019)





terça-feira, 18 de junho de 2019

HÁ FARSANTES GERINDO O MEIO AMBIENTE?


AS ATITUDES INDICAM QUE SIM.

O Governo Bolsonaro peca pelos excessos: tenta liberar armas e inclui algumas de grosso calibre causando espanto para milhões que não se preocupam com elas; apresenta o projeto de prorrogação da validade das carteiras de motorista e de modo exacerbado dobra os pontos para perda da habilitação pelas transgressões no trânsito e de certa maneira desqualifica as cadeirinhas obrigatórias que se prestam a proteger a integridade de crianças em colisões, com redução de punição no descumprimento dessa medida de segurança.

O que poderia ser recebido como novidade, com tais excessos, porém, geram polêmicas desnecessárias e má vontade aos projetos com tais proposições. Trata-se do perfil bronco, da precipitação, que ainda predomina.
Mas, não esse o tema que me motiva nesta incursão: na verdade, continua sendo a questão ambiental que vai sendo tratada como um peso político quase supérfluo e combatida pelo atual Governo e, pior, com um Ministro do Meio Ambiente agindo como um farsante.










0 Ministro Ricardo Salles tem se apresentado como o agente da omissão, discursos vazios, antiecológico que, sob o argumento de rever todas as políticas ambientais que vigoraram até antes da posse de Bolsonaro, na verdade vem desmontado o que ainda funcionava.
Vejam o incidente constrangedor que provocou ao se referir ao encontro a ser realizado em Salvador, organizado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), um dos eventos preparatórios à Conferência do Clima (COP25), que será realizada em dezembro deste ano em Santiago: anunciara o Ministro Salles que o Governo Federal havia cancelado o evento expondo o seguinte:
"Nós não aceitamos receber porque é uma ação na esteira da COP25. Não faz sentido receber um evento da conferência do Clima se não vamos sediá-la”. (1)
Em entrevista ao G1 completou a “pérola” da ignorância:
“Vou manter um encontro que vai preparar um outro, que não vai acontecer mais no Brasil, por quê? Não faz o menor sentido, vai para o Chile! Vou fazer uma reunião para a turma ter oportunidade de fazer turismo em Salvador? Comer acarajé?”. (2)
Comer acarajé somente? Que atitude desqualificada! Ora, os visitantes não comerão somente acarajé mas levarão a Salvador outra sorte de consumo e certamente de simpatias.
Às estranhezas do prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto sobre esse anúncio e pelas razões menores apresentadas, desistiu o Governo Federal de cancelar o encontro.
São as exacerbações do Governo Bolsonaro que justificam o discurso do falastrão do ambiente que tenta fazer média com o chefe, age como um menino de recados e muito pouco de preservação ambiental.
Mas, se o Ministro age com tanta exacerbação, o discurso de outro membro do governo aponta o descaso com a floresta Amazônica que vem sendo devastada com rapidez nunca vista.
Com efeito, disse recentemente o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que se afina ao ataque ao ambiente inaugurado por Bolsonaro porque no fundo há o interesse em diminuir ou extinguir áreas de preservação:
“Não aceito essa história de que a Amazônia é patrimônio da humanidade, isso é uma grande bobagem. A Amazônia é brasileira, patrimônio do Brasil e tem de ser tratada pelo Brasil em proveito do Brasil.” (3)
Essa gente é imediatista, não pensa no que a degradação ambiental pode significar de trágico para as próximas gerações, com o aumento demográfico, com a poluição do ar e das águas, a explosão do lixo plástico espalhado no meio ambiente, pelos mares.
Então o general, aliado de Bolsonaro, excluiu o Brasil da humanidade!
Mas, por trás da Amazônia “em proveito do Brasil” há um significado trágico: a madeira legal ou ilegal continuará sendo exportada para o resto da humanidade, especialmente para a do 1º mundo e os pastos que avançam sobre áreas devastadas das florestas – o “plantio” de gado – com todos os efeitos secundários desastrosos há que lembrar que imensas áreas de plantio de soja, 1/3 delas é destinada à ração animal.
E, então, dessas imensas áreas degradadas por pastos e para alimentação do gado, resulta na produção de carne destinada à humanidade que baba num bife. E respira a fumaça contaminada dos churrascos
Para mim, o discurso mais retrógrado é aquele que afirma poder o Brasil fazer o que quiser com suas florestas porque o resto do mundo, a “humanidade”, acabou com as suas. Pois é exatamente por isso que devemos preservar nossa biodiversidade principalmente a Amazônia.

Em matéria ampla, o jornal “O Estado” registrou os “maiores números de desmatamento na Região Amazônica de toda a história”, porque “desde agosto, a devastação ilegal continua e atinge, em média, 52 hectares da Amazônia/dia”.

Informa, ainda, o jornal que o “novo problema é que os dados mais recentes, dos primeiros 15 dias de maio, são os piores porque foram perdidos oficialmente em uma quinzena 6.880 hectares de floresta preservada na Região Amazônica, o mesmo que quase 7 mil campos de futebol. Esse volume ainda está próximo do desmatamento registrado na soma de todos os nove meses anteriores, entre agosto de 2018 e abril de 2019, que chegou a 8.200 hectares.” (4)

Em janeiro de 2019, o SAD [Sistema de Alerta de Desmatamento] detectou 108 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 54% em relação a janeiro de 2018, quando o desmatamento somou 70 quilômetros quadrados. (5)
Para essa situação catastrófica do ponto de vista ambiental, o Ministro, que já fugiu do Senado para não responder perguntas que o comprometeriam, sai com evasivas e culpa os governos passados mas pouco diz sobre suas ações para coibir a agressão crescente às florestas.

Na verdade, ele não apresentou até agora qualquer projeto. Há indiferença ou insensibilidade pelo que podem significar as mudanças climáticas que já se sente, para as futuras gerações.

Ademais, a devastação não se dá apenas na Amazônia, mas também na Mata Atlântica.
Há pouco em editorial, o jornal “O Estado” destacava a diminuição em 9,3% em 2017-2018 em relação a 2016-2107 de desmatamento nessa reserva como se isso fosse algo a comemorar. A diminuição significa que a devastação continua, apenas em ritmo menos intenso. A comemoração seria justificável se o corte fosse zero. Ou se houvesse a compensação pela reposição sistemática de replantio. (6)
Em entrevista recente ao mesmo jornal, José Pedro de Oliveira Costa, arquiteto e professor há 41 anos na FAU e atuando agora no Instituto de Estudos Avançados da USP, é um batalhador ambiental com currículo respeitável na matéria, defendeu sua tese na Universidade da Califórnia com o título bem sugestivo,  “História da Destruição das Florestas Brasileiras”.
Ele observou a perda de respeitabilidade do país pelo retrocesso que se verifica na política de preservação ambiental e invoca Deus:
“A rapidez do ritmo de extinção da biodiversidade prenuncia um prejuízo tremendo. Nessa questão, aliás, me espanta ver a atuação da bancada evangélica no Congresso, que é um dos pilares do atual governo. Porque toda essa natureza, a biodiversidade, é obra de Deus, a criação das plantas e animais… Não bastasse o aspecto científico, temos também o religioso. A natureza tem o direito de existir. O homem não tem o direito de extingui-la. O que você tem, de fato, é 1% dos cientistas que não acreditam que as mudanças climáticas estejam ocorrendo por causa da ação humana. Os outros 99% acreditam.” (7)

Mais que isso, é o chavão pronunciado sempre em manifestações de Bolsonaro, invocando “Deus acima de todos”.

Ou ele pensa que a biodiversidade não tem muito de divindade?

O significado filosófico de uma mata densa – o seu silêncio.
Expliquem a composição do abacate, a doçura do abacaxi, tão doce duma planta agressiva, das laranjas, da melancia…

Dos lindos pássaros que habitam as florestas, os animais...

Sim, há muita divindade nisso tudo.

Estamos destruindo o paraíso.

Referências:
1 – Jornal “O Globo” de 13.05.2019
2 -  Portal G1 de 14.05.2019
3. Revista “Exame” de 10.05.2019
4. Jornal “O Estado” de 22.05.2019
5. Boletim “Amazon” de 28.02.2019

Trecho de relatório recente do Greenpeace:
"Por causa da ganância dessas grandes corporações, o Cerrado, a caixa d’água do Brasil, e a Amazônia estão sendo devorados em velocidade alarmante. Esse rastro de destruição é provocado pela produção de soja, algodão, milho e outros produtos que serão exportados — muitos deles usados para ração animal mundo afora –, acabando com a nossa rica biodiversidade e ameaçando as comunidades tradicionais que vivem nessas regiões.
Os dados são estarrecedores: desde 2010, a produção e o consumo de commodities agrícolas ligadas ao desmatamento, como gado, soja, óleo de palma, borracha e cacau, vem aumentando vertiginosamente. Oitenta por cento do desmatamento global é resultado direto da produção agrícola. No Brasil, entre 2010 e 2017, as fazendas de soja e gado eliminaram quase cinco milhões de hectares do Cerrado."
6. Jornal “O Estado” de 30.05.2019
7.  Jornal “O Estado” de 10.06.2019: “A biodiversidade é decisiva na imagem do Brasil”.