O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, queiram ou não, coloca o Brasil no seu devido lugar bem abaixo da Argentina. Comparações com os índices da FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro de desenvolvimento dos municípios brasileiros.
Na semana passada foram divulgados dois estudos que devem merecer alguma reflexão nossa: o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD) e o Índice FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) de desenvolvimento municipal – base 2009.
Embora sejam em princípio estudos distintos e apoiados em bases diferentes eles se explicam e até se completam.
O IDH tem a origem seguinte cuja explicação pode até ser considerada “oficial”:
“O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar infantil. É usado para distinguir se o país é desenvolvido,em desenvolvimento ou subdesenvolvido, e para medir igualmente o impacto de políticas econômicas na qualidade de vida. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq e pelo economista indiano Amartya Sen.” (1)
Esse estudo anual compreende 185 países.
O Brasil nesse estudo foi classificado no 84° lugar, atrás dos seguintes vizinhos da América do Sul: Equador (83°), Venezuela (73°), Uruguai (48°), Argentina (45°) e Chile (44°).
O cinco países com melhores índices, nesta ordem: Noruega, Austrália, Países Baixos (Holanda), Estados Unidos e Nova Zelândia.
No que se refere aos municípios brasileiros melhores classificados os cinco primeiros são: São Caetano do Sul, Águas de São Pedro, Niterói, Florianópolis e Santos.
Se considerados os itens da pesquisa da ONU, riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida e natalidade parece haver bastante coerência no que se refere aos municípios citados, principalmente para quem, como eu, que conhece muito os dois melhores qualificados.
Pois bem, com tais princípios, o ex-presidente Lula, mesmo com o pedido médico de moderação nos seus discursos, teria se queixado da classificação do Brasil no IDH.
Segundo declarações do seu acólito mor, Gilberto Carvalho:
“- Ele (Lula) nos deu um telefonema iradíssimo hoje, disse que (o resultado) era injusto e que a gente tinha de reagir...”
Mais tarde, o ministro disse que o ex-presidente falou das divergências entre a metodologia usada pelo Pnud, e os números do governo brasileiro. O próprio ministro defendeu cautela nesse debate, mas ressaltou que os indicadores sociais brasileiros estão melhorando.
- Ele sabe que tem uma questão de metodologia nessa avaliação do Pnud e que os números brasileiros não foram utilizados. Com todo o respeito, porque precisa muita cautela nessa questão, nós entendemos que vale uma discussão em torno da metodologia que é usada. Temos consciência de que nossos indicadores sociais cresceram e seguem crescendo, mas não queremos entrar numa polêmica sobre isso.” (2)
Há reações de Lula que são inaceitáveis. Melhor que se calasse. Afinal de contas ele fora presidente da República e sabe ou deveria saber que naqueles sertões e periferias das cidades do NO/NE é muita a miséria, a pobreza absoluta e carências. Não será pelo convencimento que se autoimpõe e impõe aos seus eleitores desinformados com seus arroubos que a situação brasileira melhorará.
Um dos elementos que compõe a IDH é exatamente esperança de vida e natalidade compreendendo aí a assistência médica pública. Será preciso dizer algo mais?
No que concerne à riqueza, alfabetização e educação, tanto quanto na assistência médica precária, no conjunto do Brasil, tudo vem sendo há muito atrapalhado pela corrupção desenfreada e até agora tolerada. (3)
Esse é o Brasil de hoje, o país que herdamos do governo Lula.
No que se refere aos índices divulgados pela FIRJAN, os critérios de analise se referem a três pontos básicos: “Emprego & renda, Educação e Saúde” que determinam o denominado “índice de desenvolvimento dos municípios brasileiros.” Foram analisados todos os 5.554 municípios brasileiros.
Nessa classificação da FIRJAN, dos 15 melhores municípios, 14 são de São Paulo. O único fora do Estado de São Paulo é Lucas do Rio Verde do Mato Grosso. Os cinco primeiros são: Barueri, Paulínia, Araraquara, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Parece-me que com o item “Emprego e Renda”, a classificação apresentada pela FIRJAN altera resultados em relação aos IDH: pelo estudo da FIRJAN São Caetano do Sul foi classificado em 54°, Águas de São Pedro – cidadezinha “jardim”, turística por excelência - em 460° e até mesmo Campos de Jordão, badaladíssimo, em 1149°.
Dos 50 municípios com melhor classificação pelo estudo FIRJAN 39 estão no Estado de São Paulo.
O Brasil não é São Paulo, mas São Paulo é o Brasil que melhor seria na classificação do IDH se a pobreza e a carência de recursos não obrigassem milhões de nortista e nordestino a rumarem para o Sudeste em busca de melhor sorte e um mínimo de qualidade de vida. As favelas aí estão para demonstrar isso.
Referências no texto:
(1) Wikipedia
(2) “O Globo” de 03.11.2011
(3) V. artigo de Humberto Mesquita que trata desse assunto, mesmo numa cidadezinha remota, Traipu, no sertão das Alagoas
Fotos:
(1) Águas de São Pedro (SP), com alto IDH (2°)
(2) São Caetano do Sul (SP) 1° em IDH e 54° pelos estudos da FIRJAN
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