Esses
pesadelos noturnos que me atacam
Há pouco
me dera em dar uma olhada na ascensão de Hitler – o Führer - no governo alemão
e, a seu lado, um fiel escudeiro, Goebbels – aquele de célebre frase, “uma
mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”. Não só, mas ambos com a
insistente propaganda de elevação ao extremo do culto à personalidade, fez de
Hitler uma presença sonambúlica na mente da grande massa alemã.
E dele um desastre mundial.
Os
alemães nos tempos do nazismo, perderam a censura aos atos de violência e
extermínio porque qualquer um que não fosse medido nas réguas da raça superior
ariana faria parte da fila do extermínio inapelável.
Essa fila
significou milhões de pessoas mortas nas câmaras de gás, vítimas de fuzilamento
e o que mais pudesse ser aplicado naquele momento.
Eu me
refiro a essa tragédia humana apenas para destacar o culto à personalidade e a
obediência cega, mas, sobretudo, a atitude de homens e mulheres que se tornam
obcecados pelos seus líderes.
E não há
efeito nenhum ao ser demonstrada a verdade dos atos ignominiosos praticados por
certos líderes, porque a “mentira os libertará”.
Do livro “1984”
de George Orwell destaco este trecho de minha resenha:
“Orwell não
dá esperanças: Winston, o herói "dissidente", como desejado,
submetido a todas as torturas e sofrimentos, "espontaneamente", com
convicção, se convence que "dois e dois são cinco". O seu axioma
antes fora: "A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são
quatro; admitindo-se isto, tudo o mais decorre".
No auge de sua
"recuperação" passa a amar o "Grande Irmão".
Amar o grande irmão a força, mas
a grande massa, submetida a intensa propaganda pela “teletela, é incentivada ao
não raciocínio porque o “Grande Irmão zela por ti”. (*)
Já disse
isso, escrevi sobre isso, sobre “ O Anticristo”, um livro que li há pouco para
conhecer um dos pensamentos delirantes de Friedrich Nietzsche que não pode ser
subestimado pela legião de estudiosos de sua obra.
Mas,
nesse livro, além da crítica implacável ao cristianismo, o autor destaca que o “homem
superior” não pode ter compaixão, porque esse sentimento o enfraquece. E, nesse
diapasão, a tragédia humana haveria que ser encarada com absoluta indiferença
pelos circunstantes.
Não é,
todavia, hipócrita, Nietzsche. Ele não faz “média” a qualquer religião
embora informe numa das suas linhas, que o islamismo, por desprezar o
cristianismo, é constituído de verdadeiros homens. (**)
Entendo
que o cristianismo “puro” é um conceito interior, de espiritualidade. Não
convence, salvo aos obcecados que acreditam que “a mentira os libertará”,
gritar-se cristão e agir contra o cristianismo nos seus ensinamentos mais
elementares. E porque ele conta, sobretudo, com a compaixão.
O Brasil
de hoje
Primeiro
a pandemia do novo coronavírus. Decisão acertada transferiu o STF aos Estados e
Municípios o controle das medidas de prevenção da doença e, claro, ficando o
Poder Central com as medidas de apoio e de coordenação pelo Ministério da Saúde.
A doença
de modo vagaroso, mas sistemático vai fazendo vítimas.
O governo
Bolsonaro, contrariado pela exclusão de tais medidas em nível nacional, até
porque pretendia implantar medidas temerárias de prevenção “vertical” que
consistiam em isolar apenas os indivíduos em grau maior de risco – critério
desmentido pela realidade da pandemia que atinge todas as idades – não se
cansou de sabotar qualquer tentativa séria de isolamento proposto pelos
governadores.
Não
assumiu como seria o seu dever dar o exemplo quanto ao isolamento e uso de
máscaras e sistematicamente promoveu aglomerações, sem se preocupar com os
riscos que corriam aqueles que o bajulavam. Quantos desses foram para os
hospitais em Brasília?
Bolsonaro a cavalo por ocasião dos 30 mil mortos, vítimas da pandemia. Depois, aglomerações.
Bolsonaro a cavalo por ocasião dos 30 mil mortos, vítimas da pandemia. Depois, aglomerações.
Beirando neste instante das 75 mil mortes (em julho a “meta” será 100 mil? - “E dai?”),
sua propaganda desqualificada atribui aos prefeitos e governadores a culpa pelo
desemprego e pelo avanço da doença.
Uma postura censurável sob todos os pontos de vista, mas aceita pelos obcecados defendendo seu modo de agir, ainda que indiretamente negando o cristianismo que alega professar porque seu vocabulário de baixo calão do pior nível não pode atrair divindades relativas ao “deus” que invoca.
Não se espera sua santidade, apenas coerência.
Uma postura censurável sob todos os pontos de vista, mas aceita pelos obcecados defendendo seu modo de agir, ainda que indiretamente negando o cristianismo que alega professar porque seu vocabulário de baixo calão do pior nível não pode atrair divindades relativas ao “deus” que invoca.
Não se espera sua santidade, apenas coerência.
E não
somente nesse tema as mensagens mentirosas (as “fake news”) rodaram às
centenas, algo parecido com a repetição da mentira se tornará uma verdade (“a
mentira os libertará” – os seus homens obcecados vibram com elas porque têm
como confirmar o seu “amor” pelo líder “espezinhado pelos inimigos”).
[As mentiras e distorções chegaram a tal ponto que o "Facebook", dos bolsonaristas, excluiu dezenas de páginas provindas do denominado "gabinete do ódio"]
[As mentiras e distorções chegaram a tal ponto que o "Facebook", dos bolsonaristas, excluiu dezenas de páginas provindas do denominado "gabinete do ódio"]
Pior que a propagação das “fake news” seria uma
forma de liberdade de pensamento. Hoje há entre os obcecados do presidente e
outros que defendem essa distorção. Um absurdo ao aceder ao princípio de que a
mentira significa "liberdade de expressão"!
Não,
nesse emaranhado todo, não houve tempo para ou interesse à compaixão. Então, o “homem
superior” de Nietzsche no seu “O anticristo” prevaleceu, nos atos e nas
palavras de Bolsonaro.
֍ ֍
A segunda
questão que neste meu canto me leva à emoção é a destruição irresponsável da
Amazônia, como política bolsonarista.
A
insanidade chegou a tal ponto, nesta hora que escrevo, que até empresários
nacionais e internacionais - afeitos à linguagem do dinheiro - fazem apelos sinceros no sentido de acabar com as queimadas
e grilagens na floresta, preservar a Amazônia e a vida indígena que lá
sobrevive. Quanto a esta, o desprezo constatado no dia a dia parece ir se
materializando - eu não digo (ainda) em prática genocida silenciosa.
Todos se emocionam em ver um animalzinho doente, maltratado
pelas ruas, abandonado. Imaginaram os milhões deles, de múltiplas espécies que
são ceifados pelos incêndios e devastações das matas, seu habitat natural? E o
que mais choca é o bolsonarismo não se dar conta disso na sua “religiosidade”. (***)
É que há
a consciência de que o planeta e sua natureza não agem de modo estanque. Tudo
está ligado com tudo e à ação criminosa, como se dá no ataque ao ambiente, há a
reação planetária e, nesse diapasão, a pandemia de agora que os maiores cientistas ainda
não a explicam de modo convicto.
Muitos são os que acreditam nessa correlação, mas silenciam para não parecerem "esotéricos" demais, neste mundo da linguagem do dinheiro, das coisas materiais, embora a vida seja curta e, à sua extinção, também ninguém explica.
Muitos são os que acreditam nessa correlação, mas silenciam para não parecerem "esotéricos" demais, neste mundo da linguagem do dinheiro, das coisas materiais, embora a vida seja curta e, à sua extinção, também ninguém explica.
No que se
refere, porém, às mudanças climáticas para pior que vem se agravando com a
poluição do ar, dos oceanos e com a perda dos fenômenos que a mata produz em
relação à melhoria do clima, todos os que tenham um mínimo de discernimento,
sabem disso. E, também, há que se pensar nas gerações futuras.
O desprezo ambiental exacerbado na Amazônia pelo governo Bolsonaro
Enquanto isso, em matéria de vida e morte o coronavírus vai ceifando vidas sem cessar especialmente no Brasil e Estados Unidos.
Por tudo
que tenho visto e lido nestes últimos dias os bolsonaristas radicais e obcecados
pela postura do seu líder que tudo o que fala por pior que seja a falsidade ou
a distorção, é retratado como verdade a ser divulgada de modo até irresponsável.
“A mentira vos libertará”. Repita-a muitas vezes e
ela será a “tua” verdade.
Na
questão ambiental, aqui no meu canto como costumo dizer, tenho o direito de
dizer, “eu não disse?” no tocante à desastrosa política ambiental do governo Bolsonaro
tão predador quanto seu ministro anti-ambiental por tudo o que escrevi desde a
posse.
Os tempos
são de temor, de trevas e de ignorância razões que clamam a luta a ser empunhada pelos que, como eu, não aceitam esse descaso.
Porque todos
aqueles que percebem estes tempos turvos, percebem essa nuvem negra encobrindo
o planeta "materializada" por essas forças vandálicas que predominam nestes tempos.
A guisa
de conclusão
1. Aquela
introdução acima tem a ver com a falsidade oficializada no regime nazista – “a
mentira repetida muitas vezes se torna verdade” – o culto obsessivo à personalidade do líder
por uma massa de milhões levada a sequer a não pensar na tragédia diante dos seus olhos, anulada pelos seus encantos de poder;
2. A perda
de liberdade em dizer que dois e dois são quatro - qualquer mentira proferida e repetida afeta essa liberdade;
3. E a
indiferença com o sofrimento alheio rareando a compaixão, faltando aquele sentido superior
da religiosidade.
Explicando, por fim...
No tocante ao bolsonarismo e o culto à personalidade de seu líder, além do já exposto, cheguei à conclusão de que há, realmente, um quadro obsessivo
em relação a Bolsonaro ao constatar a reação de amigo de mais de meio século que
comigo enfrentou desafios interessante na vida estudantil em São Caetano do Sul, que se valeu do
baixo calão – uma característica do bolsonarismo – porque talvez não tivesse
meios de combater meu posicionamento em artigos diversos em relação ao governo atual ou
se tivesse, não quis perder tempo expondo suas ideias faltando com o padrão de
debate sadio pelo menos em homenagem à longa amizade. Preferiu o baixo calão.
Referências no texto:
(*) "1984" de George Orwell.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/07/12-1984-de-george-orwell.html
(**) "O Anticristo" de Friedrich Nietzsche.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html
(***) Meu artigo "A alma da floresta e os animais viventes".
Acessar: https://martinsmilton.blogspot.com/2020/05/a-alma-das-florestas-e-os-animais-almas.html
Referências no texto:
(*) "1984" de George Orwell.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/07/12-1984-de-george-orwell.html
(**) "O Anticristo" de Friedrich Nietzsche.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html
(***) Meu artigo "A alma da floresta e os animais viventes".
Acessar: https://martinsmilton.blogspot.com/2020/05/a-alma-das-florestas-e-os-animais-almas.html
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