segunda-feira, 15 de agosto de 2011

CORRUPÇÃO E O COMBATE: APENAS UM COMEÇO

(v. legenda)

As denúncias se sucedem e as exonerações têm sido impostas aos denunciados do governo Dilma. Um alento e a coragem esperada para revolver outros escalões.
“Ao lado do vício da corrupção caminha junto a “cultura” da impunidade, a certeza dela. A nossa vergonha!”


Não poucas vezes demonstrei minha indignação com o que se passa nos altos escalões do governo cujo tema, dia após dia, não há outra coisa que não sejam notícias de corrupção em larga escala.
Afinal de contas, o governo depois de oito meses, começou a governar?
Até agora, por conta desses escândalos, a presidência o que faz é exonerar membros dos cargos de confiança não só de primeiro escalão mas de escalões menores, envolvidos em falcatruas de toda ordem.
Há algumas semanas, a suspeita sobre o enriquecimento de Antônio Pallocci que não se explicou, depois - e que escândalo -, a corrupção no Ministério dos Transportes e o esquema que ali se estabelecera para os desvios de verbas públicas. Agora aparecem sob denúncias o Ministério da Agricultura e o Ministério do Turismo no qual se criou, em seu primeiro e segundo escalões, um engenhoso meio de desviar recursos públicos. É cedo para, com dedo em riste – embora sejam consistentes as acusações – acusar de modo peremptório a deputada Fátima Palaes do Amapá no escândalo do turismo. Mas, os indícios vão se revelando até que deixam de ser meros indícios e a empurrem para uma situação insustentável. Os fatos dirão.
Será bom lembrar aos mais conformados que quando se mencionam “recursos públicos” eles são nada menos que parte dos impostos que todos os brasileiros pagam, não só pela renda, mas até mesmo sobre gêneros alimentícios considerados de primeira necessidade. Os “recursos públicos”, pois, são os nossos recursos que esses bandidos, sem caráter, inescrupulosos desviam sem dó e sem peso na consciência.
Não me parece que em tempo algum neste país, as coisas estiveram assim tão sórdidas, tão descaradas.
Arraigou-se o vício da corrupção e de tal modo que, pelo quão fugaz é a imprensa, depois de um tempo, os protagonistas da roubalheira são esquecidos e o dinheiro roubado não volta aos cofres públicos.
Ao lado do vício da corrupção caminha junto a “cultura” da impunidade, a certeza dela. A nossa vergonha!
Todos repetem que políticos não vão presos e sequer os administradores desonestos que infestam a administração pública.
Quanto a esse conceito de que a cadeia não tem espaço para políticos, o ministro Joaquim Barbosa do STF, que não posso deixar de reconhecer posturas polêmicas, relator do mensalão, numa entrevista recente a certo ponto disse o seguinte:
“(...) O foro privilegiado foi uma esperteza que os políticos conceberam para se proteger. Um escudo para que as acusações formuladas contra eles jamais tenham consequências.
E, pelos exemplos recentes, parece que tem realmente funcionado. Político na cadeia? Vai demorar muito ainda para que se veja um caso. Um processo criminal, por colocar em jogo a liberdade de uma pessoa em única e última instância, tem de ser um processo feito com a máxima atenção. É difícil conciliar esse rol gigantesco de competências que o Supremo tem com a condução de um processo criminal. Coordenar a busca de provas, determinar medidas de restrição à liberdade, invasivas da intimidade. são coisas delicadíssimas.”

Enquanto as regras forem essas, estaremos “condenados” a assistir a roubalheira praticada por esses desonestos o que dá certo mérito à presidente Dilma Rousseff que vem exonerando membros dessa malta mesmo que seja herdada do governo Lula que preservou a “governabilidade”.
Um trabalho ainda incipiente mas se tiver coragem a presidente em continuar o expurgo à corrupção, muito ainda será revelado.
E, claro, terá dificuldades com sua bancada no Congresso. Os partidos mais atingidos tendem a se afastar da aliança. E também os contrariados que se acostumaram com o “tráfico” de verbas públicas.
E, vejam, há, por outra, até resistências do PMDB pela supressão de verbas para obras em redutos eleitorais dos deputados proponentes. Esperam a festa ávidos pela gastança; não aceitam a “frustração” dos interesses contrariados.
Embora desesperançoso, ainda espero que este país mude um dia.

Legenda da foto:
O jornal francês Le Figaro edição de 11.08.2011 publica uma reportagem sobre a onda de corrupção enfrentada pela presidente Dilma Rousseff. Manchete do jornal francês: "o governo brasileiro foi pego pela corrupção".

Um comentário:

  1. Grande Milton, está errada a manchete do Le Figraro... Os últimos governos é que se (a)pegaram à corrupção.

    Parabéns pela matéria, extremamente pertinente e oportuna.

    Abração

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