Funcionários públicos bem
remunerados, pela greve tentam alcançar salários irreais num país tão cheio de
coisas por fazer. Os maus salários dos professores federais se comparados com
meros cargos burocráticos.
Diria que de repente, num
movimento sincronizado por entidades sindicais diversas, inúmeras categorias de
funcionários federais deflagraram greves nacionais que individualmente não os afeta – afinal os grevistas têm a certeza de que o ponto será mantido...
Ora, brasileiros, esse é o
seu país, o país da miséria e da soberba!
Tratando-se de paralisação
generalizada, na qual há um suposto direito sendo reivindicado, qual o
“direito” que têm esses grevistas em tumultuar a vida de milhões de brasileiros
retidos em filas intermináveis, nas estradas, nos aeroportos, portos e
rodovias?
Ora, brasileiros, esse é o
seu país, de generalizada impunidade.
Esses movimentos
pré-grevistas ou grevistas, principalmente em São Paulo, têm a ousadia de, frequentemente,
pararem a avenida Paulista para nada além do que mostrar “força”, mas o que
demonstram é insanidade.
E os que precisam trabalhar
para ganhar o seu dia-a-dia são impedidos a tanto, na sua liberdade de ir e
vir.
Pior, para demonstrar
“força” ou impressionar, com alguma frequência, partem para a queima de pneus
material altamente poluente, um escárnio a tudo quando se exija de um mínimo de
civilidade.
Muitas das categorias em grave ganham bem,
muito acima da média nacional, numa variável que vai de R$7 mil a R$20 mil.
Sirvo-me,
para ilustrar, dos salários das Agências Reguladoras:
O cargo de especialista tem salário de início ao fim da carreira
variando de R$ 10.019,00
a R$ 17.479,00. Os analistas têm remuneração que varia
de R$ 9.623,00 a
R$ 16.367,00, e em postos de nível superior, varia de R$ 7.285,00 a R$ 12.131,00.
Funcionários de nível médio, com cargos de técnico administrativo, recebem de
R$ 4.760,00 a
R$ 7.665,00. (1)
Alguns cargos específicos com salário inicial de R$12.960,00:
analista do Banco Central, analista e inspetor da Comissão de Valores
Mobiliários, analista-técnico da SUSEP, oficial da Inteligência da ABIN.
Reivindicação: 60,29% pelo que os salários ficariam em torno de
R$20.780,00. (2).
Confesso que ainda não consegui interpretar esse conluio de
greves, se a origem provém de arremetidas da CUT ou de sindicatos exacerbados. Talvez esperassem o "tapete vermelho" da Presidência nas suas movimentações e reivindicações.
Mas, os elevados pleitos, se atendidos, mesmo em parte,
sacrificarão ainda mais os contribuintes brasileiros que, de regra, de muitos desses grevistas, sempre receberam serviços ruins.
E salários nesses níveis, certamente resultarão em “reação em
cadeia”. Aí, os congressistas resolvem elevar seus próprios e já elevados
vencimentos, os deputados fazem o mesmo guardando a proporção e os vereadores –
estes especialistas em conceder títulos honoríficos.
E por aí vai...
Professores & educação
Os professores das Universidades Federais estão também em greve
há meses (desde 17 de maio) e também pleiteiam reajustamentos. Há distorções
reais nos níveis salariais dos professores: com doutorado, em regime de
dedicação exclusiva o salário mensal é de R$7.627,00. Se o professor se
submeter a concurso para obter o nível de professor titular, então o salário
será de R$12.225,25. Mas, sempre com grau de doutorado.
Desses cargos acima, inclusive burocráticos, com remuneração
superior à dos professores universitários, quais têm como exigência
acadêmica, o grau de doutorado? Mesmo de mestrado?
De um modo geral, analistas apontam verdadeira “bagunça” na
política salarial do governo, com distorções insuperáveis. Os professores,
pois, estão numa faixa inferior a de múltiplos cargos exercidos sem muita ciência,
burocráticos essencialmente, distribuidores de papeis.
Essa distorção salarial em relação aos professores federais tem,
no outro extremo, os esforços do Governo em melhorar os níveis de
aproveitamento dos alunos.
No dia 14 último foi divulgado o “índice de desenvolvimento da
educação básica” (Ideb) revelando pequenos avanços no ensino fundamental e na
5ª a 8ª séries.
Mas, a despeito desses avanços modestos, na observação que se
faz no dia-a-dia, nas informações que chegam de fontes diversas, os alunos
aprendem pouco e a maioria sai da escola com conhecimentos muito aquém do que
fora proposto nos currículos. Semialfabetizados.
No ensino médio, porém, cujos alunos já batem nas portas do
ensino superior, a média assumida para o ‘ideb’ fora de 3,7. Dez estados mais o
Distrito Federal atingiram essa média mas ela não reflete relevâncias no nível
de aprendizado. É o que dizer dos demais estados que ficaram abaixo dessa média
almejada?
Há uma recorrência que sempre se pensa quando a educação é
colocada em evidência como se deu com a divulgação do “índice de
desenvolvimento da educação básica” (Ideb): a avaliação é feita sobre os alunos
– os professores, de regra, são pouco lembrados.
O descaso com os professores que vai da deficiência da estrutura
escolar, de pesquisa, de recursos à baixa remuneração tem reflexos diretos
sobre esses índices de aproveitamento. No âmbito universitário, com as exceções
que existem, a mesma deficiência se observa. No âmbito das Universidades
Federais ocorrem, também, as distorções salariais como acima apontado.
Nesse contexto – se há renovada esperança oficial na melhoria do
ensino - há uma categoria que precisa ser reavaliada, então, exatamente a dos
professores, em todos os graus mas, especialmente, no âmbito universitário. Os
salários dos professores da Universidades Federais são baixos.
Mais, ainda, porque o seu
empenho deverá ser redobrado com projeto mui demagógico e impensado de reservar
50% das vagas para cotas raciais e agora estudantes provindos do ensino
público.
Com todo respeito a eles que estudaram com sacrifício em escolas
públicas deficientes e mal estruturadas e professores nem sempre preparados –
porque os salários impedem os mais aptos às salas de aula: imagino o impacto
desses estudantes numa universidade com professores se esforçando para
ensinar...
...
O fim da greve, de um modo ou outro, não resolverá, com certeza, a remuneração subestimada dos professores que precisam de reavaliação
particularizada.
Referências:
(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 12.08.2012
(2)
Jornal “O Estado de São Paulo” de 17.08.2012
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