Na
questão ambiental, Bolsonaro revelou indisposição e críticas às
atuais práticas de preservação.
De
modo até temerário, certamente que por pressão de produtores
rurais, aí fortemente incluídos os criadores de gado, ameaçou
deixar o Acordo de Paris cuja proposta é a redução de emissões de
dióxido de carbono (gases do efeito estufa) a partir de 2020,
objetivando não elevar a temperatura global acima de 1,5% em relação
à que prevalecia nos tempos pré-industriais.
Nessa
linha de mudança radical no possível descaso ambiental artigo que
aqui publiquei, fiz referência ao idoso general Oswaldo Ferreira que
dissera que no tempo dele no tocante à devastação florestal, “não
tinha MP e Ibama para encher o saco”.
Chamei-o
de retrógrado, até porque a devastação se dera para “construir”
a rodovia BR-163 que como tenente então, era muito feliz porque
derrubava árvores à sua frente sem qualquer impugnação daqueles
órgãos. (1)
E
o pior é que a BR-163 tem trechos intransitáveis nas chuvas, um
desastre.
Com
pressões e estranhezas internacionais pela promessa de abandonar o
acordo de Paris o governo voltou atrás, afirmando o novo ministro do
Meio Ambiente que o país continuaria no referido acordo.
Então,
estranhamente, o jornal “O Estado de São Paulo” (2) ao enaltecer
o recuo do governo no tocante ao acordo, concluiu editorial assim,
“O
Brasil, nesse campo, é modelo de sustentabilidade ambiental. Tendo
alcançado esse feito com muito esforço e investimentos seria um
claro contrassenso que o Brasil denunciasse o acordo de Paris e se
apresentasse à comunidade como inimigo do meio ambiente.”
Surpreende que o jornal assim concluísse porque é em suas páginas que são
divulgadas com regularidade graves violações ao meio ambiente
principalmente desmatamentos implacáveis na Amazônia.
O
que está escrito no plano até pode ser um modelo, mas não a
prática cotidiana pelos flagrantes de degradação ambiental, entre
madeireiros, pecuaristas e até carvoarias.
Um
caso recente revelado pela Revista Consultor Jurídico (3) mas com
“final feliz”:
“A
1ª Vara da Subseção Judiciária de Tucuruí (PA) condenou pai e
filho considerados desmatadores a pagarem R$ 12 milhões de
indenização por danos ambientais e a recuperarem cerca de 760
hectares de área desmatada no Pará. Além da dupla, duas empresas
das quais os réus eram sócios-ocultos também foram condenadas no
processo a recompor o dano ambiental.
O
fazendeiro foi, inclusive, flagrado explorando madeira ilegalmente no
interior do projeto, sob proteção de homens armados. “
Espera-se
que essas penalidades
sejam mantidas e
outras aplicadas nessas situações.
Essas
penalidades não foram aplicadas pelo Ibama, mas pelo Judiciário,
até porque o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis, segundo Bolsonaro, se excede na
aplicação de multas, seria xiita”, pelo
que “ele
acabaria com essa festa”.
A
despeito dos recuos, o que salta às vistas é o perigo agravado com o
governo Bolsonaro.
A
nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defensora do agrotóxico e dos interesses dos
pecuaristas e grandes produtores - e que assumiu atribuição da FUNAI
na administração de terras indígenas e quilombolas -, com o intuito
de criar um “fato ambiental”, criticou a modelo Gisele Bündechen
porque faria ela críticas à degradação sempre noticiadas.Disse
a ministra que deveria ser ela, Gisele, embaixadora do país, para
dizer “que seu
País preserva, está na vanguarda do mundo na preservação, e não
meter o pau no Brasil sem conhecimento de causa". (4)A
modelo em sua resposta demonstrou não entender bem a referência ao
seu nome e, claro, se estiver
acompanhando o que se passa no seu
país
– e agora as ameaças de liberações de desmatamentos
-,
não poderia ser a embaixadora do
Brasil nessa
área.
Ora,
até há pouco o Brasil ameaçara denunciar o acordo de Paris!
E
há situações muito preocupantes: a presença de ex-deputado Valdir
Colatto, nomeado
diretor do Serviço Florestal Brasileiro, indivíduo
defensor da caça de animais e crítico da reserva ambiental que deve
ser
mantida na propriedade rural. Do
Cerrado, como se não houvesse degradação permanente nessa reserva,
critica a preservação de sua extensa área:
“Será
que podemos nos dar ao luxo, por exemplo, de preservar 90 milhões de
hectares do Cerrado, que hoje são terras férteis que podem produzir
alimentos para o Brasil e para o mundo? Até quando? O que nós vamos
fazer?”
Em
discurso já se valeu do velho argumento de que os outros países
desmataram e agora querem preservar as matas brasileiras. Velho
argumento para o aproveitamento dos maus exemplos do mundo.
Nessa
linha de raciocínio acusa a Europa de ter cerca de 0,50% de matas
preservadas, um vergonhoso equívoco do ex-deputado, porque dados
idôneos revelam que a preservação florestal naquele continente
alcança 42% (5)
Por
outra, notícias recentes informam que Noruega proibiu em seu
território a devastação de suas florestas – o
Parlamento assumiu a missão de buscar fornecimento de produtos
essenciais, incluindo a “carne” - porque
proibiu
a importação de produtos cuja produção resulte
de devastação florestal nos países de origem. (6)
A
Finlândia
tem mais de 70% do seu território com cobertura vegetal preservada.
Então,
o novo diretor do Serviço Florestal Brasileiro pode ser qualificado
com a figura da raposa cuidando do galinheiro.
No
governo Bolsonaro, pelas primeiras amostras, revelam contradições
de quem cuida do quê e uma parte que deveria cuidar é hostil ao
meio ambiente.
E
esperar para ver as
consequências dessas contradições.
Periodicamente,
a imprensa trata como positivas notícias de que houve diminuição
da derrubada florestal na Amazônia, mesmo sabendo que o que foi degradado,
significa a soma de imensas áreas. O quadro anterior agora“diminuído” fora muito maior, digamos, de 100%. Aí houve diminuição de 20%...
A
pecuária, enquanto isso, abre grandes áreas de pastagens, deita a
mata, degrada o solo, abusa de recursos naturais, incluindo a água
para manter um rebanho imenso e, para o seu sustento, 1/3 da soja
produzida que também avança sobre áreas florestais derrubadas.
Até
aonde iremos com essas práticas tão devastadoras. Não há
ameaças as gerações
futuras sujeitas a um clima agravado pelo calor, a escassez de água,
ampliação de áreas desertificadas?
Por
isso, há um desafio permanente:
recuperar as áreas degradadas pelo corte absurdo das árvores, pelas
queimadas, pelo pasto imprestável
e, obtido o reflorestamento, tornarem-se de preservação permanente.Claro
que esse diretor do Serviço Florestal Brasileiro, pelos discursos
que fez e
posições que assumiu
nesse tema tão árduo, não é a “autoridade” mais indicada para
isso.
E
isso veremos com o passar dos dias.
REFLORESTAMENTO
NO CAMBOJA. VOLTA DAS CHUVAS
O
noticioso de ONUBR traz informação importante dos efeitos ao clima
após o reflorestamento de áreas devastadas pelas madeireiras e
outras agentes predadores no Camboja. Com o reflorestamento as
chuvas voltaram beneficiando a população ao redor do monte Kulen
(7)
O
destaque dessa notícia:
“Na
montanha de Kulen, no Camboja, um projeto apoiado pela ONU Meio
Ambiente promove a restauração de ecossistemas devastados e auxilia
aldeões a encontrar meios de subsistência sustentáveis, evitando a
atividade madeireira. A recuperação da mata aumentou o volume de
chuvas, antes abundante, mas reduzido em anos recentes por causa da
perda de cobertura vegetal.”
Disse
uma das moradoras:
“As
árvores grandes que estavam aqui atraíam a chuva. Quando elas foram
embora, descobrimos que não tínhamos (mais) água e que nossa área
estava secando”, conta a moradora Yuth Thy, de 46 anos.”
Deu-se
mudança na própria educação nas escolas que passaram
a ensinar
as crianças a preservarem as florestas e um
modo é o incentivo ao cultivo de mudas que se ampliou muito. Um modo
a preservar as matas que trazem chuva!
Linhas
finais
Este
“relatório”, creio, condensa o momento atual da política
duvidosa de preservação ambiental que considero em risco pelas
últimas ações do governo Bolsonaro.
Mas,
estarei sempre neste “espaço”,
apontando os abusos e as contradições que se apresentem no tema
“ambiente”.
Temos
que sair lutando pela preservação da grande Amazônia e no
particular plantando mudas onde der, em
cada espaço.
Porque
os
recursos finitos que os meios naturais colocam à disposição, são
tratados
pela
linguagem do dinheiro, mesmo que seja uma linguagem irresponsável.
Irresponsável
porque esses recursos, se escassos, afetarão as futuras (próximas)
gerações. Se já não afetam imensas
áreas.
DISCURSO DE JAIR M. BOLSONARO NO FÓRUM EM DAVOS
No seu discurso de 22.01.2019 no Fórum Econômico Mundial em Davos, disse o presidente Bolsonaro sobre a preservação ambiental:
DISCURSO DE JAIR M. BOLSONARO NO FÓRUM EM DAVOS
No seu discurso de 22.01.2019 no Fórum Econômico Mundial em Davos, disse o presidente Bolsonaro sobre a preservação ambiental:“Brasil é quem mais preserva o meio ambiente”
"Nenhum
outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se
faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua
tecnologia e à competência do produtor rural", destacando que
menos de 20% do solo é dedicado à pecuária: "Essas
commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança
comercial e alimentam boa parte do mundo."
"Nossa
missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação
do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário
desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e
indissociáveis".
Essa
foi parte do discurso. Por causa do tamanho das florestas é que há
em seu governo defensores de sua drástica diminuição.
O
discurso, de certo modo, foi dirigido ao que queria ouvir a
comunidade internacional na questão ambiental, até pela sua ameaça
inicial de renunciar ao acordo de Paris, posicionamento que pegou
mal.
Fotos:
1ª foto: Cerrado calcinado
2ª foto: Amazônia em chamas
Referências:
(1)
Neste blog, inserção do dia 12.10.2018 (“O General retrógrado. O
derrubador de árvores”)
(2)
Edição de 16.01.2019
(3)
Edição de 13.01.2019
(4)
Jornal o Estado de 14.01.2019
(5)
G1 – Globo de 17.01.2019
(6)
Veja de 09.06.2016
(7)
Edição de 10.01.2019
"Nenhum
outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se
faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua
tecnologia e à competência do produtor rural", destacando que
menos de 20% do solo é dedicado à pecuária: "Essas
commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança
comercial e alimentam boa parte do mundo."
"Nossa
missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação
do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário
desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e
indissociáveis".
Essa
foi parte do discurso. Por causa do tamanho das florestas é que há
em seu governo defensores de sua drástica diminuição.
O
discurso, de certo modo, foi dirigido ao que queria ouvir a
comunidade internacional na questão ambiental, até pela sua ameaça
inicial de renunciar ao acordo de Paris, posicionamento que pegou
mal.
Fotos:
Um dilema. Precisamos produzir mais alimentos ou investir em controle de natalidade?
ResponderExcluirHá muito li temas de natureza esotérica, informando que o limite populacional do mundo seriam 6 bilhões de pessoas, "almas" como preferem alguns.
ResponderExcluirHoje são mais de 7 bilhões.
Partindo desse pressuposto, a que ponto chegará a terra com a explosão populacional que avança? Mais escassez de alimentos e situação ambiental insuportável pela gradativo avanço em áreas "preservadas".
Então, a questão populacional é muito grave e eu não sou otimista.