terça-feira, 9 de janeiro de 2024

UM QUASE GOLPE

O que já não se disse sobre os eventos que resultaram no 8 de janeiro de 2023?

Mas, vou acrescentando, para manter meu registro pessoal que perdura já por 15 anos na abordagem de outros eventos.


Eu assisti ao documentário da Globo News que revelou os bastidores do que antecedeu e do que se deu naquele dia.


O bolsonarismo é forte porque há na sua cúpula um dirigente não muito afeito à responsabilidade patriótica — já que essa palavra virou espécie de mantra — e é ele, embora tente se apresentar inocente nestes tempos, o pivô das depredações das instalações dos três poderes.


Fora ele, Bolsonaro, quem criticara à exaustão, as urnas eletrônicas as mesmas que o elegera e em 2018 e em 2022 seus filhos. 


Um dos seus filhos o menos preparado, foi eleito deputado federal por São Paulo! Pergunta: ele mora em São Paulo?


Em setembro de 2022 Bolsonaro fez a reunião que custa acreditar que fizera, com embaixadores criticando as urnas, como que prevendo sua derrota.


Depois, a constante afirmação de que atuaria nas quatro linhas da Constituição mas sempre falando em golpe, criticando atos do STF que, se bem considerados, foram resultados de algumas de suas ações e até irresponsabilidades. Ou de seus apoiadores.


As “fake news”, não se esqueça, alimentavam os incautos e as mentiras eram, e ainda são, repetidas como verdades.


Debochado a mais não poder — e não custa relembrar — o ridículo da cloroquina e, para ênfase, exibiu a droga às emas e, o pior, a imitação de paciente em estado greve por falta de oxigênio...


Todos esses eventos resultaram nos acampamentos na frente dos quartéis, marchadores saudosos de 1964, implorando o golpe, não faltando sequer a “adoração” ao um pneu sob a cantoria do Hino Nacional!


E não se omitam as manifestações dos “evangélicos”, alguns radicais e enfadonhos, muito distantes em praticar os textos dos Evangelhos.


Esse é o mentor da extrema direita que por tais inconsequências não se reelegeu — com tudo a mão para se reeleger — e mesmo com seus apoiadores repetindo os episódios da lava jato à exaustão.












Não se pode omitir, até mesmo jurista bolsonarista que mal interpretou o artigo 142 da Constituição elevando as Forças Armadas a um não escrito “poder moderador”. Fora um modo de chamar as Forças Armadas para sustentar um golpe porque como “poder moderador” sairiam às ruas…


No tocante aos acampamentos, sempre incentivados por políticos da base de apoio da extrema direita constata-se que as Forças Armadas toleraram aquela favelização “patriótica” nas suas bases, como se estivessem apoiando o golpe mas num compasso de espera.


Bolsonaro, omisso aparentemente a esses acampamentos silenciou, viajando para Miami, de modo muito conveniente.


Com todas essas tolerâncias e equívocos, quem poderia segurar aqueles golpistas ingênuos ou não, que sem mantinham na frente dos quartéis? E as dezenas de ônibus — financiados por quem? — que iam chegando a Brasília?


Toda aquela estada precária nos acampamentos, mais a adesão dos que chegaram, estabeleceu-se o furor, o ódio que por quatro anos fora alimentado tendo como transmissor, o candidato derrotado.


Volto ao documentário: o golpe esteve por perto, mas as Forças Armadas certamente que ponderaram, entre outros inconvenientes, a repercussão internacional de um ato de violência contra a democracia brasileira, que seria vergonhoso, máxime com a possível condução no regime de exceção de alguém como Bolsonaro, um transmissor do ódio e da mediocridade institucional.


Não há como usar palavras amenas no caso dele.


Foi providencial, nesse quadro de embates havidos no dia 8, o não chamamento da GLO – Garantia da Lei e da Ordem que, nos termos do referido art. 142 da Constituição — mas sob ordem do Presidente da República — no caso, poria o Exército nas ruas. E o que daí poderia advir com aquela turba raivosa esperando o golpe?


As punições aos golpistas — qual outro termo a se usar aos predadores — têm que se dar, especialmente para os financiadores e incentivadores da barbárie do dia 8 de janeiro de 2023 que não será esquecido.


Essa turba mesmo que desordenada apostou no golpe, assumiu o risco de uma aventura inconsequente e perdeu. Agora tem que arcar com as consequências.


Quanto aos remanescentes muito ativos, especialmente no X (ex-Twitter), tais as distorções que propagam, os deboches, eu os tenho classificado com algum rigor, como “doentes” do bolsonarismo que ainda acreditam na introdução do comunismo sem saber exatamente o que seja, e nas fake news. Esses argumentos alimentam a ignorância.


No tocante às penas que estão sendo aplicadas aos predadores no STF me parece que a melhor dosagem seria a do voto do Min. Luiz Roberto Barroso, que ponderou: “Na minha visão, o crime de tentativa de golpe de Estado absorve o crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.


Esse entendimento reduziria a pena imposta aos golpistas.


Esse tema nas suas causas e consequências ainda não se encerrou.











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