Há cerca de 25 anos, foi publicado o livro polêmico "O Papa de Hitler" de John Cornuell que teve repercussão ao registrar tolerâncias do papa Pio XII com o nazismo.
Há uns 15 anos eu li e resenhei esse livro e dessa resenha extraio este tópico:
"Durante a Segunda Guerra, Eugênio Pacelli eleito papa em 1939, preocupado em preservar Roma e até mesmo o Vaticano de represálias de Mussolini, aliado dos nazistas, apelando aos ingleses para que não bombardeassem Roma, uma ameaça real como reação aos ataques nazistas na Inglaterra do então incontrolável Hitler e seus asseclas, pouco ou nada fizera para condenar o holocausto, porém. Nas ruas, sob as janelas do Vaticano, enquanto isso, muitos foram os judeus e outros rejeitados pelo nazismo conduzidos para o sacrifício e para os campos de concentração. As manifestações de Pio XII contra os excessos nazistas e fascistas constituíram-se apenas em reprimendas contidas que na realidade pouca repercussão tiveram, enquanto o extermínio abominável, segundo o autor, vitimava milhões de criaturas em pleno século 20".
Pio XII receava a reação nazista atacando Roma e o Vaticano?
Nessa resenha, pela repercussão ao artigo que escrevi sobre o livro, fui muito cauteloso porque poderiam existir documentos não tão desfavoráveis ao papa, naqueles dias tenebrosos, como foi a pesquisa contida no citado livro.
Pois isso há pouco aconteceu.
Com efeito o "History Channel" divulgou um bom documentário baseado em documentos divulgados pelo Vaticano, exatamente abrangendo as ações diplomáticas de Pacelli sediado na Alemanha antes do papado e como o papa Pio XII.
Todos os estudiosos entrevistados no documentário, lamentaram o silêncio de Pio XII às notórias crueldades nazistas mas não deixaram de assinalar que países envolvidos ou não na guerra, incluindo os Estados Unidos rejeitaram a "oferta" alemã em receberem judeus em seus países que resultaria na preservação da vida de milhares deles.
E em assim sendo, a Alemanha resolveu pela "solução final" dos judeus, resultando em milhões de vítimas nos campos de extermínio.
Com isso é legítimo perguntar se só o silêncio de Pio XII foi a causa da tragédia? Quantos judeus seriam salvos se houvesse essa compreensão humana dos países em recepcionarem os judeus acuados?
Dirão muitos que o quadro da guerra não propiciava esses gestos, o conflito se revelava sangrento! Mais sangrento, porém, foi o extermínio nos campos de concentração.
O documentário menciona o Brasil que se prontificara a receber 3 mil judeus "cristãos".
Trump
E onde "entra" Trump nessa história?
Explico: ele está oferecendo ou impondo aos países vizinhos receberem palestinos de Gaza, de tal modo que "desocupem" aquela faixa, ficando a critério dos Estados Unidos, principalmente, e Israel o aproveitamento dela da melhor maneira, até a convertendo num polo turístico! Então, os palestinos pelo que até agora se ouve, são indesejáveis em Gaza e precisam de uma "solução final".
E não fica nisso o trumpismo: nessa distorção de princípios, nesse pragmatismo aético, nas negociações do encerramento da guerra Rússia-Ucrânia, Trump está se aliando à Putin, assumindo que a culpa da invasão e destruição que se dá na Ucrânia, a culpa e de Volodymyr Zelensky, seu presidente. A culpa é do agredido!
Então, não se trata de uma aliança, como se deu na Segunda Guerra, entre os Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido para combater um inimigo comum truculento, o nazismo.
A aliança de agora de Estados Unidos e Rússia é para derrotar o mais fraco!
E ao ser contestado por ele, Trump passou a subestimar Zelensky de modo torpe para o enfraquecer e ao que parece, promover a paz entre Estados Unidos e Rússia, deixando de fora a Europa e a... Ucrânia!
Que tempos estes!
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