O que indicam as pesquisas Datafolha e Ibope fora dos porcentuais obtidos por cada candidato. A ascensão de Dilma – consequência da exposição de Lula na mídia nacional e internacional. Revelações de caderno especial do jornal “O Estado de São Paulo”. As chances de Serra.
A pesquisa Ibope ("Estado" e Globo) divulgado neste fim de semana, confirmando os números do Datafolha de há uma semana, foi um alívio para os partidários de Serra e para o PSDB.
Com efeito, a pesquisa Datafolha já anunciava crescimento além do esperado da candidata Dilma esperando-se que na próxima, que foi essa agora do Ibope ela já ultrapassasse Serra.
Dilma com esse crescimento de intenção de votos já desponta com alguma vantagem até pela exposição de seu padrinho na mídia e especialmente com o acordo do Irã e a imensa repercussão nacional e internacional que produziu, mesmo que tendendo ao fracasso Mas as imagens ficaram.
Não se pode, ademais, ignorar que Lula tem 75% de aprovação de seu governo.
Ora, por tudo isso, para um eleitorado humilde, o metalúrgico, “igual a ele”, só pode deslumbrar e, como decorrência, fortalecer a candidatura de Dilma “Lula da Silva”.
Nestes últimos dias, o presidente até se afastou dela, pela sequência de multas que vem recebendo pela campanha antecipada que vem ou vinha promovendo em prol de sua preferida.
Acresce a isso, mesmo que beirando a mediocridade, lideranças sindicais cerram fileiras contra Serra – “sujeito” que tiraria direitos dos trabalhadores - de modo a preservar sem riscos essa estrutura pelega que há décadas e décadas predomina no sindicalismo brasileiro que vive não só do imposto sindical sem esforço, correspondendo a um dia de salário de todos os trabalhadores que propicia amealhar valores vultosos de receita. Com Dilma, o “poder de reivindicação” desses pelegos pode até aumentar.
São, efetivamente, peças importantes apoiando Dilma.
Curiosamente, até mesmo Paulo Skaf, ex-presidente da FIESP, candidato nanico ao governo de São Paulo pelo PSB, critica direta ou indiretamente o ex-governador Serra, fazendo referência aos êxitos do SENAI – SESI no âmbito da educação – o que não acontecera no ensino estadual oficial, segundo ele – sem explicar que o sistema “S” amealha fortunas mensais recolhidas pelas empresas, limpas, baseadas num porcentual de contribuição aplicado sobre a folha de pagamento. Assim, essas entidades não fazem nada mais, mas nada mais mesmo do que sua obrigação elementar, esperada.
Com todos esses desafetos políticos, por isso, o PSDB e Serra terão muito que lutar para mudar essa tendência de crescimento da candidata do PT e evitarem mais uma derrota do partido que parecia remota há meses mas que agora se apresenta plenamente possível.
O jornal “O Estado de São Paulo” num caderno especial de 30.05.2010, informa que percorrera sua reportagem quase 13 mil quilômetros pelos mais variados pontos do País, e ouviu os mais variados segmentos sociais sobre a situação atual do Brasil e do seu governo. (1)
Nesse caderno, há queixas dos produtores rurais culpando o Governo pelas invasões de terras pelo MST, sobre a falta de preço mínimo para os produtos agrícolas. Há divergências sobre o melhor candidato presidencial: entre uma voz e outra, Dilma é rejeitada, havendo uma tendência pró Serra – “Conhecemos a peça muito bem. Foi guerrilheira. o passado dela não merece a confiança do setor, disse um produtor rural.
Em Marabá, no sul do Pará, há queixas com os impostos altos – “o governo tem de aprender a conviver com porcentagem menor de imposto e a devolver em serviços para o contribuinte, o que não tem acontecido” - e há quem afirme que o “Governo é falho na saúde, na educação e na corrupção”.
Mas, nessa “angústia eleitoral”, há aqueles que dizem que a vida melhorou com Lula como se dá com os lavradores do sertão da Paraíba. E por quê? Porque é um “Governo bom para os pobres”, pelo seguro safra que funcionou quando destruída pelas chuvas em hora errada, pequenos financiamentos na produção via PRONAF (2) – o crédito surge como importante elemento de apoio a Lula -, aumentos do salário mínimo que melhoraram as aposentadorias...”para os pobres ele (Lula) é muito bom”.
Na “caatinga”, Lula chega a ser definido como “o pai da Nação”.
Na opinião de um pintor na periferia de Curitiba: “Lula se imortalizou, caiu nas graças do povo com o Bolsa-Família. Ele fez pobre comer picanha. Depois de Getúlio, ele foi o cara”. Mas, também, possível eleitor de Serra, lembrando-se dele como ex-ministro da Saúde: “Só na área da saúde estão tapando o sol com a peneira. Na área da saúde ele (Serra) até que foi bom, introduziu os genéricos. E Lula deixou muito a desejar”.
Como esse último comentário, a bela reportagem deixa entrever que a despeito dos elogios a Lula, há ainda indecisão entre os entrevistados se votarão em sua candidata, num segmento que não se pensaria que tal se desse.
Com toda a imparcialidade que possa invocar neste comentário, depois da pesquisa Ibope deste domingo e dessa reportagem do jornal “O Estado”, tenho que Serra ainda tem um ambiente favorável para vencer as eleições.
Mas, ao contrário do que parecia há alguns meses, para que esse objetivo seja alcançado, há muito trabalho pela frente, a cada dia, a cada hora da campanha deflagrada. Até mesmo explicar insistentemente a origem do “bolsa-família” nesses rincões “perdidos” do País...
Porque do outro lado está ninguém menos que Dilma Lula da Silva.
Citações no texto:
(1) “A construção do voto” – Reportagem de Lourival Sant’Ana
(2) Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura.
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