domingo, 1 de agosto de 2010

LULA E SUAS DECLARAÇÕES COMPROMETEDORAS


As declarações impensadas de Lula, como se tudo o que dissesse não fosse para ser levado a sério. A revisão conceitual sobre o apedrejamento da mulher iraniana acusada de adultério. Já se sente um clima melancólico de final de mandato.


Por tudo o que tenho escrito aqui e em outros órgãos, no começo de modo tolerante, depois com impaciência, muitas vezes me posicionei a propósito de declarações polêmicas e comprometedoras de Lula.

Talvez eu tolere menos suas gafes já há alguns anos, porque vi, no ABC, sua ascensão e suas idéias como sindicalista, muitas interessantes, até ser guindado à Presidência da República.

Claro que um líder sindical que como Presidente confessa pouco ou nada ler, não ter se interessado em obter formação superior como alguns dos seus “companheiros” fizeram, há um momento em que o que sustenta publicamente desestabiliza sua credibilidade.

O editorial do jornal “O Estado de São Paulo” de 31 de julho último (‘O preço da verborragia’) lembra algumas de suas declarações entre o infeliz e o ridículo.

Algumas delas.

▪ Fraude nas eleições no Irã: conflitos de rua nos quais houve severa repressão aos opositores que seria algo como “choro de perdedores”... “apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos”.

Em sendo assim, seria apenas uma coisa entre palmeirenses e corintianos a sempre reclamada repressão aos opositores praticada pelo regime militar por aqui. Do que se queixam alguns, então, com a proposta de revisão da lei da anistia e outros que pretendiam?

▪ Presos políticos em Cuba, comparados a bandidos: “imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. Na véspera de sua visita a Cuba, entre risinhos e afagos a Fidel e seu irmão Raul Castro, morrera como decorrência de greve de fome o dissidente Orlando Zapata Tamoyo.

Em entrevista neste domingo (1°.08), ao jornal “O Estado”, a sua candidata Dilma Roussef amenizou as declarações condescendentes de apoio à repressão cubana dadas por seu padrinho político, ofensivas aos presos políticos, afirmando que não concorda com a prisão política e presos por opinião: “Na minha vida inteira não vou concordar”.

Imagine se concordasse, sendo ela quem foi no passado.

O curioso nessa história é o seguinte: por injunção da Igreja com a participação da Espanha, Cuba está libertando presos políticos, num momento de absoluto mutismo da política externa brasileira sobre o assunto, até pelo que declarara Lula, em apoio aos irmãos Castro. Não demoraria nada e o sempre oportunista Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais, afirmaria que a Espanha levara os louros de uma iniciativa iniciada pelo Brasil. Esse assessor já não é a primeira vez que se excede e importuna. Qualquer que seja o resultado das eleições, espera-se que seja exonerado assim que Lula deixar o governo.

▪ Sobre o iminente apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammad Ashtian, acusada de adultério – “apedrejamento” tem muito a ver com “idade da pedra”.

Para Lula, pressionado para que intercedesse pela mulher perante o seu querido amigo Ahmadinejad, saiu-se com esta: “As pessoas têm leis. Se começarem a desobedecer as leis deles para atender a pedido de presidentes, daqui a pouco vira uma avacalhação.”

No sábado, provavelmente sob injunção de sua candidata Dilma Roussef, ofereceu asilo á condenada “se esta mulher está causando problema, nós a receberíamos no Brasil” e que "só Deus dá a vida e só Ele é que deveria tirá-la.”
A proposta de Lula teve repercussão no Irã, considerada pelas autoridades uma interferência "inadequada" nas políticas e legislação iranianas. Mas, essa polêmica em nada desmerece a proposta porque chama a atenção para práticas condenatórias desumanas. "Atire a primeira pedra..."


▪ No caso dos desalinhos entre Colômbia e Venezuela, sempre Lula dá mais apoio a Hugo Chaves, talvez porque, de certo modo, seja ele também um desastrado verbal, havendo aí alguma identidade por esse aspecto sem se fazer ilações com a ditadura particular que implementa no seu país entre outras medidas, perseguindo os meios de comunicação que lhe fazem (ou faziam) oposição. Álvaro Uribe, presidente colombiano, por sua vez, é sério, não sai pelo Continente contando bravatas.

As FARC estão na Venezuela, divisa com a Colômbia. É na Venezuela que parte desse grupelho marginal se esconde e recebe apoio.

Sobre isso, disse Lula que o conflito se resolverá com a posse do novo presidente colombiano, nos próximos dias e que tudo se resumia a um confronto verbal.

Claro que Uribe se insurgiria com essas declarações descabidas de Lula, afirmando que deplorava “que o presidente brasileiro, com quem temos cultivado as melhores relações, refira-se à nossa situação com a Venezuela como se fosse um caso pessoal.”

Bem, esse é o Lula em fim de mandato, que conseguiu passar por muitos episódios comprometedores como no escândalo do “mensalão”, envolvendo a cúpula de seu partido, tão próxima dele, afirmando que nada sabia das manobras milionárias, como pouco sabia do Plano de Direitos Humanos que assinara sem ler.

Há muito mais.

Neste estágio, materializa-se um clima melancólico que promete evoluir até o final do seu mandato.

Por tudo isso, pergunto o que pretende o povo brasileiro ao apoiar até aqui, em índices significativos, esse mesmo esquema de governo – o governo petista?

Talvez a pergunta seja outra: o que pretendo eu?

As coisas se definirão.

Um comentário:

  1. Acho que essa verborragia presidencial, além de não disfarçar a predileção pelos regimes de força, é apenas a ponta de um "iceberg", ocultando a embriaguez do populismo e pondo às escâncaras a ausência de um verdadeiro espírito de ESTADISTA, capaz de reconhecer erros e assumir responsabilidades, sempre buscando a construção dos alicerces maiores de uma Nação, independentemente de interesses localizados. (aliás, Estadistas de verdade parecem não ter nascido nesta nobre terra, afora duas ou três exceções longínquas, mas longínquas mesmo, a contar desde os albores da República). Com razão, portanto, sua percuciente pergunta quanto ao que, efetivamente, pretendemos para o Brasil, pensado como Nação e Estado, e não como mero governo. É uma pergunta para todos nós...e a resposta é da responsabilidade de cada um. Parabéns pela análise. Um abraço. Athayde.

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