A derrota de Serra e do seu discurso
redundante. Bem ou mal, Fernando Haddad, a despeito do PT e de Lula por perto,
significa renovação que pode dar certo na maior cidade do país. Em texto anexo,
desenvolvo com mais detalhes a mordida de Dilma na própria língua sobre os apagões.
A vitória de Fernando Haddad em São
Paulo, menos que a vitória do PT - que nessa campanha teve a participação de
sua “tropa de choque”, constituída por Lula e Dilma entre outros – foi a derrota
do PSDB, de José Serra.
O PSDB sempre forte em São Paulo, não
se renovou, não tem quadros novos, os discursos são os mesmos.
Enquanto o PT sai para a luta com
empenho total, o PSDB vacila e insiste, não sei se por culpa de Serra, em
esconder Fernando Henrique Cardoso -que não faria na campanha o que fez Lula em
prol de Haddad-, que é o seu principal quadro que tinha muito a dizer, a
explicar sobre suas realizações nos dois mandatos presidenciais.
E ampliar o discurso de Serra.
Este então, por sua vez, detém o mesmo
discurso, não transpira a confiança principalmente nestas eleições diante de um
quadro jovem do PT que fora apresentado, uma mudança significativa de perspectivas.
Haddad significa, queiram ou não, renovação,
a despeito do PT e de Lula e do mensalão por perto.
Quando do resultado do primeiro turno,
surpreso com a votação de Serra, escrevera sobre esse êxito, mas, fizera a
seguinte ressalva:
“Claro que no segundo turno, Serra terá que se
esforçar muito para manter a vantagem que obteve e até ampliá-la porque com
Lula por perto, retornará àqueles eleitores menos “nutridos” que ainda
acreditam no seu discurso repetitivo, nas suas promessas e na sua demagogia...
que desconhecem a gravidade do mensalão no qual estão envolvidos e sendo
condenados pelo STF alguns dos seus antigos auxiliares diretos.”(1).
A derrota é de Serra e não do prefeito
Gilberto Kassab mal avaliado que o apoiou. A derrota é do seu discurso, das suas
renúncias e das suas múltiplas candidaturas.
O tempo o esgotou
Espera-se, agora, se continuar na
política que não atrase mais o PSDB e se candidate ao Legislativo, mesmo que
municipal.
O PSDB precisa de novos quadros e não
só isso, o empenho da partido em cultivar esses novos nomes.
No que concerne ao plano federal, não
vejo nem mesmo o tucano Aécio Neves como candidato viável, que não parece ter
assumido até agora postura suficiente para derrotar a máquina petista no poder.
Nessa conformidade, o PSDB para se
constituir ou continuar a principal voz da oposição, reafirmo que precisa de discursos
novos proferidos por quadros novos.
Campinas e
Piracicaba (SP)
Para comprovar que novos quadros
abalam o PT, a melhor prova é o que se deu em Campinas na disputa entre Jonas
Donizette do PSB e Marcio Pochmann do PT.
O primeiro é político da cidade; o
segundo foi considerado, digamos, oportunista, porque sua única credencial, em
Campinas, era ter estudado na UNICAMP e pertencer ao PT. É natural de Venâncio
Aires, Rio Grande do Sul. Fora secretário de Marta Suplicy quando prefeita de
São Paulo.
Dessa maneira, a “tropa de choque” do
PT (Dilma e Lula, em comícios e na televisão), tentou fazer em Campinas o que
fizera em São Paulo: viabilizar a candidatura de Pochmann, esse desconhecido.
Mas, o candidato do PSB tinha um
discurso diferentes, menos sofisticado, mais realista em relação à cidade.
Mas, nem mesmo a “tropa de choque” do PT conseguiu
reverter o favoritismo de Donizette embora tenha possibilitado que o candidato
gaucho chegasse ao segundo turno.
O mesmo se deu na cidade de
Piracicaba, de menor porte em relação a Campinas da qual dista 75 quilômetros, governada
pelo prefeito Barjas Negri do PSDB que fez muito boa gestão.
O candidato do PT, desconhecido na
cidade, abandonado pelos escalões do partido, não teve como se aproximar do
candidato do PSDB, Gabriel Ferrato, renovação, apoiado pelo prefeito, eleito
com 74,5% dos votos,
Referência
no texto:
(1) “As eleições em São Paulo: Serra sai na frente” de 07.10.2012
A ARTE DE MORDER A LÍNGUA PERDENDO A CLASSE
Já emiti nota curta sobre os apagões que se repetem nestes últimos 30
dias no Norte e Nordeste do país.
Pretendo com este texto, mais compilando notas do que emitindo opinião,
deixar bem claro as idas e vinda da presidente Dilma sobre a energia e o “terrível”
castigo por ter falado demais sobre o assunto não faz mui.
Em 20.06.2011, escrevi um artigo a propósito dos 80 anos do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, destacando uma mensagem de Dilma,
calorosa ao ex-presidente. (1)
Recordando a homenagem de Dilma:
“Em seus 80
anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a
homenagear.
O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.”
O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.”
Depois dessa homenagem, as relações entre o ex-presidente e a
presidente foram muito cordiais, até que em 02 de setembro último, FHC escreveu
no Estadão um artigo duro contra o lulopetismo e o respectivo governo.
Alguns trechos do artigo de FHC:
"Mas não foi só isso: o mensalão
é outra dor de cabeça. De tal desvio de conduta a presidenta passou longe e
continua se distanciando. Mas seu partido não tem jeito. Invoca a prática de um
delito para encobertar outro: o dinheiro desviado seria "apenas" para
o caixa 2 eleitoral, como disse Lula em tenebrosa entrevista dada em Paris,
versão recém-reiterada ao jornal The New York Times. Pouco a pouco, vai-se
formando o consenso jurídico, de resto já formado na sociedade, de que desviar
dinheiro é crime, tanto para caixa 2 como para comprar apoio político no
Congresso Nacional. Houve mesmo busca de hegemonia a peso de ouro alheio.
Com isso tudo, e apesar de estarmos gastando mais divisas do que
antes com a importação de óleo, o presidente Lula não se pejou em ser
fotografado com as mãos lambuzadas de petróleo para proclamar a
autossuficiência de produção, no exato momento em que a produtividade da
extração se reduzia. (2).
[Um pequeno
desvio ao ponto ao qual pretendo chegar diante das reiteradas notícias de que a
Petrobrás vem enfrentando séria crise de caixa:
Quem é
responsável por tal desmazelo e inversão de dólares num poço sem fundo?
Trecho de
notícia de 27.10.2012:
“No caso da refinaria de Pasadena (Texas), pesa contra a venda o
fato de a Petrobrás poder amargar prejuízo bilionário com o negócio. Em junho,
a estatal comprou o resto das ações que faltava para obter o capital total da
refinaria e encerrou as disputas judiciais com a antiga sócia Transcor/Astra.
O acerto permite que a Petrobrás revenda a refinaria. O problema é
o valor a ser negociado. A estatal pagou US$ 1,18 bilhão pela refinaria, mas
ela é avaliada em cerca de um décimo deste valor. Apenas no acerto de junho, a
Petrobrás desembolsou US$ 820,5 milhões.”]
Mas, voltando ao artigo de FHC: em
nota de defesa do padrinho que nada mais me convence que não seja hoje uma figura
inconveniente para Dilma -
principalmente pelo mensalão que se desenvolveu nas suas barbas (defesa dele:
“o povão não está nem aí” – mas o mensalão está) disse a Presidente,
respondendo às críticas de FHC:
“Recebi do ex-presidente
Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a
ameaça de apagão.
Recebi uma
economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos
consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes”.
Da homenagem de Dilma a FHC por
ocasião de seu aniversário, dissera ela que fora ele “o ministro-arquiteto de um plano duradouro de
saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a
consolidação da estabilidade econômica.”
Esse reconhecimento de Dilma fizera com que Lula parece de se referir à
“herança maldita” porque ele herdara o país em condições muito favoráveis para
avançar, com baixa inflação e estabilidade econômica.
Claro que esse entrevero gelou as relações entre Dilma e FHC
EM QUE MOMENTO DILMA MORDEU A LÍNGUA:
Na “herança bendita”, disse ela que recebera
o país não mais sob ameaça de apagão.
Pois bem, atualmente não se trata mais
de ameaça, mas nos últimos 30 dias os apagões se sucedem no Norte / Nordeste. E
aí sem saber explicar o governo o que se passa nesses apagões, perdidos no
escuro diz a notícia do “Estado” de 27.10.21012:
“Tão logo soube que o problema, na verdade, foi gerado na
subestação de Colinas (TO) da empresa Taesa, ligada à Cemig, a presidente
determinou que um avião da Força Aérea Brasileira fosse mobilizado para levar
12 técnicos de alto nível de todas as áreas para o local, a fim de verificar
"in loco" o que motivou a queda de energia em cadeia e a demora no
restabelecimento da luz.
Pouco oportuno. O Planalto não gostou da abordagem de Zimmermann,
sugerindo que poderia ter ocorrido uma sabotagem no sistema, comentário
considerado "pouco oportuno" em véspera de eleição, quando o governo
quer evitar, a todo custo, politização do tema. O Palácio realmente considera
que "coisas esquisitas" andaram acontecendo, mas a avaliação é que,
se existe alguma coisa, isso pode estar ligado a problemas com empregados por
causa dos anúncios de demissões em todas as empresas do setor por causa da renovação
das concessões.” (4)
É isso aí. No governo FHC houve ameaça
de apagão. No governo Lula-Dilma, a despeito da “herança bendita” as ameaças
deixaram de ser ameaças e se converteram em apagões.
Referências no texto:
(1) “FHC 80 anos: Agora é o “pai da Pátria” de 20.06.2011 neste portal;
(2) “Herança pesada” de 02.09.2012 no
jornal “O Estado”;
(3) “Com pressa para fazer caixa,
Petrobras tenta vender ativos no exterior, mas não consegue” de 28.10.2012 no
jornal “O Estado”;
(4) “Dilma fica irritada com apagão e
fala de ministro”, de 27.10.2012 no jornal “O Estado”
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