domingo, 5 de março de 2023

LULA E A PAZ NA GUERRA RUSSO-UCRANIANA

O presidente Lula, na sua visão um tanta avantajada de sua influência internacional, que é modesta, mal chegou ao poder, e se ofereceu como mediador nas negociações de paz no conflito russo-ucraniano.

Tem Lula insistido em resolver o conflito que já dura um ano no qual a Rússia,  impensadamente vai devastando o país vizinho que tem muito de semelhanças e heranças em relação ao seu "irmão maior". Morrem civis ucranianos aos milhares e milhares de soldados de ambos os lados. Os cidadãos ucranianos choram as perdas de vidas e lares não compreendendo a violência russa.

Mesmo antes da intenção da Ucrânia em buscar as asas da OTAN, a Rússia já havia, em 2014 anexado a península da Crimeia, território então ucraniano estratégico.  Se houve vontade dos habitantes de lá para pertencerem ao domínio "russo", não seria esse o peso suficiente para justificar a anexação aos seus domínios. A Rússia olhava apenas a vantagem estratégica obtida com a península. 

Com aquela figura duvidosa ou inconfiável de Putin, seu olhar ambicioso, a Ucrânia nos limites de sua soberania, anunciou disposição de se voltar para a Europa.

É a partir daí, a Rússia de Putin deu um passo equivocado: iniciou  guerra, avançou na Ucrânia comemorando conquistas territoriais, imaginando a vitória fácil mas que vem gerando vítimas e tensões em pleno século 21, embora haja, ainda, ambições sérias da China em relação a Taiwan. 

Nesse quadro de invasão e violência,  a OTAN ingressou na guerra e, como todos sabem, tem oferecido apoio econômico e militar à Ucrânia que com esses recursos vem impondo derrotas surpreendentes aos russos.

Os países da Europa e Estados Unidos não levaram até aqui a sério ameaças russas de utilizar armas nucleares porque Putin e seu aliados devem presumir que há um arsenal de igual letalidade apontado para Moscou.

Há que lembrar a visita do chanceler alemão Olaf Scholz  ao Brasil no dia 30 de janeiro último saudando a vitória de Lula, dissera ele, sem meias palavras, ao ouvir apelos de negociação do conflito defendido pelo presidente brasileiro, que a paz estaria condicionada à saída russa da Ucrânia devolvendo todos os territórios "conquistados". 

Esse posicionamento parece ser de todos os países europeus da OTAN e mesmo os fora dela porque entendem que a eventual vitória russa, ampliará a arrogância de Putin e de seus aliados.

Ademais, Putin parece se constituir numa espécie de herdeiro menor de Stalin - muitos russos voltam a cultuar a personalidade do ditador sanguinário. (*)

Alguns dias depois, numa entrevista (CNN - 16.02.23) diria Lula que a invasão russa fora um "erro histórico".

Se foi um "erro histórico" haverá que ser corrigido por quem o praticou e quem até agora nele persiste e insiste: a Rússia.

Diante disso deveria ser solidário expressamente à Ucrânia não se mantendo como se diz "em cima do muro". Meio parecido com a "neutralidade" de Bolsonaro.

Então Lula não pode pensar que essas negociações seriam viáveis como se fossem numa mesa entre o Sindicatos dos Metalúrgicos e a FIESP naqueles tempos históricos das greves no ABC.

Por isso, esse apelo de Lula à paz, embora com méritos porque um corte para não se falar somente em guerra e armas, vai muito além de suas possibilidades. Há um lado que precisa vencer e esse lado é o mais forte e perigoso pelo poderio atômico que detém. Se apoiasse a Ucrânia, seria um voto importante contra o poderio russo.

Hoje, com isso tudo, me parece que a única proposta que põe fim ao conflito é a saída da Rússia da Ucrânia tendo como compensação honrosa a não "penalização" pela destruição que vem promovendo no país ucraniano, não responder a eventuais crimes de guerra, não responder pelas milhares de vítimas às quais deu causa.

Essa reconstrução material e moral ficaria por conta dos países da OTAN e dos Estados Unidos.

E isso não é novo: esse modo da não responsabilidade se deu, para lembrar, na derrota dos Estados Unidos na guerra do Vietnã (o fim em 1975) e a Rússia derrotada na guerra no Afeganistão em 1989.  

Essa a proposta viável hoje.

E seria bom que os próprios russos pensassem nisso porque mais derrotas que sofram nessa guerra insana podem levar ao desatino extremado. Então, tudo a perder até a vergonha da Humanidade.


Referência no texto:

(*)  Informações de Stalin, acessar: Nova biografia de Stalin

Foto: Jornal da USP


 






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