De
como o PSDB nas campanhas presidenciais ignorou suas próprias conquistas
havidas no governo FHC, aliando-se ao PT para apagar da memória do eleitor tudo
o que herdara. Agora o PSDB “nada fez”... tudo é obra do PT. Aguentem os
tucanos equivocados, sem bico e ‘vacilões’.
Não poucas vezes fiz críticas ao PSDB
por ignorar nas várias campanhas, tudo que o partido havia conseguido no
Governo FHC, principalmente José Serra que nas várias campanhas nas quais fora
candidato realmente desprezou os êxitos do seu partido naquele período.
Foi um dos erros mais flagrantes do
candidato derrotado e seus aliados porque fizeram o jogo do PT, qual seja o de
apagar da memória dos brasileiros tudo o que fora conquistado nas duas gestões
de FHC.
E agora, já avançando na próxima
campanha presidencial, o PT insiste nessa tecla, a de que o PSDB nada fez, tudo
é devido ao Lula – o “Lincoln do Brasil” - e a Dilma, chegando a presidente a
dizer que quem cadastrou as famílias para receber o "bolsa família"
foi o seu partido.
No projeto desenhado e herdado, lá
foram as “forças do PT”, fazer a “construção”.
E pior, no passado, duramente criticado
por Lula num vídeo que circulou à exaustão nos meios de comunicação social.
Mas, passados os embates das eleições
– com mais uma derrota normal de Serra e do PSDB – lembre-se que Dilma, no 80°
aniversário de Fernando Henrique fez uma homenagem mui significativa ao
ex-presidente tucano, na qual reconhecia os benefícios que recebera.
Transcrevo parte do artigo que
escrevi em 20.06.2011:
Eis que, com efetiva surpresa a
presidente Dilma – que já tratara FHC de modo diferenciado por ocasião da
recepção a Barack Obama – remete a ele, por ocasião de seu aniversário, uma
carta qualificada pelo próprio aniversariante como carinhosa.
“Em seus 80 anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a homenagear.
O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.
(...)
“Em seus 80 anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a homenagear.
O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.
(...)
Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do
diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da
democracia brasileira em seus oito anos de mandato.
Fernando Henrique foi o primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito.
Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias.”
E esse relacionamento amistoso, de amabilidades vinha se mantendo até que em 02.09.2012, ao jornal “O Estado”, FHC fez duras críticas ao seu sucessor metalúrgico, começando assim seu artigo que teve forte repercussão. Trecho de abertura:
Fernando Henrique foi o primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito.
Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias.”
E esse relacionamento amistoso, de amabilidades vinha se mantendo até que em 02.09.2012, ao jornal “O Estado”, FHC fez duras críticas ao seu sucessor metalúrgico, começando assim seu artigo que teve forte repercussão. Trecho de abertura:
“A
presidenta Dilma Rousseff recebeu uma herança pesada de seu antecessor.
Obviamente, ninguém é responsável pela maré negativa da economia internacional,
nem ela nem o antecessor. Mas há muito mais do que só o infortúnio dos ciclos
do capitalismo.
Comecemos pelo mais óbvio: a crise moral. Nem bem completado um ano de governo e lá se foram oito ministros, sete dos quais por suspeitas de corrupção. Pode-se alegar que quem nomeia ministros deve saber o que faz. Sem dúvidas, mas há circunstâncias. No entanto, como o antecessor desempenhou papel eleitoral decisivo, seria difícil recusar de plano seus afilhados. Suspeitas, antes de se materializarem em indícios, são frágeis diante da obsessão por formar maiorias hegemônicas, enfermidade petista incurável.”
Comecemos pelo mais óbvio: a crise moral. Nem bem completado um ano de governo e lá se foram oito ministros, sete dos quais por suspeitas de corrupção. Pode-se alegar que quem nomeia ministros deve saber o que faz. Sem dúvidas, mas há circunstâncias. No entanto, como o antecessor desempenhou papel eleitoral decisivo, seria difícil recusar de plano seus afilhados. Suspeitas, antes de se materializarem em indícios, são frágeis diante da obsessão por formar maiorias hegemônicas, enfermidade petista incurável.”
A reação de Dilma foi imediata e tão
contundente quanto. Saiu em defesa de seu chefe e padrinho agora tentando
denegrir a gestão de FHC que antes havia elogiado.
É o jogo político.
Desconfio mesmo que FHC não esperava
a reação tão dura de Dilma em defesa do ex-metalúrgico.
Recentemente, ao ser confirmada
candidata à reeleição pelo seu padrinho, campanha antecipada à Presidência,
mais uma vez Dilma afirmou para os petistas que nada recebera do governo
tucano: “Nós construímos”.
Para rebater esse argumento, FHC de
modo peremptório afirmou que Dilma fora “ingrata” e que “cospe no prato em que
comeu”.
Ora, a campanha presidencial já foi
lançada com Dilma e Aécio Neves, tudo indica, será o candidato do PSDB com o
apoio de Fernando Henrique.
Se Fernando Henrique esperava aquele
tratamento “carinhoso” de antes, logo após as eleições, “pode esquecer”.
Agora é o PT “autêntico”, o PT do
mensalão, das manobras, dos dossiês, dos conchavos, que prestigia a ditadura
cubana hostilizando de modo estúpido a blogueira, Yoani Sanches - que se opõe
ao regime ditatorial de seu país. O partido que se “vende” ao PMDB, o mais
parasita dos partidos dos últimos tempos.
Não espere, pois, o PSDB, atos de
condescendência, de elegância na campanha que virá.
Aliás, a “guerra” já está lançada.
Se vacilar, perderá de novo as
eleições presidenciais até porque quem se lembra do que fez o PSDB nas gestões
FHC? Como disse linhas acima, José Serra e também Alckmin (“vacilões”) nas suas
respectivas campanhas, fizeram questão de ignorar todas as conquistas daquele
período fazendo favores ao PT que também se esforçava para tanto.
Agora é o momento da reconstrução,
explicar ao povão tudo o que foi feito, tudo que conquistado pelo PSDB e como o
PT disso se aproveitou e se aproveita.
Para encerrar, tenho dúvidas se Aécio
é o melhor candidato embora pareça o único pelo prestígio que tem em Minas. Mas , seu estado
não é o Brasil e precisa convencer em São Paulo.
Por outra, nunca vi a explosão de
tanto desdém nos meios sociais de comunicação à figura e ao nome de Lula, agora
se comparando a Lincoln que não se inibe
em externar timbres de megalomania.
Mas, não são os informados, os que
pensam, que tem opinião que votam no PT, mas um outro Brasil.
Essa é a questão.
NOTAS:
1. Quando o desdém se torna escárnio.
Lido na coluna de Sonia Racy no jornal “O Estado” de 1°.03.2013:
[“Penúria: Banheiros do Senado
abertos a freqüentadores passam por problema sério: refil de sabonete líquido e
papel higiênico têm sido sistematicamente roubados. Não deve ser por falta de
bons exemplos na Casa...”]
Que cada um entenda como quiser. Eu
sei como entendi...
2. Para não continuarem enrubescidos
- a minoria, é claro -, os senadores e deputados “renunciaram” ao 14° e 15° salários.
Que ninguém se convença da iniciativa. Há muito que fazer, aquelas Casas são o
que há de mais abusado em termos de recursos públicos desperdiçados. E são
muitos, parlamentares demais se feita comparação proporcional com o número de
parlamentares no Congresso americano.
APÊNDICE
Creio que muitos dos meus amigos torcem o nariz
quando entro com artigos políticos (refiro-me ao facebook). É que eu não consigo resistir, não consigo
silenciar e sabem por quê? Porque será nesses “caras” que estão se apresentando
que deveremos votar (ou não) e eles nos dirão quando eleitos para fazer isso ou
aquilo. Mesmo os execrados pela opinião pública, tendem a ser reeleitos nas
próximas eleições, caso de Sarney, Renan,
Maluf, etc. Rejeito o modo de Lula agir politicamente. Aliás, eu o acompanho
desde quando se iniciou na vida sindical (nas greves de 1978, eu estava na
fábrica da Chrysler em Santo André). Por outra, vem causando interesse de
pessoas não engajadas nos embates políticos, com a rejeição sistemática do PT e
de Lula ao governo PSDB de FHC que o antecedeu.
Hoje (03.03), no jornal “O Estado”, FHC escreveu um artigo no qual afirma, entre outros, “doentia” essa comparação sistemática que faz o PT entre o governo petista e o governo tucano.
Esse desvio patológico do PT de Lula tem para mim uma explicação até simples: o PT com essa estratégia tenta negar, fazer esquecer que segue o modelo econômico de FHC, uma forma de autoconvencimento, que apenas aperfeiçoou os programas sociais iniciados pelo PSDB – que Lula tanto criticara antes – e, mais, já começa a fazer concessões à iniciativa privada como se dá na atividade aeroportuária.
Hoje (03.03), no jornal “O Estado”, FHC escreveu um artigo no qual afirma, entre outros, “doentia” essa comparação sistemática que faz o PT entre o governo petista e o governo tucano.
Esse desvio patológico do PT de Lula tem para mim uma explicação até simples: o PT com essa estratégia tenta negar, fazer esquecer que segue o modelo econômico de FHC, uma forma de autoconvencimento, que apenas aperfeiçoou os programas sociais iniciados pelo PSDB – que Lula tanto criticara antes – e, mais, já começa a fazer concessões à iniciativa privada como se dá na atividade aeroportuária.
Meu caro Milton, não canso de repetir a frase do ex-ministro Nelson Jobin, ao retirar-se do cenário público: "Os imbecis perderam a modéstia!".
ResponderExcluirO que vemos hoje é fruto da crise estrutural ideológica dos partidos políticos pós-regime militar, nivelando por baixo e pelo pior o debate político. Parabéns pelo artigo.