Minhas
revisões conceituais sobre os movimentos em São Paulo e outros pontos do país.
Sou de uma geração que amadureceu, com efetividade, após 1985. Antes as coisas não eram fáceis. Houve quem recebesse visita de agentes da repressão na porta de casa sem saber direito o que se passava e de qual acusação recaia.
Não
justifico a minha omissão – a meu modo talvez nem tenha sido -, mas uns mais
outros menos, engajados ou não fomos bloqueados por esse período perigoso da
realidade brasileira.
Eu assisti
com paixão as greves a partir de 1978 no ABC, com a intuição de que poderiam
significar algo novo no panorama político. E na marcha pela conquista da
liberdade política e social, significaram, sim, tanto que o seu líder
principal, pelo bem ou pelo mal, tornou-se presidente da República.
Pois, eu
como tantos outros de minha geração, olhamos torto para esse movimento de agora
iniciado em São Paulo pela redução de R$0,20 nas passagens de ônibus.
A minha
irritação chegou ao auge, antes da ação violenta da polícia, pela depredação de
ônibus, vidraças de bancos e, principalmente, os excessos na estação do metro
MASP, que me diz tão de perto porque por ali tantas vezes caminho admirado não
só pelo museu, mas pela própria Paulista.
A DEPREDAÇÃO E A VIOLÊNCIA JUSTIFICAM O CASSETETE E O CAMBURÃO.
A DEPREDAÇÃO E A VIOLÊNCIA JUSTIFICAM O CASSETETE E O CAMBURÃO.
Num segundo
momento, até há pouco, minhas impressões se situavam, por similitude que vislumbrei,
com o movimento Ocupe Wall Street, em Nova York, que acabou como se você um
rastilho de pólvora que se apagou ao atingir a chama sem alimentação ao seu
final.
Mas, hoje,
nesta segunda-feira, dia 17 de junho, vi que, ao contrário de minhas impressões
até hoje, o movimento cresceu muito e os jovens começam a despertar para outros
problemas que humilham o pobre do brasileiro: assistência médica extremamente medíocre; impostos elevadíssimos; transporte de má qualidade embora não se negue que em São Paulo as obras do
metro nunca pararam a despeito do custo astronômico de novas linhas; pedágios
escorchantes nas estradas paulistas; gastos imensos para patrocinar essas Copas
de futebol sob a administração da FIFA que se arroga autoridade política no Brasil e
patrocínio entusiasmado da Rede Globo que aliena o povo brasileiro e seus repórteres
com tino beirando a imbecilidade; um país que tirou da pobreza extrema, dizem
os órgãos oficiais, milhares de brasileiros com o esmolar da “bolsa família”.
Sim jovens,
é preciso protestar contra essa Copa de Futebol, perdulária, cujos gastos bilionários
se perdem na inconsistência das informações do Executivo Federal. É em Brasília
que o vício se assenta, não na avenida Paulista ou nos R$0,20 das passagens.
Não nas instalações da estação do MASP. Não!
Lá na
capital federal sustentamos 513 deputados e 81 senadores e seus milhares de ‘aspones’
e funcionários cujas Casas (senado e câmara) têm praticamente saques livres na
montanha de impostos pagos pelos brasileiros. Saibam que os “Estado Unidos do Brasil”
têm proporcionalmente mais deputados e senadores do que os “Estados Unidos da
América do Norte”!
Precisamos
de tantos “picaretas” como classificou o ex-presidente quando deputado?
Vejam que as
questões são de base, profundas.
Eis a que
ponto chegamos, para não adentrar nas inconsistências atuais na área econômica da
qual não tenho cultura suficiente para ir a fundo: a Petrobras está num estágio
beirando a falência pelos desmandos havidos na sua administração pelos últimos anos. Sabem
de quem? De quem? Do PT.
E o
descontrole e os abusos nos gastos não escaparam da própria presidência da
República. Quando da visita ao beija-mão ao papa Francisco – é isso foi
denunciado pelo senador Álvaro Dias com base no noticiário da imprensa
internacional – o séquito presidencial por três dias se acomodou em 52
apartamentos num hotel de luxo da capital italiana; foram alugados 17 carros para
transporte desses “turistas oficiais” e até caminhões para as bagagens. Desrespeito ao povo brasileiro.
E onde os milhões de gastos com os cartões corporativos?
Sim, tudo
começa por Brasília, alguma coisa se salva, mas o que há de ruim até cheira mal.
É lá que a corrupção começa e se expande para o país. É por influência de lá que os bandidos
perdem o medo tanto que por alguns trocados ou falta deles mata ou queima suas vítimas.
Estamos num
país que menor de 16 anos cobre o bandido que tenha apenas um ou dois anos a
mais, porque ele tem o “benefício” da impunidade. Mesmo que seja cruel, mesmo que
seja um bandido formado.
Essas
autoridades judiciárias e o próprio Ministério da Justiça, inoperante, não
percebem que os tempos são outros, que muitos “meninos 'de' menor de 16 anos”, não rodam pião. Eles sacam das armas e matam.
Eu faço parte da “sociedade” e não tenho nenhuma culpa a lamentar por esse estado de coisas. A educação é deficiente e o professor além de não ser incentivado é ameaçado por seus alunos. Tudo começa aí nessas contradições.
Todos sabem dos problemas e das soluções mas há omissão generalizada.
Esse é o seu
país, jovens. Lutem pelo seu futuro, não pelo meu. Lutem para que o seu país
adquira vergonha na cara.
Precisamos fazer isto se refletir nas próximas eleições!! Eles foram colocados la pelo povo!! Se eles forem reeleitos, estes protestos de nada valeram!!
ResponderExcluirAdemir Possignolo
Só que ainda não sei qual será o desfecho dessas manifestações, qual é o desfecho esperado pelos manifestantes? Isso me deixa perdida...
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