Explicação
Não
me interpretem como surfista da onda, no que se refere a
posicionamentos sobre a devastação ambiental que se dá na Amazônia
e no Cerrado.
Não!
Sobre esses temas já escrevi muito, exagerando ou não, emocional ou
revoltado porque a Amazônia e o Cerrado são dois biomas
importantíssimos. Com a Mata Atlântica – da qual hoje só há
fragmentos – formam (ainda) um conjunto primoroso de equilíbrio
ambiental, a vida exuberante naturalmente se extinguindo e renascendo
nesse processo misterioso organizado pelos deuses da natureza.
Esse
ciclo vem sendo duramente afetado pela ação predatória do homem.
Das
dezenas de artigos que escrevi sobre questões ambientais notei que
uns poucos interessados se aplicaram em sua leitura. Lembro que o meu
“Queimadas e devastações” de 30.08.2010 foi transcrito nas
páginas do CEPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos / INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Biomas
Biomas
A
comunidade científica que estuda o meio ambiente chegou à conclusão
que a degradação sistemática que se dá na Amazônia por anos a
fio, afeta o ciclo de chuvas no Sudeste e Centro Oeste atingindo a
culminância neste ano de 2014 com seca jamais vista e não se sabe
como será o ano de 2015.
A
grande cidade de São Paulo, com mais de 10 milhões de pessoas
nestes primeiros dias de novembro, está na iminência de ficar sem
água para necessidades básicas, uma possibilidade caótica.
Não
há muito fizera uma metáfora, em defesa da Amazônia pugnando pelo
desmatamento zero, que as chuvas são o suor das árvores. E eis que
essa metáfora seria um modo científico de explicar as chuvas que
escasseiam por aqui.
Agora
vozes autorizadas defendem que o desmatamento zero só não basta, é
imprescindível o reflorestamento com plantas nativas em todas as
área degradas pelo pasto que se perdeu com a erosão, como aqueles
que vêm se constituindo de modo criminoso.
Meu
apelo, meu grito de alerta: chega de gado, chega de carne. Os bois
consomem florestas e água em profusão. E os pastos são o resultado
de grandes queimadas.
Até
quando essa “prioridade” insana prevalecerá? Até quando a
retirada ilegal de madeira?
Nessas
ações criminosas nada é respeitado, nem as próprias árvores,
centenárias que sejam, nem a fauna e a estupidez é tanta que não
se preocupam, esse bandidos, com a alteração ambiental que agora se
torna flagrante.
Números:
nos últimos 40 anos houve a destruição de 763 mil quilômetros
quadrados da floresta Amazônica, equivalente a três Estados de São
Paulo. Segundo Antônio Donato Nobre do INPE em estudo a propósito:
“Já
foram destruídas pelo menos 42 bilhões de árvores na Amazônia
(...) cerca de duas mil árvores por minuto. Os danos dessa
devastação já são sentidos, tanto no clima da Amazônia – que
tem sua estação de seca aumentada a cada ano – quanto a milhares
de quilômetros dali”. (1)
A
floresta, com a umidade que exsuda, leva rios aéreos para outras
regiões e as chuvas caem. Sua degradação, notório, impacta
negativamente nessa sua tarefa em suprir o continente de água, dos
mananciais e das nascentes.
Devastação
zero na Amazônia e reflorestamento em larga escala já. Sabem,
estou, sobretudo, falando de água como “resíduo” das ações da
floresta que soam trilhões de litros.
CERRADO
EM PROCESSO DE EXTINÇÃO
A
desgraça não vem se anunciando parcialmente.
Vou
tentar explanar os pontos principais do cientista Altair Sales
Barbosa da PUC – Goiás em entrevista recente. (2)
O
Cerrado é composto de vegetação que depende de solo oligotrófico
(nível baixo de nutrientes).
A
vegetação do Cerrado é muito antiga, de milhões de anos do ciclo
da Terra, anterior à própria Amazônia.
Assim,
a devastação que lá ocorre é irreversível, não permite sua
recomposição como é possível na Amazônia, pelo que o bioma está
em adiantado estágio de extinção.
As
consequências dessa realidade é que com as pastagens e outras
culturas introduzidas, entre outras ações predatórias do homem,
com a alteração do solo, afeta os lençóis subterrâneos e “sem
vegetação nativa, a água não pode mais infiltrar na terra” como
ocorria com o bioma saudável.
No
Cerrado estão as nascentes que sustentam as grandes bacias
sul-americanas: “Em média dez pequenos rios do Cerrado desaparecem
a cada ano que alimentam aos maiores que, por isso, vão diminuindo
sua vazão.”
E,
nesse diapasão, afetando os rios maiores.
Disse
mais o entrevistado,
“De
todas as formas de vegetação que existem, o Cerrado é o que mais
limpa a atmosfera. Isso ocorre porque ele se alimenta basicamente de
gás carbônico que está no ar, porque o seu solo é oligotrófico”
[baixo nutrientes].
E
ademais,
“As
plantas do Cerrado são de crescimento lento. Quanto Pedro Alvares
Cabral chegou ao Brasil, os buritis que vemos hoje estavam nascendo,
eles duraram 500 anos para ter de 25 a 30 metros, também por isso o
dano do bioma é irreversível.”
O
buriti, pela alteração do solo dificilmente podem ser cultivados e,
se tal se der positivamente, seu crescimento levará séculos.
SEM
MEDIDAS CORRETIVAS, APOCALÍPSE AGORA OU PARA BREVE.
RIO SÃO FRANCISCO
Não
entrarei na polêmica da transposição do Rio São Francisco cujas
obras se iniciaram em 2007 e estão atrasadas. A decisão política da obra já
foi suficientemente explicada.
Todavia,
hoje a sua nascente secou com resultado da seca intensa e nunca
vista.
Há
margens estão desbarrancando, a mata ciliar não existe em grandes
extensões de suas margens. Jogam-se lixo nas suas margens.
Antes
das obras de transposição, o rio São Francisco deveria estar sendo
cuidado com a reconstituição de suas margens pela reposição da
mata ciliar degradada e outras medidas que garantam sua perenidade.
Caso
contrário, dentro de poucos anos, os sistemas de transposição
serão nada mais do que uma esperança frustrada e o grande rio uma
caricatura do que foi.
Nem pensar, nem pensar.
Sei
de muitos que implicam com árvores plantadas em frente à sua
residência, mesmo que elas em nada afetem a circulação.
Esses
reclamam das folhas, das flores, dos frutos e, por isso, encontram-se
residências mais novas nas quais a calçada é “cascuda”, isto
é, de piso estéril.
Se
você desejar contribuir para a melhoria ambiental, uma célula de
desaquecimento global, plante uma ou duas árvores na sua calçada.
Uma árvores que não produz folhas e poucas flores, que são
pequenas e brancas, plante uma melaleuca.
Suas folhas amassadas têm perfume de bala.
Legendas
Legendas
(1)
Jornal “O Estado de São Paulo” de 31.10.2014
(2)
“Jornal Opção” de 01.11.2014. Entrevista de Altair Sales
Barbosa, “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos
reservatórios de água.”
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