Insanidades: imensas áreas do Cerrado devastadas, servindo sua vegetação para virar carvão para siderúrgicas. É possível admitir-se que a explosão da plataforma no Golfo do México não tivesse plano de emergência a desastres? Lula e a lista da revista "Times".
Já escrevi neste portal vários artigos sobre fenômenos “humanos” e fenômenos naturais que se assistem neste insensato mundo.
No que se refere aos fenômenos “humanos” acentuei de regra os descalabros que provocam sobre o meio político e sua degradação com os seguidos escândalos de corrupção ou de queda moral.
Sobre a questão ambiental, já escrevi há menos de um ano que a expansão em escala gigantesca do rebanho bovino e produção da carne resulta nos danos ambientais seguintes:
i - Devastação pelo fogo de imensas áreas de mata nativa para comportar pastagem, contribuindo para o efeito estufa;
ii - Grandes áreas de plantação de soja – que pode se dar nas áreas de pastagens deterioradas. A soja é, entre outros, um componente da ração bovina;
iii - A flatulência e as excreções dos animais produzem em larga escala gás metano que afeta negativamente a atmosfera e a camada de ozônio pelo efeito estufa;
iv - A devastação florestal que se dá para a produção de carvão vegetal – que produz também CO2 - para sustentar os churrascos e as churrascarias. (1)
Quanto a este último item desconfiava que o carvão não serviria apenas aqui e acolá para os imensos churrascos e mesmo pilhas de pizzas. Mas, por falta de informação precisa naquele momento, silenciei.
Eis que há pouco, a questão da produção do carvão vegetal foi expressamente suscitada pelo ex-ministro Carlos Minc, mas para sustentar fornos de grandes empresas siderúrgicas. Leia-se o que diz parte da notícia:
“Apesar de afirmar que o desmatamento no Cerrado “está beirando o descontrole”, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc quer dar prazo até 2013 para que as grandes empresas siderúrgicas parem de usar carvão vegetal de áreas nativas.”
E o nível de devastação:
“Responsável por 5% da biodiversidade do planeta e uma das savanas mais ricas do mundo, o Cerrado é um dos biomas mais ameaçados do país. Entre 2002 e 2008 foram devastados 85 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa” (2)
Quando leio algo assim, sem que essas grandes siderúrgicas reajam, como induz a notícia não se prestando nem mesmo ao replantio e recuperação das áreas devastadas, entro num processo de revolta profunda, para não dizer emocional.
Essa notícia anunciava a assinatura de decreto que exatamente impunha aquele ano (2013) para o fim da devastação naquela proporção e velocidade, para produzir carvão. Se até lá sobrasse alguma coisa. Mas, o decreto não veio.
De outra parte, neste país de ninguém, os meios de comunicação alardeiam até com frequência que “houve diminuição da devastação na Amazônia”. Mas, a notícia, truncada, incompleta, não estabelece termos de comparação e não informa o tamanho da devastação, mesmo com a propalada redução. O grave nisso é que a devastação prossegue, só que com menos motosserras em aplicação. Que consolo!
Neste mundo louco, tudo é possível quando se trata do interesse econômico. Países europeus auxiliam a Grécia falida com montanha de euros mas postergam indefinidamente medidas sérias para a preservação ambiental para reduzir a poluição atmosférica. Enquanto nas escolas de todo mundo as crianças são ensinadas a respeitar o ambiente, seus pais e avôs, desde que esteja em jogo o lucro das instituições nas quais têm interesse, valem-se dos recursos ambientais sem pensar duas vezes. Até para fazer carvão de florestas, já não bastassem os pastos a perder de vista no horizonte. Ou despejar toneladas de poluentes no ar, nas águas...
Este é o mundo louco, “racional”, repleto de objetividade, mas desprovido de senso.
O que dizer da mancha de óleo no Golfo do México? O desastre possível naquelas proporções, não teve por tudo o que se noticia, qualquer plano de correção, de minimização do desastre se ele ocorresse. Ele ocorreu e não há recurso até agora para estancar o vazamento no fundo do oceano. Todos, sem exceção, mesmo Barack Obama, fixaram-se nas janelas esperando divisar a mancha poluidora em suas praias
A reação foi de uma lentidão inaceitável.
Estamos condenados, além do imenso prejuízo ecológico, a assistir com emoção, mais uma vez, pássaros e animais marinhos semimortos encharcados desse óleo que vaza sem parar.
Que mundo é este?
Por último, dentro dessas inconsequências não posso deixar em branco a “eleição” de Lula, pela revista americana “Times”, como das personalidades mais influentes destes tempos.
Por qual motivo fora premiado?
Porque encara Barack Obama apoiando o Irã de Ahmadinejad que não tem sido convincente nas suas afirmações sobre o projeto nuclear do seu país, se pacífico, indo na contramão da comunidade internacional? Em apoiar os irmãos Castro de Cuba, ditadores, que haveriam que ser estudados como políticos jurássicos? Por dar apoio a Hugo Chaves, ditador que leva o seu país para trás, Evo Morales da Bolívia e outros?
Qual o seu grande feito para merecer tal menção? O que há por trás dessa e outras honrarias? Seria só o encantamento que transmite um metalúrgico presidindo o maior país da América Latina que mal se comunica na sua língua nativa? Ou porque faz a reforma agrária mas financia movimentos de supostos trabalhadores sem terra que exatamente contestam os resultados da mesma reforma agrária?
Isso tudo já cansou. Constituem-se um desserviço ao momento político do Brasil essas honrarias desfundamentadas.
Mundo louco é assim.
Referências:
(i) “Meio Ambiente: nada a comemorar”, de 07.06.2009. Outros artigos explanando temas ecológicos: “O rebanho bovino e a emissão do efeito estufa” de 15.12.2009 e “Copenhague adia vínculos para o México em 2010” de 21.12.2009
(ii) “O Estado de São Paulo” de 17.03.2010 (assinado por Ligia Formenti)
Foto: Mancha de óleo no Golfo do México - NASA / Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário