Semana começa com o julgamento do mensalão. Lula e Maluf unidos. Administração na Petrobras: “A diferença é que você é menino e eu sou menina.” Se a terra fosse quadrada! NOTA CURTA: classe artística e os reclamos contra São Paulo.
Na semana que vem deve ter
início o julgamento do processo do "mensalão" pelo Supremo Tribunal
Federal.
Esse julgamento deve ser
árduo e repleto de impugnações de natureza jurídica da defesa que podem
atrasá-lo e permitir que caia na “vala comum” daqueles casos em que a novela
cansa e cujo final não surpreende.
O PT nega o “mensalão”, mas
Duda Mendonça, cuja defesa o coloca como “figura externa” do escândalo, já
confessou ter recebido no exterior, R$10 milhões, remetidos por ninguém menos do
que Marcos Valério o pivô do escândalo.
Nesse embate todo, o
denunciante Roberto Jefferson já declarou em oportunidades várias, que Lula
sabia do “mensalão”, como dele, direta ou indiretamente, se aproveitou.
Mas, Lula, num momento
delicado à eclosão do escândalo, poupado – porque afinal não poderia um
metalúrgico, 'fenômeno', ser posto à beira do impedimento – de modo desfaçado
afirmaria “nada saber” dessa trama.
Aconteça o que acontecer no
julgamento do “mensalão” haja ou não absolvição – a absolvição é algo improvável pelas provas
existente - será de um modo ou outro, sempre um incentivo a futuras pesquisas
históricas que confirmarão a mácula incômoda do governo Lula. “Comissão da
verdade”, já ouviram falar? (1)
Curiosamente, nesse clima de
incertezas que o “mensalão” já vinha produzindo, o mesmo Lula de sempre, não se
poupando nem mesmo com a convalescença de sua doença, foi ao “beija-mão” de
ninguém menos do que Paulo Maluf em busca de apoio de seu candidato, Fernando
Haddad à prefeitura de São Paulo que até agora – na sua trajetória política –
pouco trouxe de relevante. Foi apenas um modesto ministro da Educação, mantido
porque era um dos protegidos de Lula.
Não demoraria muito para
ressurgir, por procedimentos da Justiça de Jersey a apuração da origem do depósito
de US$10,5 milhões em fundos naquele paraíso fiscal, em nome de Maluf. Qual a
origem desses dólares? Tudo se encaminha para confirmar que esse valor fora
desvio dos cofres públicos de São Paulo que se dera em sua gestão como prefeito
de 1993 a 1996.
E enquanto isso, ficamos assim:
Lula, mensalão, Maluf, milhões de US$ em Jersey. Tudo muito semelhante: “coincidentemente”,
um nega saber do escândalo e o outro o desvio dos recursos como sendo públicos.
Todos que se interessam um
pouco pelos episódios políticos deste país – quantos sórdidos! – sabem que Lula
prestigiou de modo incondicional seus aliados e correligionários.
Nestes espaços, não poucas
vezes fiz criticas ao então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli que fora
apadrinhado pelo Governador da Bahia, do PT e, por essa mão, assumira aquele
cargo elevado na maior empresa brasileira.
A mim sempre me pareceu,
embora pelas aparências e também por suas intervenções públicas, que a (in) segurança de Gabrielli se assentava nessa
indicação de natureza política, com a garantia de Lula.
Dilma Rousseff, ainda
tímida em desfazer a estrutura deficiente montada por seu padrinho, finalmente
agiu, tardiamente, é verdade, na Petrobras, exonerou Gabrielli guindando ao mais alto posto da empresa a
funcionária de carreira, engenheira química Maria das Graças Foster.
Assumindo, afastou quatro
diretores da estatal, procede a rigorosamente revisão dos contratos firmados
por seu antecessor a par de estabelecer metas mais realistas, viáveis.
Mal-estar entre o
antecessor e a sucessora quanto aos métodos de administração que passaram a ser
mais sóbrios com Graças Foster, dissera ela a Gabrielli há alguns dias numa
solenidade na Bahia tentando amenizar a desavença:
“A gente é amigo (...) A
diferença é que você é menino e eu sou menina.” (2)
Se fosse só isso...
Esse são apenas alguns
pontos do perfil político de Lula e da sua tolerância com o “mal-feito’
(valendo-me da expressão de Dilma) que o povão com sua renda do “bolsa família”
desconhece e, por conta de tudo, não se interessa.
Finalmente uma intervenção
folclórica de Lula num simpósio de sustentabilidade há uns dois anos, cujo vídeo
vai e volta nas mensagens pela internet.
Aquele no qual reafirma que
a terra é redonda, mas se fosse quadrada...
Disse ele, mantendo a forma
original:
“Freud dizia que tem
algumas coisas que a humanidade não controlaria, uma delas era as intempéries,
...essa questão do clima é
delicada porque o mundo é redondo. Porque se o mundo fosse quadrado, tábua
retangular e se a gente soubesse que nosso território está a 14 mil quilômetros
de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá, sabe. Mas,
como o mundo gira a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído, a
responsabilidade é de todos.”
Ora, direis, apenas um ato
falho. Freud explica...
(Vídeo no final do texto)
NOTA CURTA:
Os desafetos de São Paulo:
A colunista Sonia Raça
noticiou um jantar oferecido à classe artística pelo diretor de teatro Jorge
Tacla, nos Jardins, para auxiliar a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de
São Paulo. Num certo trecho, se lê:
“Waldir Carrasco, autor do remake de Gabriela, lembrou que São
Paulo não é mais o polo de audiovisual. “Está tudo no Rio”. A dramaturga e
atriz Mara Carvalho, ex de Antonio Fagundes, subiu o tom: “Você quer construir
um teatro e a Prefeitura não dá alvará”. Já Castelli quis saber de segurança “para
o cara que comete crimes não dar tapa na nossa cara e sair rindo da delegacia”.
(2).
Ora, ora, todos para o Rio
de Janeiro, então, Cidade Maravilhosa onde podem ser produzidos audiovisuais, obtidos
alvarás e não há bifas na cara dada pelos marginais na saída da delegacia.
Aliás, há pouco um
especialista em segurança entrevistado na Globo News, referindo-se à violência
crescente na capital, disse que São Paulo pertence ao Brasil.
Não disse “infelizmente”.
Epa!
Epa!
Legendas:
(1) V. meu artigo “O
julgamento do mensalão” de 10.06.2012
(2) Jornal “O Estado de São
Paulo” (“Graça descontrói gestão de Gabrielli na Petrobras) de 22.07.2012
(3) Idem de 27.07.2012 (“Direto
da Fonte” – Sonia Racy)
Brilhante, Milton...
ResponderExcluirLembrei-me, entrementes, que a corja mensaleira espera, qual Lupenélope histérica, a volta de seu herói para pô-la, nova e totalmente, na mesa dos banquetes e seguir escrevendo a Lulodisséia...
Coisa de ululantes...
Parabéns pelo texto! Forte abraço.