Lembro
de Michel Temer como professor de pós-graduação da PUC São Paulo.
Imagem que permaneceu daqueles idos fora a de um sujeito simples,
terno cinza largo e, se não me engano, portando uma pasta comum 007.
Entre
o magistério e a advocacia pública se passou pelo menos uma década.
Em 1981 filou-se ao PMDB. Em 1983 o governador Franco Montoro o nomeou
Procurador-Geral do Estado de São Paulo. Em 1984 assumiu a
Secretaria da Segurança Pública e a partir daí sua ascensão nos
meios políticos só cresceu.
O
PMDB nos tempos de Franco Montoro – que também foi professor da
PUC, de Introdução à Ciência do Direito e de Ética – era de
outro timbre. Que falta faz um Franco Montoro nestes tempos de
vadiagem e malandragem com propina farta.
Não
posso negar: a propina sempre existiu. Sinto que nestes tempos e não
receio afirmar, a partir do PT no poder ela se multiplicou a mil ou
mais. Deixou de ser 100 mil para ser fixada em 10 milhões, não
poucas vezes essa quantia em dólares.
Por
essa visão do passado que registrara quanto ao Temer, imaginava que
mesmo um vice-presidente subalterno, sem expressão, não poderia se
contaminar com tudo o que se passava com os delitos do PT e, num dado
momento, com os movimentos daquela massa imoral do PMDB, partes
menores do PSDB e de outros partidos inexpressivos que têm tudo para
serem extintos.
Não
seria possível essa contaminação considerando suas origens.
Dava-lhe esse crédito.
Mas,
esses últimos eventos a mim foram de profunda decepção: seria um
ingênuo, omisso ou um cúmplice nas salas palacianas obscuras?
Afinal, sua
viagem no avião dos Batistas não seria mero aproveitamento de sua
condição de vice inexpressivo que apenas se valia de mordomia casual, mesmo sabendo que era oferecida por um corruptor de seu
partido e do partido ao qual infelizmente se aliara?
Sua
condescendência duvidosa com o Batista Joesley no evento da
gravação, atiçando-o com uma conversa fiada, grotesca no final de
uma noite na sua residência oficial imaginando que seu interlocutor
era apenas o bom ladrão (?), mas na verdade uma figura falsa, diabólica.
Alias,
esse qualificativo me leva à tentação de Satanás a Jesus (Mateus
4-8.11):
“8
Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os
reinos do mundo e o seu esplendor.
9
E disse-lhe: "Tudo isto te darei se te prostrares e me
adorares".
10
Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito:
'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'".
11
Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram.”
Mas, os fatos estão revelando isso que ele, Temer, se
prostrara à possibilidade do dinheiro fácil um aspecto “cultural”
no meio político que coordenava ou convivia.
Como
seria bom se provasse o contrário!
Devo
acreditar que Temer passou até agora incólume à propina rodeado de
tantas tentações, do dinheiro a um estalo de dedo? O que dizer do
seu deputado estafeta, correndo com uma mala de dinheiro por caminhos
espúrios, uma armadilha preparada pelos marginais Batista (s) da JBS
– Friboi?
Nesse
quadro triste para o Brasil e para os brasileiros adveio, quase que
simultaneamente o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral.
O
Ministro Herman Benjamin num primeiro momento aos seus atos que
antecederam o julgamento não parecia que daria uma lição, como deu, a todos
os ministros no seu relatório que concluiu pela cassação da chapa
Dilma – Temer pelo notório volume de propinas comprovadas
provindas da Odebrecht obtidas de operações fraudulentas que
quase levaram a Petrobras à falência.
Por
isso tudo, “não seria necessário” no julgamento se aproveitar
das gravações do marginal da Friboi, a cilada engendrada contra
Temer.
É
que prêmio receberam os irmãos “Fri-boi” por essa manobra
espúria!
Reconheço,
porém, que esse volume astronômicos de recursos ilícitos engordaram a campanha de Dilma e do PT, menos à de Michel Temer, um
candidato, então, do “amém” e da inexpressão pró-petista.
Mas,
haveria como ser salvo se compactou com seu silêncio comprometedor
com todas essas falcatruas?
E
quanto a ela, Dilma, por tantos meios e promessas, que desastre para
o país, a presidenta que lamentou não poder estocar vento para
ficar num dos absurdos, entre tantos, de sua passagem pela
presidência!
Claro
que em oposição ao Ministro Benjamin no julgamento, lá estava o
Ministro Gilmar Mendes, contundente em suas posições, vaidoso e
ciumento com pares que alcançam a mídia por mérito e coerência
como ocorreu com o relator vencido.
Num
dos trechos de sua fala, lembro que dissera ter autorizado a
tramitação do processo, mas não para cassar mandatos.
Ora,
se não fora pela punição diante de tantas provas robustas
apuradas, para que serviria um processo assim tão custoso, tão
tormentoso? Para acionar a mídia e ficar tanto tempo no seu foco?
Já
se disse isso nestas horas há pouco, que o resultado do julgamento por graves que fossem os crimes, a presidência haveria
que ser ser preservada, porque afinal, “não se pode depor
presidente com constância, ainda que fosse desejado”. E que a se
levar em conta o que provado no processo, haveria que se retornar a
2006 já no primeiro mandato de Lula...
Mas,
ainda que se lamentando, a moralidade exigiria, sim, a cassação do mandato também do Temer
como um forma severa de quebrar essa corrente que prejudica o Brasil
e os brasileiros sofridos.
Na
minha visão, pior do que isso, fora minimizar as provas sobre o
crime da distribuição de propinas que circularam com os Odebrecht e
circulam ainda com os irmãos Batista postura que pode enfraquecer a “lava jato”
que tem como fundamento esses delitos.
Para
finalizar, uma mensagem oportuna de reflexão de Bahá’u’lláh
fundador da Fé Bahá’i:
“Do
Prisioneiro:
“Ó
reis da terra!... Vossos povos são vossos tesouros. Acautelai-vos
para
que vosso governo não viole os mandamentos de Deus,
e
não entregueis vossos tutelados às mãos do ladrão.
Por
eles governais, com os recursos deles subsistis, com
ajuda
deles conquistais. No entanto, com que desdém
olhais
para eles! Que estranho, muito estranho!”
Bahá'u'lláh
Os bahá'ís não são contra ninguém, nenhum grupo, nenhum partido,
ResponderExcluirnenhum politico, nenhuma ideologia, nenhuma teoria, nenhum gênero.
Somos a favor de união, harmonia, eliminação de preconceitos e
“a felicidade de todas as nações”, libertas do canceroso cultivo de
preconceitos, que está corroendo os órgãos vitais
de uma sociedade já debilitada.
Os bahá'ís não se permitem opinar sobre se o governo é justo ou não –
pois cada bahá'i certamente teria um ponto de vista diferente e, dentro
do próprio aprisco bahá’i, surgiria um ninho de dissensão que
comprometeria a união e harmonia.
Ao expor os princípios básicos da Fé, os bahá’ís procuram assegurar
que nenhuma referência direta, ou crítica especial, tenha a tendência
de antagonizar qualquer instituição existente.
Caro Mohiman
ExcluirCreio ter entendido as entrelinhas de sua mensagem, inspirada, creio, nos princípios mais preservados da religião que vc professa e ama. Todavia, aquela mensagem que vc há pouco enviou e que utilizei para encerrar o meu artigo tem, a meu ver, forte apelo "político", de moralidade e respeito aos cidadãos. Não dá para afastar esse aspecto tão relevante.
Dai a minha decisão de aproveitá-la sem vacilar em linha com estes tempos brasileiros.
Forte abraço.