04/01/2010
Foi expressiva a participação de Serra na Convenção sobre o clima em Copenhague ao lado do governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, um contraste à gafe de Dilma Rousseff. O provável destaque de questões ambientais na campanha das eleições deste ano.
Algumas vezes neste portal demonstrei minha impaciência, digamos, com a permanência de Aécio Neves, digno governador de Minas Gerais como pré-candidato do PSDB, dividindo o “palanque” com José Serra, governador de São Paulo.
E numa linguagem franca, afirmava (e afirmo) que o governador de São Paulo está mais preparado para a disputa até pela complexidade adicional que traz no seu contexto de administração, o maior Estado da Federação.
Há, por aqui, mesmo em decorrência dessa complexidade, efetivamente, a marca do governador Serra que vem fazendo uma administração forte.
Nos bastidores, li numa nota pequena em algum jornal, que o rompimento da Aécio com a pré-candidatura que impunha se dera numa reunião tensa com os principais próceres do partido.
Altivo como é Aécio, infelizmente, dá ele sinais de que não aceitará o posto de vice de Serra, numa chapa que se apresentaria com forte possibilidade de derrotar a candidata do PT. Se pretende realmente lutar pelo País como inseriu no seu discurso de desistência, bom que aceitasse a candidatura a vice exatamente para mudar tudo o que aí está.
Serra, por sua vez, ainda não anunciou formalmente sua candidatura, todos os eventos, porém, indicam que num dado momento ela será anunciada. Notícias dão conta de que se dará por volta do mês de março próximo, após inaugurar o trecho sul do Rodoanel, obra excepcional que deverá diminuir o trânsito pesado na capital e a primeira etapa da “linha amarela” do metrô paulista com percurso subterrâneo entre Luz e Vila Sônia (+ 12,8 km).
Essa demora na formalização de sua candidatura, porém, tende a beneficiar a candidata do PT pela exposição pública facilitada por Lula, a par de gerar dúvidas quanto à manutenção de sua vantagem nas diversas pesquisas até aqui.
Pois bem, este portal (VB) em data recente inseriu noticia destacando que a presença iminente de Marina Silva na sucessão presidencial resultou numa revisão impreterível dos demais candidatos no que se refere à agenda ecológica e sua inserção nos vários programas partidários.
Destaca a notícia a gafe da candidata do PT na Conferência sobre o clima em Copenhague em dezembro, nos termos seguintes: “Apesar do empenho de Dilma, a falta de sintonia com o tema fez a ministra cometer uma gafe durante um evento sobre a Amazônia quando disse que “o meio ambiente é, sem dúvida, uma ameaça para o desenvolvimento sustentável”.
E acentua a notícia:
“O provável adversário tucano de Dilma, o governador de São Paulo, José Serra, é outro que volta a atenção para o meio ambiente. Em resposta ao governo Lula, Serra lançou compromisso com o enfrentamento às mudanças climáticas e divulgou na COP 15 a proposta de reduzir até 2020 em 20% a emissão de gases de efeito estufa no estado, demonstrando que a agenda ambiental não ficará restrita a Marina Silva e à própria Dilma.” (1).
Nessa mesma conferência de Copenhague, Serra participou de um encontro que contou com a presença do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, muito elogiado pelo ex-ator ao informar o governador de São Paulo que no seu Estado já vigorava lei determinando a redução de emissões de gases do efeito estufa em 20% até 2020, tendo como base o ano de 2005. O discurso de Serra foi em inglês, notando-se sua dificuldade com o idioma. Mas, pelo menos se propõe a falar o idioma…(2)
Nas últimas semanas de dezembro, aqui em São Paulo foi maciça a propaganda de Serra enaltecendo as obras que vem efetivando na área da saúde, na área de transportes e outras, destacando, particularmente, os cuidados ambientais. Quando, por exemplo, as imagens mostravam as obras do Rodoanel sobre a Represa Billings, no ABC, havia sempre a mensagem das compensações praticadas para minimizar os prejuízos ambientais provocados pelas obras.
Numa dessas propagandas estampadas na grande imprensa, há o destaque, entre outros, dos itens ambientais seguintes considerados “bons frutos”:
• 86 mil nascentes protegidas;
• 1,8 milhões de árvores plantadas;
• 4 milhões de hectares de áreas naturais protegidas;
• 492 mil hectares de mata ciliar em recuperação. (3)
Com toda a publicidade de suas obras, parece irreversível a candidatura de Serra e, claro, com um mote ecológico forte.
O que terá Serra muito que explicar no decorrer da campanha serão os inumeráveis pedágios instalados nas estradas de São Paulo, mesmo com a divulgação de que são as melhores do País.
De qualquer modo, Serra tem o que mostrar; se Aécio se alinhar sua candidatura se fortalecerá. (4)
Daí porque é esperada a decisão de Serra o mais breve possível para ter início o embate que signifique, neste ano, a assunção de novas diretrizes para o país.
Quem sabe, depois de Serra, não se encoraje Aécio em assumir a vice na chapa do PSDB.
Legendas:
(1) “VoteBrasil” de 04.01.2001: “Políticos partem em defesa do meio ambiente na tentativa de ganhar votos."
(2) O discurso de José Serra em Copenhague pode ser obtido, com legendas no site: http://video.aol.co.uk/vi...454532660;
(3) Publicidade em “O Estado de São Paulo” de 29.12.2009;
(4) Nas convergências, de regra, porque já houve divergências, transcrevo frase otimista de Jorge Sader, de seu artigo no “VoteBrasil” de 02.02.2010 (“Quem tem medo de Dilma Rousseff?”): “Uma vez consolidada a união Serra-Aécio, é bom que os adversários se acautelem. Ela é forte demais, e vence fácil em primeiro turno.”
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