sábado, 3 de abril de 2010

O CARTÃO VERMELHO DE SUPLICY

30/08/2009

O cartão vermelho de Eduardo Suplicy a Sarney atingira Lula, o principal protetor do senador amapaense-maranhense. Mas, o cartão vermelho deverá ter efeito em 2010


O Senador Eduardo Suplicy, há muito revela timbres folclóricos. Já cantou na tribuna do Senado, recitou poesias mas, a despeito de tudo, tem lá o seu valor. Talvez seja um dos senadores mais consciente do seu partido, o PT.

Compare-se com Aloísio Mercadante. O líder do PT tem convicção mas não tem autoridade para suportá-la. Nesse passo, entre o folclorismo de Suplicy e a “convicção” de Mercadante, fico com o folclore.

Aliás, pelas duas figuras, confirma-se que o PT está em crise porque sob o chinelo e as ordens de Lula.

No incidente do cartão vermelho dado por Suplicy a Sarney, no tumulto que se seguiu com a intervenção do senador Heráclito Forte que o exigiu (também) a Lula “que atravessara o Senado”, claro que o senador petista, indiretamente, atirava contra o presidente.

O personagem que jogou todas as fichas pró Sarney fui Lula, que o classificou até mesmo de figura “incomum”, a ponto de desmoralizar Mercadante no episódio da votação na Comissão de Ética - que queria a saída de Sarney – mas votou ao contrário do que pensava diante do “apelo emocional” de seu chefe maior. Baixou a cabeça e calou sua consciência.

Há algum sentido imaginar que o cartão vermelho de Suplicy não atingira Lula? Claro que atingira.

Mas, saíamos dessas questões tão deprimentes, amargas por que passa o Senado e nós todos, brasileiros, em ver o “desavergonhamento” institucionalizado naquela que é chamada de “câmara alta”. Mas, faço a ressalva: em artigo anterior já qualifiquei o Senado de “menor de idade”.

Acompanhando a última reunião da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) e as atitudes de Lula onde seus arroubos não prevaleceram, sinto a falta que faz um estadista, um intelectual no meio daqueles presidentes broncos que lutam para permanecer no poder, instituindo-se no continente um extenso bolsão ditatorial, a “gorilocracia”.

Longe o partidarismo, digo desde logo, me pergunto num exercício livre de debate se, em lugar de Lula, estivesse Fernando Henrique Cardoso no atual estágio político da América do Sul: qual seria o relacionamento da diplomacia brasileira em relação a Hugo Chávez da Venezuela? Um intelectual democrata se relacionando com um bronco falastrão como é o ditador venezuelano?

Não seria justo atribuir a Lula a culpa pelos mandatos intermináveis que assumem seus colegas, além de Chávez que começou a corrente, também no Equador com Rafael Correa e na Bolívia com Evo Morales. Infelizmente, também Uribe na Colômbia mexe-se para mais um mandato.

Tivesse Lula estatura para se sobrepor intelectualmente, talvez inibisse esses avanços pró “ditadura-democrática” através de um discurso sério, direto, sem temer os melindres que poderia provocar a esses seus colegas latino-americanos.

A soberania de cada país deve ser preservada, é claro. Mas, nada impede o posicionamento firme contra a ditadura disfarçada. Ou o Brasil, pelo seu tamanho assume o papel de liderança, um exemplo a ser seguido no continente ou se assume ao lado dessas neo-republiquetas. É o que está ocorrendo, sem ressalvas.

Nesse quadro, no que se refere a Uribe, é ele muito querido e respeitado em seu país e talvez seja, digamos, lamentavelmente conveniente, sua permanência no poder colombiano por mais um período, exatamente para conter o belicismo e a megalomania de Chávez. Afinal, não foram encontradas armas adquiridas pela Venezuela em poder das FARC?

O que teme Chávez com as bases americanas na Colômbia? O extermínio das FARC a quem apoia, já as tendo qualificado de “força beligerante”? Já disse Chávez: “É inquestionável a gestação do novo Estado Bolivariano, socialista, nas Farc".

Claro que para ele são indesejáveis os americanos porque serão forças que conterão sua ambição de influenciar parte do continente latino, como já faz.

Não cabe na minha mente admitir qualquer ação belicista provinda de Barack Obama no continente, salvo se para reagir a alguma agressão, que tenho certeza não ocorrerá. Nem da Venezuela, que vende seu petróleo para os Estados Unidos.

Pelo seu discurso redundante, omisso, de tolerância inconseqüente, pose de irmão rico que financia seus irmãos pobres da América Latina, perdeu o Brasil a oportunidade de equilibrar o continente. Estão aí os americanos, pois.

É por isso que o cartão vermelho a Lula, além do apoio desmoralizante a Sarney, a seu tempo será dado nas eleições de 2010 e, espero, à própria hegemonia do PT

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