23/02/2010
Da necessidade de rever políticas e princípios, de rever gastos públicos e modos de governar. Reconceituar a moralidade pública o País precisa mudar radicalmente sua mentalidade nas próximas eleições rejeitando o PT nas urnas
Nesses comentários jocosos que circulam, de que Dilma Rousseff é uma espécie de sombra de Lula, ainda permanece na minha memória com muita clareza a sua saída do hospital, após a crise de hipertensão.
Onde estava Dilma? Exatamente atrás do seu padrinho, efetivamente como uma sombra, aproveitando todos os espaços possíveis de exposição.
No lançamento de sua pré-candidatura no Congresso do PT do último domingo, deu para perceber, a par do empenho de Lula em promovê-la, que o partido dizia amém à candidata oficial, porque o chefe-mor assim o exigia.
Se eleita, e espero que tal não se dê porque este País está carecendo de nova mentalidade político-administrativa, ela desfrutará, tudo indica, com muito menos autoridade em conter os radicais de seu partido que, inspirados nalgumas proposições do plano de direitos humanos, tentarão nos meandros do governo, impor a idéia de controle da imprensa e favorecer movimentos radicais como o MST, entre outros programas de linha dura, como duro fora o regime de exceção a partir de 1964. A moeda jogada para o alto pode cair do mesmo lado apenas com outra efígie.
Voltam com eles, radicais, membros antigos do partido, expurgados que enquanto na ativa, do ponto de vista democrático, pouco ou nada acrescentaram salvo agir na base dos “fins justificam os meios”. Esses também estarão pululando em volta de Dilma, tentando abrir espaço e influenciar a candidata eventualmente eleita.
Esses radicais, me parece, mantêm ainda a mentalidade da década de 80, mesmo sem paradigmas bem à esquerda para se espelhar, salvo a figura caricata de Hugo Chaves que está rabiscando uma cartilha antidemocrática e ultrapassada. Essa mentalidade atrasada é a mesma que Lula declarara ter na década de 80 em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo” de 19 de fevereiro:
“Eu, de vez em quando, acho que foi obra de Deus não permitir que eu ganhasse em 89. Sabe por quê? Se eu chego em 89 com a cabeça do jeito que eu pensava, ou eu tinha feito uma revolução no País ou tinha caído no dia seguinte. Então, eu acho que foi Deus que disse o seguinte: “Ó, baixinho, você vai perder várias eleições, mas quando você chegar, você vai chegar sabendo o que é tango, o que é samba, o que é bolero. Você vai fazer um programa que não seja nem de esquerda, nem de direita, mas um programa que seja a expectativa da sociedade brasileira” .(1)
A diferença é que Lula evoluiu. Esses radicais continuam em busca de uma revolução.
Dilma, no mesmo Congresso, tentando amenizar os radicais petistas, afirmaria que prefere a imprensa livre dizendo o que tiver que dizer do que vê-la tolhida como nos tempos da ditadura. Seu discurso também teve em alguns momentos um sentido conciliador e a promessa de manter a política macroeconômica, o que foi ironizado por Aécio Neves:
“Li com atenção o discurso da ministra Dilma e fico feliz ao ver que ela assume o compromisso de manter a condução macroeconômica do País, com metas de inflação, com câmbio flutuante, com superávit primário, construídos e concebidos no governo do PSDB.” (2).
Por tudo isso, é que acho que este País, a partir das eleições deste ano, deve mudar radicalmente a mentalidade, afastando do poder o PT e seus seguidores. A alternância nunca foi tão premente no Brasil como nestes tempos.
Porque há necessidade de rever políticas e princípios, de rever gastos públicos e modos de governar. Reconceituar a moralidade pública. Extirpar da cultura política nacional os vergonhosos “mensalões.”
Referências:
(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 19.02.2010
(2) Jornal “O Estado de São Paulo” de 23.02.2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário