21/06/2009
Em outro veículo, quando reeleito Lula, escrevi um artigo cujo título fora “Agora é aguentar”. Aguentar exatamente o quê?
Muitos dos seus assessores incompetentes provindos dos quadros do PT que continuariam exercendo influência no Governo, suas ambiguidades e bobagens verbais.
Quanto a este aspecto, foram muitas nos seus dois mandatos.
Há pouco, mesmo diante do tumulto que se instaurava no Irã, com desconfianças justificadas de fraude nas eleições que “reelegeram” Mahmoud Ahmadinejad ele se sai com uma declaração precipitada, afirmando que todos os protestos que se iniciavam naquele país decorriam do inconformismo de derrotados. Essa afirmação teria algum sentido num país aberto, democrático, não em relação ao Irã um país fechado, antidemocrático, pendendo para a teocracia. Nesse caso, teria de haver a certificação de que as eleições foram limpas antes de qualquer afirmação com o objetivo de fazer média com Ahmadinejad. Esperar um pouco mais o desfecho da crise. Apenas, um pouco de bom senso. Neste instante, as coisas por lá se agravam.
A outra afirmação, insuportável, referiu-se a Sarney. Lula, obedecendo à troca de favores políticos com o senador maranhense eleito pelo Amapá, diante de mais uma crise nesse Senado de maroteiras na qual o senador está envolvido até o pescoço no caso dos atos secretos, diria que "SARNEY NÃO PODE SER TRATADO COMO UMA PESSOA COMUM".
Se não é uma pessoa comum, o que é? Como deve ser tratado? Deverá ser venerado, mesmo que sua passagem pela política nacional seja medíocre?
E ele, como candidato à canonização política, acredita na sua “santidade”, de estar acima do bem e do mal, ao afirmar: “É uma injustiça do país julgar um homem como eu.”
Notem que a frase infeliz de Lula se coaduna com a de Sarney.
Essa troca de afagos tem origem anterior. Sarney e sua filha Roseane, nos momentos agudos do mensalão, aquele escândalo que dissera Lula desconhecer totalmente, ficaram ao lado do presidente desinformado, botando panos quentes aqui e ali.
O que dizer de Sarney?
i) Um político jurássico que usufrui do poder o quanto pode, por décadas;
ii) Quando por lamentável e infeliz acidente de percurso fora guindado à condição de Presidente da República do que se lembra de sua atuação? Inflação astronômica e os hilários fiscais do Sarney;
iii) Não se constitui um escárnio ao povo brasileiro, os parentes e apadrinhados que emprega no Senado?
Aliás, denúncia dos jornais destes dias dá conta de que o mordomo de Roseana Sarney é pago pelo Senado Federal, percebendo remuneração de 25,8 salários mínimos.
iv) Como senador, qual o saldo a ser apontado? Se como diz, a crise não é dele, mas do Senado, ele faz parte, como poucos dessa Instituição falida. Lá está há décadas. O que fez para moralizá-la?
Na verdade, foi conivente com suas mazelas por todos esses anos. Até nisso não é ele incomum. Muito pelo contrário, é comum demais.
No que se refere ao seu Estado, o Maranhão, o que dizer?
Um dos mais pobres da federação, com sérios problemas de saneamento e de infra-estrutura. Qual o legado que essa figura “sagrada” deixará para o seu povo? Muito pouco.
Com tudo isso, que afirmação soberba essa de que será uma injustiça ser julgado pelo povo brasileiro. Na verdade, haveria ele e os outros senadores que se aproveitaram das ilegalidades e abusos dados a público, responder perante o Supremo Tribunal Federal num processo judicial comum de prevaricação.
Não conheço seu Estado. Contam-me que os guias de turismo, nas excursões ao Maranhão apontam com orgulho as inúmeras propriedades da família Sarney como se fossem relevantes atrações turísticas.
Um povo que acorda e dorme sob a influência dos Sarney vai se orgulhar do quê? Da riqueza do seu principal “representante” sem nada questionar, reverentes, mesmo que o patriarca seja eleito pelo Amapá. Afinal, ele é “incomum”...
Isso tem que acabar, isso tem que acabar!
E quanto a Lula, espero 2010 para, nos ditames da Constituição vigente, gritar: FORA LULA.
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