sexta-feira, 2 de abril de 2010

MEIO AMBIENTE: NADA A COMEMORAR

07/06/2009

A devastação ambiental chegou a estágio crítico. Ações enégicas são exigidas
O “Dia do Meio Ambiente” foi “comemorado” no último dia 5 de junho. Entre aspas a palavra, porque houve pouco ou nada a comemorar.


Aqui, faz-se alarde da diminuição da devastação amazônica, mesmo que ela continue em áreas imensas. Devasta-se a mata atlântica que vai virando carvão: “Segundo o atlas dos remanescentes feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela ONG-SOSMata Atlântica, o bioma perdeu 102.938 hectares entre 2005 e 2008, mais de 34 mil hectares por ano”. (Jornal “O Estado” / Cristina Amorim – transcrição em 05.06.2009).

A Amazônia, do modo mais perverso, vira pasto e, quando deteriorado, deriva-se para a plantação de soja, predominantemente.

Não há nada a comemorar.

Deixou de ser uma proposição meramente empírica as catástrofes naturais atribuídas às alterações climáticas que decorrem da devastação ambiental nestes últimos anos. Já se debitam aos desarranjos e violações à natureza essas graves anomalias climáticas.

O cientista José Goldemberg: “...o problema do Brasil é a destruição da floresta, que faz dele o quarto ou quinto emissor de carbono mundial, por causa das queimadas. O Rubens Ricúpero tem toda razão pelo que afirmou aqui, em outra entrevista. A destruição da floresta amazônica vai transformar aquilo numa savana, e isso vai ser péssimo. Basta lembrar que a umidade que se precipita no resto do Brasil vem de lá.” (“O Estado” / entrevista a Sonia Racy – 23.12.2007).

Há que ficar claro: se considerados os efeitos benéficos que produz a selva amazônica sobre o clima, as savanas significarão algo bem próximo da desertificação, diminuindo de modo catastrófico as precipitações pluviais e a reserva de água em vastas regiões.

O milagre da selva amazônica em processo de devastação - 17% de sua área já foram postos abaixo ou 700 mil km2 - é este:

“...cerca de 75% das emissões de CO2 do Brasil têm origem no desmatamento. Mas é aí que entre a novidade: cruzamento de dados indica que a Amazônia tem capacidade para retirar por ano da atmosfera, pela fotossíntese, até 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, mais do que todo o País emite, cerca de 1,5 bilhão de toneladas”. (“Amazônia” / “Grandes Reportagens” - publ. do jornal “O Estado”).

Cientistas argumentam que o aumento da temperatura acima de 2° C será perigoso demais para o clima, com imprevisíveis conseqüências. Rubens Ricúpero alerta que se a temperatura subir a 3 ou 4 graus, precipitará o derretimento do gelo nos polos, sepultando sob a água cidades litorâneas importantes em todo o mundo. E arremata: “As geleiras do Himalaia deixarão de alimentar os rios da Índia e da China – um desastre numa região onde vive 1 bilhão de seres humanos” (“O Estado” / entrevista a Sonia Racy – 25.11.2007).

Trata-se de uma visão apocalíptica? Não penso assim. Já há sintomas dessas “catástrofes naturais” que tenderão a se agravar se a insanidade predadora permanecer nesse diapasão.

Até agora só falei dos efeitos maléficos da destruição do meio ambiente do ponto de vista climático, por si só gravíssimos. Não se pode esquecer, nessa sanha destrutiva da Amazônia em busca do lucro, também o perverso efeito sobre espécies vegetais e indivíduos da fauna, incluindo espécimes ainda desconhecidos ou não estudados.

As vidas e valores (morais, entenda-se) se perdendo da maneira mais irresponsável.

Já não existem dúvidas de que, menos as madeireiras clandestinas que devastam a selva sem se preocupar com o manejo sustentável, a pior predação se dá com a formação de pastagens para criação de gado. O porcentual de devastação para pastagens, passa dos 70% de tudo o que se derruba na Amazônia. E para que tal se dê efetivamente, sem que a vegetação nativa reaja, o método mais devastador empregado é o fogo. Daí a enorme carga de CO2 na atmosfera.

O mais grave é que o Brasil é o maior exportador de carne do planeta e comemora esse êxito pelos milhões de dólares que amealha no negócio.

Mas, além desses prejuízos ambientais, há aspectos ponderáveis a considerar nesses (supostos?) êxitos.

Os países importadores da carne brasileira, a compram “limpa” não precisam investir em pastagens, rações e em reservas de água para a criação e engorda dessa incontável massa bovina.

Em edição recente, a propósito, o jornal inglês “The Guardian” afirmara que "os supermercados britânicos estão levando à rápida destruição da Floresta Amazônica ao usar carne de fazendas responsáveis pelo desmatamento ilegal".

Essa matéria do jornal, repercutiu denúncia da ONG Greenpeace que anunciara estarem os pecuaristas sendo financiados pelo governo brasileiro, via BNDES, para ampliarem a massa bovina na Amazônia, ainda que a custa do desmatamento ilegal.

Os pecuaristas reagiram à denúncia e ameaçam processar o Greenpeace.

De outra parte, há o cultivo de soja em grandes extensões que também exigem imensos desmatamentos.

Com tudo isso, a soma dos efeitos maléficos da produção em escala gigantesca da massa bovina e da carne, é a seguinte:

i - Devastação pelo fogo de imensas áreas de mata nativa para comportar pastagem, contribuindo para o efeito estufa;

ii - Grandes áreas de plantação de soja – que pode se dar nas áreas de pastagens deterioradas. A soja é, entre outros, um componente da ração bovina;

iii - A flatulência e as excreções dos animais produzem em larga escala gás metano que afeta negativamente a atmosfera e a camada de ozônio pelo efeito estufa;

iv - A devastação florestal que se dá para a produção de carvão vegetal – que produz também CO2 - para sustentar os churrascos e as churrascarias.

Embora a carne e a soja sejam alimentos de elevado consumo nestes tempos difíceis, é chegada a hora de se estabelecer controles sérios de maneira a impedir a continuidade do desmatamento ilegal ou não para o assentamento da massa bovina e também para extração da madeira como atitude prioritária. Paralelamente, a reconstituição ambiental destruída, já que estamos a ponto de ingressar, como exposto acima, numa zona caótica, perigosa, sem volta, pela poluição (das águas, do ar) e pelo aquecimento global.

A urgência é notória.

Por tudo isso, aumentam os adeptos da alimentação vegetariana, incluindo-se os veganos, também adeptos do vegetarianismo, mas com posição mais radical, rejeitado subprodutos de origem animal.

Por derradeiro, breves palavras comparando o modo como age o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc e como agia a ex - Ministra Marina Silva. Minc é espalhafatoso, Marina era aquilo que os americanos chamam de “low profile”. A despeito de suas contradições (“Aprovei Angra 3 sem concordar”) prefiro o espalhafato de Minc. Sua postura, de uma maneira ou outra coloca a questão ambiental de modo mais incisivo e tem gerado debates.

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