07/12/2009
Parece que Aécio vem postergando a decisão do PSDB na escolha do candidato presidencial nas eleições do ano que vem. Embora duvide, sua posição divide o partido. Serra está mais preparado para enfrentar o prestígio de Lula e a máquina do PT.
Tenho sempre a preocupação de não repetir assuntos de que já tratei nesta coluna. Mas, há um que me chama demais a atenção, me preocupa e que teve novos desdobramentos recentemente: trata-se do candidato do PSDB à sucessão de Lula ainda indefinido. Exatamente por isso volto a ele. Tratarei, tal qual um teatro, por atos, na verdade, dois atos da mesma cena:
1° Ato – Cresceu a popularidade de Lula conforme última pesquisa. Creio que não só pelos programas sociais que ampliou mas pela frequente presença na mídia ao lado dos líderes mundiais, nem que o país, na sua estrutura de serviços básicos, ande mal. E mesmo que cometa seus disparates. Um deles se deu ao lado da alemã Ângela Merkel, ao assumir que a Rússia e os Estados Unidos “não têm moral” para condenar a provável arma atômica do Irã, na medida em que ambos dispõem desses artefatos. Lula está admitindo, em tese, que a Al Qaeda e o talibã também possam ter o seu.
O outro, sobre o escândalo de Brasília: “as cenas não falam por si...”, disse Lula. O que “falam por si”, então, o dinheiro na cueca? Na meia? Na oração abençoando o “banqueiro” que distribuía o dinheiro para todos os “elegíveis” ao mensalão brasiliense?
2° Ato – Numa recente palestra, Fernando Henrique Cardoso assumiu que o PSDB tem dois candidatos às eleições, José Serra, governador de São Paulo e Aécio Neves, governador de Minas. Disse FHC que nas eleições passadas, a escolha de seu partido pelo nome de Geraldo Alckmin se dera porque Serra decidira não disputar as eleições presidenciais.
Com esses dois atos da mesma cena que se interligam defendo dentro de uma retrospectiva do governo petista, que Lula e o seu partido devem deixar o poder de tal ordem que haja uma renovação de ares por aqui, mesmo que nas pesquisas destes dias a avaliação de seu governo tenha crescido e no exterior ele seja considerado um político diferenciado na América Latina. Nada difícil, se considerarmos a postura de Hugo Chaves, Evo Morales...
Aécio Neves ascendeu ao governo de Minas, ajudado pela herança do nome de família obtida de seu avô Tancredo Neves a partir dos episódios emocionantes de seu passamento.
Terá suporte nacional para se apresentar como candidato forte do PSDB para colocar em risco a máquina petista, com Lula e tudo?
Acho que não. Recentemente, ao se apresentar em propaganda de seu partido em São Paulo, na televisão, começava mais ou menos assim, “talvez vocês não me conheçam, mas eu sou o governador de Minas Gerais...”
Desconhecido depois de tantos anos na mídia? Não se duvide!
Volto a me lembrar de Alckmin pessimamente votado em Minas – o PT teve vitória estrondosa no estado de Aécio – e no segundo turno em São Paulo, com pequena margem venceu Lula.
Como se comportariam os eleitores de São Paulo tendo Aécio como candidato do PSDB sabendo que Serra fora preterido? Penso que seria mal votado em São Paulo e ficaria num empate com o PT no seu próprio estado, algo parecido com o que se dera com Alckmin, mas trocando-se os ponteiros. As chances de vitória da candidatura do PT seriam aumentadas.
Por isso, tenho para mim que Aécio é um elemento de divisão no PSDB. Poderia ele ser o candidato do partido se Serra renunciasse (de novo?) à candidatura presidencial. Só nessa hipótese. A mesma situação relatada por FHC na escolha de Alckmin.
Digo mais: no recente programa do PSDB apresentado por Serra e Aécio na televisão, as obras importantes ressaltadas por Aécio no seu estado, embora expressivas, são rotinas em São Paulo. Serra se depara com obras de muito maior vulto, extensas e complexas até porque se trata do estado mais desenvolvido do país e, sim, bem mais desenvolvido que Minas Gerais.
Serra teria mais o que mostrar para o Brasil. Está mais preparado. Tem nome até em Minas, bem mais que Aécio em São Paulo.
Ora, não tenho procuração para falar em nome de Serra, mas penso que a demora de sua decisão em anunciar sua candidatura tem algo a ver com a insistência de Aécio em se apresentar também como candidato.
Deixasse Aécio essa sua insistência divisionista, restaria a Serra se definir. Se não o fizesse logo, aí sim Aécio poderia ser o escolhido para representar seu partido nas eleições presidenciais do ano que vem. Só nessa hipótese.
Melhor ainda se aceitasse a vice-presidência ao lado de Serra, chapa ideal. com chances reais de vitória sobre o prestígio de Lula e tudo o mais.
A franqueza não pode ser tripudiada sob argumento de que se trata de um interesse paulista. Insisto que o interesse é brasileiro, nacional, para mudar tudo o que aí está.
Está na hora, pois, de o PSDB sair para a disputa...com Serra.
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