21/12/2009
Copenhague foi um início ainda frágil tal a premência de medidas para minorar a devastação climática. Há tempo ainda de esperar vínculos na conferência do México em 2010. O Brasil pode assumir projetos ambientais prioritários na preservação da Amazônia.
Não sei se se poderia esperar muito da Conferência do Clima em Copenhague (Conferência das Nações Unidas – COP15).
Países ricos vacilantes quanto às metas a atingir em seu próprio território, os Estados Unidos, a China – a grande poluidora - com seus bilhões de habitantes, também vacilante no tocante à redução dos gases do efeito estufa, interesses e mais interesses (econômicos) em jogo, na minha visão só tinha que dar no que deu: adiamento de um acordo vinculativo quanto a compromissos efetivos a serem assumidos.
Por isso, há uma dose de razão nas afirmações da chanceler alemã Ângela Merkel de que Copenhague se constitui "um primeiro passo rumo a uma nova ordem mundial do clima" e que "quem menosprezar Copenhague vira cúmplice dos que freiam em lugar de avançar".
O encontro de cúpula da Dinamarca revelou a preocupação mundial com a questão ambiental, se considerada a significativa a presença de mandatários de todos os países, apontando que o clima deixou de ser apenas a preocupação de ecologistas e do Greenpeace.
Há algo a mais acontecendo nestes tempos prenunciando graves conseqüências ambientais num futuro bem próximo.
Com o derretimento das calotas polares, há ilhas com estrutura política organizada, ameaçadas de serem cobertas pelo mar. Essa ameaça real está sendo encarada com seriedade e urgentemente.
Os mais otimistas consideram a proposta tênue da Conferência de Copenhague, porque não assentada em documento vinculativo, como positiva a aceitação do aquecimento do clima em até 2%. Um parâmetro ainda sem um embasamento sólido de como atingir e quando. Embora esse porcentual pareça pouco é preocupante, porém, quanto aos efeitos, ao ser atingido.
Assim, se fracassou a Conferência de Copenhague por tudo que dela se esperava em termos de compromisso, tudo indica que no México as coisas estejam mais amadurecidas, conscientizando-se os mandatários de que chegou a “hora da verdade”.
Será impensável, então, já com a preocupação pelo adiamento de decisões que poderiam ter saído em Copenhague, a postergação naquele país, de uma proposição eficaz de combate ao aquecimento global e à poluição ambiental que vincule a todos.
Se não há compromisso formal cada país pode fazer a sua parte. O Brasil tem muito a fazer: combater com o desejo de obter resultados concretos, efetivamente, a devastação da Amazônia – que tem influência sobre o clima e as chuvas no país – de tal modo a impedir as queimadas e com elas a ampliação dos pastos, prática ambiental danosa. A Amazônia não pode ficar a mercê desses desavisados irresponsáveis que visam o lucro não importando a que peso para o clima. Só esse controle efetivo já será um serviço não apenas para o Brasil como para o mundo.
Nas suas intervenções José Serra e Marina Silva, deixaram claro que eram a favor da participação do Brasil na constituição de um fundo de financiamento de projetos de combate às emissões poluidoras aos países pobres como uma maneira de pressionar moralmente os países ricos, posicionamento combatido por Dilma Rousseff porque o Brasil é também um país pobre.
Claro que Lula, tendo por perto ainda o símbolo da preservação ambiental brasileira, Marina Silva – mesmo com o bom trabalho de Carlos Minc – claro que teria que assumir essa proposta, tanto que no seu discurso, de modo enfático diria:
“Eu vou dizer de público uma coisa que eu não disse ainda ao meu País, não disse à minha bancada e não disse ao meu Congresso. Se for necessário fazer um sacrifício a mais, o Brasil está disposto a colocar dinheiro também para ajudas os outros países. Estamos dispostos a participar do financiamento se nós nos colocarmos de acordo numa proposta final, aqui neste encontro. Agora o que nós não estamos de acordo é que as figuras mais importantes do planeta Terra assinem qualquer documento para dizer que nós assinamos documento”.
Pois bem, se a disposição for essa, há muito que fazer no Brasil, além da preservação prioritária e radical da Amazônia: a preservação do Cerrado que está se transformando em carvão, o reflorestamento de áreas degradadas com espécies nativas, combate à desertificação, financiamento para o aprimoramento genético do gado bovino de tal ordem a melhorar a produtividade com a ocupação de espaços menores de pasto (1), financiamento de equipamentos industriais que diminuem a emissão de gases poluidores...e por aí vai.
Sem essas medidas concretas a meta do Brasil em diminuir até 2020 em 38,9% (porcentual a esclarecer) as emissões dos gases do efeito estufa não será alcançada e se adotada tal disposição, já seria um exemplo por demais significativo para o mundo vacilante e preocupado com as perdas econômicas e não com a catástrofe climática que se divisa impreterível.
Esperemos o México com otimismo. Há, ainda, algum tempo de recuperação. As posições até lá mudarão para melhor e com certeza teremos um compromisso climático formal e de cumprimento obrigatório por todos os países.
(1) V. nosso artigo “O REBANHO BOVINO E A EMISSÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA” de 15.12.2009
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