24/08/2009
Neste mês de agosto, a Embraer, com sede em São José dos Campos - SP completa 40 anos. Em meio a uma crise de mercado, é ainda a 3ª maior fabricante de jatos comerciais do mundo. Orgulho brasileiro.
Não faz muito, revisitando alguns pontos mais significativos de São Paulo, desci, na Catedral da Sé, sob a sacristia, na cripta. Lá estão os túmulos de (quase) todos os bispos e cardeais que comandaram a Catedral.
Há um que me perguntava se não está deslocado naquele clima: o de Bartolomeu de Gusmão religioso jesuíta nascido em Santos em 1685 e falecido em Toledo na Espanha, esquecido, em 1724. Fora um inventor talentoso, tendo construído o primeiro balão (aeróstato) que subiu na atmosfera, impulsionado pela leveza do ar quente. Sua pioneira “máquina de voar” surpreendera a corte de Dom João V, em Portugal, em 1709.
Lá está desde 2004. Santista, a cidade de Santos faz gestões para transferir o túmulo para lá porque, alegam as autoridades, era o seu destino original quando transladado da Espanha.
Quase 200 anos depois, em 23 de outubro de 1906, publicamente, em Paris, Alberto Santos Dumont, com seu 14Bis, elevou-se do solo com um “aparelho mais pesado do que o ar”, data geralmente aceita como o início da aviação. Secretamente, os irmãos Wright teriam em 17.12.1903 obtidos o mesmo resultado, mas com aparelho impulsionado por catapulta. O brasileiro fez publicamente a demonstração, os americanos secretamente.
Sou do tempo em que no curso primário, se ensinava que o sistema fluvial Mississipi-Missouri dos Estados Unidos se constituía no maior rio do mundo em extensão. O Missouri é afluente do outro. Em qual escala o Amazonas, o Nilo se situavam? Ora, os americanos detinham o maior rio, ainda que se tratasse de rio principal e seu afluente...
Claro que melhores técnicas, desmascararam essa imposição americana no tocante ao tamanho dos rios. No caso dos vôos, com o argumento do suposto feito dos irmãos Wright secretamente colocam em dúvida com a mesma presunção o pioneirismo de Santos Dumont e todas as experiências que antes fizera.
Notem, pois, que há por estas plagas, brasileiros que há muito olharam para o alto e apreenderam que o “céu não era só dos pássaros, mas também dos aviões”.
Temos bons antecedentes, pois.
Nessa linha de idéias, foi instituída 19 de agosto de 1969, por decreto assinado pelo então Presidente da República, Arthur da Costa e Silva, a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica, iniciando-se a produção do modelo Bandeirantes, projeto vitorioso que resultou em quase 500 unidades, das quais 300 ainda trafegam normalmente em vários países.
Na década de 1970, começou o desenvolvimento de novos produtos, como a aeronave executiva Xingu (EMB 121), o avião de treinamento militar Tucano (EMB 312) e o turboélice com 30 assentos Brasília (EMB 120), bem como o programa do jato AMX, em cooperação com as empresas italianas Aeritalia (hoje Alenia) e Aermacchi, que permitiu à empresa tecnologicamente avançar.
Após crises constantes, foi a Embraer privatizada em 7 de dezembro de 1994.
Com estrutura operacional e administrativa renovada, a empresa partiu para novos projetos resultando na “Família ERJ 145”.
Mais tarde, em 2004, o lançamento da “Família EMBRAER 170/190” de jatos comerciais com capacidade para 70 a 122 assentos, assumindo a Embraer a liderança nesse segmento. Esses produtos são aceitos em vários países do mundo, inclusive nos Estados Unidos, o seu principal mercado.
A linha de aviões executivos compreende os modelos Phenon 100, Legacy 600 e Lineage 1000.
Aeronaves de treinamento avançado e de ataque leve, os “Super Tucano” estão em operação na FAB, na Colômbia, com pedidos firmes do Chile, Equador e República Dominicana, atingindo a marca de 169 unidades.
Há uns três anos, tive oportunidade de visitar as instalações da Embraer num “open house” (tenho um filho que trabalha na Engenharia da empresa) por ocasião das festas de fim de ano. Na sua linha de montagem, os aviões em fase de acabamento continham apenas os emblemas de empresas americanas. Para mim, um motivo de orgulho e, a partir daí, sempre lamentei que empresas brasileiras, mesmo explorando rotas com menor demanda, não se valessem dessas modernas aeronaves Embraer.
Esse quadro, ainda nos primeiros passos começa a mudar, com a entrada no mercado brasileiro da Azul Linhas Aéreas que iniciou suas atividades em dezembro passado. O seu principal executivo e fundador é um brasileiro-americano nascido em São Paulo, David Neeleman, de pais americanos, que com eles voltou para os Estados Unidos quando tinha ele apenas sete anos.
Fundador da JetBlue nos Estados Unidos e dela desligado, é um admirador dos jatos Embraer. No portal da Azul, esses aviões são qualificados como os mais confortáveis e avançados na sua categoria (“os moderníssimos E-Jets da Embraer“). Planeja a Azul chegar a 14 aeronaves em 2009 entre os modelos 190 (106 lugares) e 195 (118 lugares).
A receita da Embraer está assim distribuída (em %): America do Norte (43), Europa (18), Ásia Pacífico (18), Americana Latina (10), Outros (7) e Brasil (4).
Da “Família ERJ”, foram entregues 879 aeronaves com 12 pedidos firmes e da “Família 170/190”, 1432 unidades entregues, contando com 340 pedidos firmes.
A Embraer emprega 17.237 empregados.
O que mais dizer da Embraer? Uma empresa que se apresenta como uma referência do Brasil. Seus aviões voam pelo mundo todo com muita qualidade, eficiência e conforto. Algo que temos para nos orgulhar.
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