sábado, 3 de abril de 2010

SUCESSÃO NO PSDB: SERRA & AÉCIO

02/08/2009

No artigo anterior escrevi sobre as trapalhadas de Lula ao apoiar Sarney desmedidamente como se na campanha eleitoral do ano que vem, não tivesse que responder por todos os despautério que prima expressar. Esse apoio, como disse, poderia até mesmo afetar a campanha de sua candidata, a “Dilminha” que teria que explicar o apoio ao seu aliado do Senado assim desmoralizado.

Há dias, ele acordou creio que despertado por alguns senadores do seu partido e diz agora que não tem nada a ver com o Senado e com Sarney e seus asseclas. Não fosse Lula o Presidente do Brasil dificilmente seria poupado do ridículo. Há um certo recato em preservá-lo sobretudo pelo cargo que exerce. De dirigente sindical atuante e brilhante seria um forte candidato ao caricato como Presidente, não houvesse a ampará-lo, o escudo e as armas da República. Há que manter sua imagem possível internamente e perante o mundo.

Afinal, o Brasil é o Brasil.

O PT pela sua candidata Dilma Roussef já está em campanha. Esteve ela há pouco até mesmo se aconselhando com Michelle Bachelet, presidenta do Chile, fazendo anotações sobre as vicissitudes e experiências da mulher no mais alto cargo político do país e, na oportunidade, repetiu aquilo que já virou chavão de que o Brasil estaria preparado para ter uma mulher presidente e mesmo um negro, como tem hoje um metalúrgico.

O partido que deverá enfrentar a máquina oficial é o PSDB, tudo indicando que com José Serra que traz no currículo o Governo de São Paulo, Estado onde, sem qualquer bairrismo, tudo (ou quase tudo) acontece.

Não me surpreendeu, portanto, uma notícia trazida há dias por este portal, o “VoteBrasil” cuja manchete dizia tudo, a saber: “Planalto avalia que seria mais fácil vencer de Serra, já que teme crescimento do governador de Minas em função de sua boa relação com o PMDB e a esquerda e capacidade de articulação.” Estas considerações já as tinha pensado escrever antes da notícia inserta no “VoteBrasil”. Ela apenas aguçou minha gana.

Claro que essa “avaliação”, partindo de onde parte, menos que um temor, seria uma aspiração do “Planalto”. Deixa escapar balões de ensaio pró-Aécio para, diante de sua juventude e origem – neto do saudoso Tancredo Neves – adubar sua vaidade e fazê-lo acreditar que sua candidatura seria viável, a ponto de vencer a máquina lulista-petista, suplantando o próprio Serra.

O que pretende essa “avaliação” é o divisionismo, imaginando que Aécio, com sua suposta “capacidade de articulação”, poderia até mesmo afastar de Dilma o PMDB – este partido tão grande quanto despersonalizado, sem bandeira, sem ideal.

Noto, de outra parte, que Serra vacila, fala que somente em 2010 é que dará rumo à sua ambição política, deixando livre a articulação do PT que, por atos políticos de Lula, insere Dilma com frequência na mídia. E essa postergação da decisão, dá ensejo a que Aécio articule, se apresente como opção.

A candidatura de Aécio se vingasse ou pelo PSDB ou PMDB, seria a repetição de Geraldo Alckmin nas eleições de 2006. Claro que o candidato do PSDB, então, teve alguns momentos interessantes nos debates, mas seu partido o deixou praticamente a pé na campanha.

Com Aécio escolhido pelo PSDB, teria muita dificuldade em São Paulo – o maior colégio eleitoral -, dando margem à vitória de Dilma que já conta com número maior de intenção de votos nas pesquisas. “Fator Alckmin” às avessa (perderia certamente em São Paulo e iria bem em Minas **). Se, por outra, ocorresse o absurdo de sensibilizar o PMDB como “avalia” o Planalto, a divisão do eleitorado seria inevitável e aí, a vitória do PT seria certa.

Assim, não há como: deve o governador de Minas resignar-se e sair com Serra que tem chances de êxito no acirramento da campanha. Não é hora para fazer e receber acenos graciosos e desde logo assumir com seriedade que este país precisa mudar diria, radicalmente.

E para isso, não me parece que 2010 seja sua vez.

(**) Nas eleições de 2006 em SP Lula obteve 47,7% dos votos contra 52,26% de Alckmin; em MG na mesma ordem, 65,2% contra 34,8%.


A coluna acima é de exclusiva responsabilidade

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