sábado, 3 de abril de 2010

AS SAÚVAS E O MST

25/10/2009


São indesculpáveis os atos vandálicos, ilegais do MST que age solto perante o Governo Federal, dando a impressão que dele se aproveita para desviar a atenção pelo seu fracasso nas agora requentadas “questões sociais” trazidas ao debate por intelectuais


Numa região muito bonita do interior de São Paulo, perto da cidade de Águas de São Pedro, até há pouco, tive um chácara. Nos fundos, fazendo divisa, uma área enorme com plantação de eucaliptos.

Área devastada, dia após dia fui a “repovoando” com árvores de todos os tipos. A terra arenosa parecida com areia de praia foi reagindo com bons resultados. A terra quer ser plantada.

Reservei uma área menor para as árvores frutíferas de toda espécie, aí incluídos os cítricos.

Mas, à medida que essas plantas foram vingando, algo inesperado começou a ocorrer: o ataque das formigas cortadeiras criadas entre os eucaliptos que mudaram de lado tal a abundância de folhas para o cultivo de seu alimento nas tocas que se multiplicaram às dezenas.

Os rastros que faziam na sua sanha predadora eram notáveis. Bastava seguir a “rota” e lá estavam suas tocas imensas.

Ali, naquele meu recanto que prometia tanto, a preferência das formigas eram os cítricos. Com tal volúpia, que numa noite deixava uma laranjeira completamente desfolhada.

Minha reação fora de combate às formigas, mas minha impotência era absoluta: bombeava veneno em pó ou espalhava iscas, violando a terra. A cada toca destruída, outras mais apareciam com apetite redobrada. Mas, eu contava que a luta não seria em vão. Até que um dia, cansado, abandonei a chácara e a vendi no prejuízo.

Muitas vezes, me perguntara, olhando para o céu azul, porque tinha eu um tal inimigo e, afinal, para que serviam se destruíam a área que lutava por recuperar.

Lembrei-me das formigas cortadeiras ao assistir, estupefato, pela televisão a arte insana do MST que, numa penada derrubou, com um trator, sete mil pés de laranja carregados de frutos duma fazenda da Cutrale, na divisa entre Iaras e Lençóis Paulistas no Estado de São Paulo. Lá ficara o mesmo rastro das formigas cortadeiras.

Além de destruir os laranjais, seus membros destruíram instalações e equipamentos da fazenda, sem qualquer razão, que não fosse o ódio e agredir ao país inteiro com aquela violência sabidamente garantida pela impunidade.

Claro que houve a grita geral, até mesmo Lula que com veemência criticou a insanidade do ato, talvez com uma ponta de resignação por ter vestido o boné do movimento naquela sua atitude condescendente e demagógica.

O Ministro do Desenvolvimento Agrário também condenou o gesto criminoso dizendo que tudo aquilo nada tinha a ver com reforma agrária.

Mas, este, é o maior omisso nessa história, porque não saí do seu gabinete, nenhuma informação pública do que vem fazendo a favor da “verdadeira” reforma agrária. Não saiu de lá para explicar o que faz e fez. Sua omissão parece ter o objetivo de deixar o MST agir livremente impedindo que o movimento se esvazie. Se assim não for, então o Ministério do Desenvolvimento Agrário para nada presta, porque teria razão o MST.

Esse quadro ambíguo é vergonhoso.

O ato vandálico do MST, como não poderia deixar de ser, provocou movimentação no sentido de se reavivar a CPI do MST que numa primeira tentativa não vingara e fora arquivada.

No ultimo dia 21 foi instalada, pois, a CPI do MST, uma comissão mista, a despeito de todo o esforço do partido do governo em esvaziá-la e inviabilizá-la

O MST agora busca apoio para se resguardar contra a CPI e, pior, um grupo de intelectuais, aí incluído o chato Luiz Fernando Veríssimo, assina um manifesto que numa de suas linhas diz que “prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira”.

Que maioria é essa? Que maioria representa o MST?

Mais, que a CPI seria mais um ato das classes dominantes “objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST”.

Esse linguajar normalmente é empregado pela esquerda caquética.

Ademais, há criticas à imprensa pela cobertura que deu à destruição de “alguns laranjais”, numa propriedade cuja legitimidade é discutida na justiça. Não foram somente alguns laranjais, mas também uma quantidade grande de equipamentos.

Imaginem se toda propriedade cuja legitimidade se discute na justiça pudesse suportar esse tipo de ato, o exercício arbitrário das próprias razões.

Para evitar esses atos, que ofereçam pacificamente esses intelectuais suas terras para o MST.

Esses apoiadores esquecem que o MST tem praticado inúmeros outros atos de vandalismo. Esse último, grave, foi só mais um desta feita flagrado pelas câmeras.

Sim, é preciso saber quem financia o MST, quem são seus membros, se são mesmo “sem terras” ou aproveitadores oportunistas, se os assentados ficaram com as terras recebidas ou delas se desfizeram e...voltaram ao MST...

Do lado do MST, há a “preocupação” de que a CPI tiraria de foco a discussão dos índices de produtividade das propriedades agrícolas. Não será certamente o MST com essa mentalidade que melhorará a produtividade delas.

O que temem todos esses que apoiam o MST? Que a verdade seja comprometedora?

Espera-se, pois, que a CPI vingue e responda a todas essas questões transparentemente para a sociedade brasileira. Inclusive a questão da produtividade.

Não seria justo se não puséssemos a questão referente à morosidade da Justiça brasileira nessa matéria especialmente em definir a titularidade de fazendas e propriedades. Na edição de 24 último de “O Estado de São Paulo”, o Secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey se refere a essa morosidade que encoraja atos como esse do MST na fazenda da Cutrale. Disse ele num trecho de sua entrevista, referindo-se aos conflitos no Pontal do Paranapanema, em São Paulo:

(...)

Tenho dito, com base no atual ritmo do esgotamento desses processos, em suas diversas instâncias, com possibilidade de ir e voltar ao STF umas duas vezes, que, se formos esperar a decisão final do Judiciário sobre os conflitos, teremos mais 20 ou 30 anos pela frente.”

Esse é o “alimento” do MST, na trilha que fez na fazenda da Cutrale.

Mas, não será pela violência, a exacerbação dos ânimos, o desacato público, com o apoio de intelectuais que as coisas vão melhorar nessa “questão social”.

Há o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Há um governo popular afeito às “questões sociais”, comandado por um ex-metalúrgico. É sobre ele, governo, que devem ser postas as pressões e as indignações pelo que em quase oito anos não conseguiram resolver.

Para essas pleitos mal resolvidos ou não resolvidos a contento, “empurra-se com a barriga” e deixa-se solto o MST para agir e para desviar a atenção da omissão nas agora requentadas “questões sociais” postas em debate.

Mas, montanhas de dinheiro serão aportadas para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016...

“Me engana que eu gosto...”

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