sábado, 3 de abril de 2010

O 'BATE E ASSOPRA'

26/07/2009

Enquanto Lula faz a defesa de Sarney, seu partido propõe o seu afastamento. O PT bate e Lula assopra.

Tenho ojeriza real só de falar em 3° mandato. Já demonstrei nesta coluna esse meu desagrado. Felizmente, por uma série de razões esse projeto absurdo e golpista saiu de pauta definitivamente, parece, e parou de nos aborrecer e ameaçar. Porque, perdoem os petistas, conto nos dedos o dia da saída de Lula e toda essa turma do seu partido. A mudança se tornou urgente na Presidência da República e nos escalões inferiores.

E não digam que tenho algo preconceituoso contra Lula. Nada disso. É que já não suporto seus discursos, suas metáforas, seus equívocos.

Acompanhei sua evolução política desde que se tornou dirigente sindical e isso escrevi até com detalhes nesta coluna, revelando admiração pela sua postura de líder dos trabalhadores e sua participação nos rumos da “abertura política”. Leiam “Crônica Sindical” de 01.04.2009

Um dos sinais políticos que considero expressivo de que o 3° mandato se foi de vez, se dá quando analiso o apoio de Lula a Sarney, essa figura soberba (“incomum”, segundo as palavras do presidente), imperial que, entretanto, vai sendo (ou já foi) desmascarado pelas denúncias comprovadas da imprensa.

Numa de suas intervenções sobre o escândalo dos atos secretos entre outros escândalos do Senado, o ultrapassado senador dissera que nada deles sabia. A mesma tática de Lula, “que nada sabia” das práticas que desaguaram no escândalo do mensalão, episódios que chegaram até mesmo a ameaçar o seu mandato. Mas, claro, passaria Lula ileso porque já se experimentara, não fazia muito, o traumático impedimento de Fernando Collor, hoje seu aliado, como aliado é outra figura que não engrandece o Senado, Renan Calheiros.

Não demoraria – a imprensa divulgou com detalhes - o senador Sarney seria desmentido pela sua neta que a seu pedido e pela intervenção do avô obteve um empreguinho no Senado para o seu ex-namorado. Há maior desfaçatez do que essa, provinda de seus laços familiares, logo uma neta?

Claro que numa campanha eleitoral Lula teria muito que explicar desse apoio comprometedor a Sarney. Se estivesse preocupado com os próximos passos nos rumos das eleições de 2010 e contando com sua reeleição, já teria se afastado do seu aliado do Senado ou arrefecido seu apoio. Porque, seria um pesado ônus, um fardo que carregaria numa campanha eleitoral. E muito a explicar. A permanência desse apoio, pois, exclui qualquer manobra continuista.

Sua candidata, Dilma Roussef, já em campanha, terá menos a explicar sobre esses episódios comprometedores do senador aliado e o apoio incondicional dado pelo seu padrinho presidente.

Penso, porém, que há uma manobra velada entre Lula e o PT no Senado, aqueles meandros normalmente traçados na politicagem obscura: Lula continuará defendendo seu aliado pelo dever de gratidão, retribuição pelo que recebeu do senador num período crítico, enquanto o PT, para garantir o futuro na campanha da sucessão, faz jogo de cena contrariando o presidente, recomendando o afastamento do Sarney.

E ao ser futuramente questionada por seus opositores no decorrer da campanha eleitoral, o que dirá Dilma e seus aliados, passada a tormenta? Que seu partido pugnou pelo afastamento do senador em nome da moralidade mas que Lula assumira uma posição pessoal, de mero apoio ao amigo. Caberia a ele, Lula, então, explicar essa “posição pessoal”. A “ética”, estaria, pois, como o posicionamento do partido e não com o presidente já então nos últimos dias de seu mandato...

Ao “bate e sopra”, acrescente-se aquela outra expressão popular: “me engana que eu gosto”.

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