05/04/2009
Volto a expressar meu inconformismo aos sangue-sugas do povo brasileiro. Contenho-me na adjetivação para manter um nível de dignidade e não me igualar àqueles que por outros atos agora critíco com veemência.
Ouvi aqui e acolá que o senador Cristovam Buarque havia apresentado um projeto objetivando aumentar o número de deputados na Câmara Federal, além dos já excessivos 513 existentes, para instituir representação de brasileiros que moram fora do País.
Essa ideia grosseira – o dicionário Aurélio inclui esse adjetivo como sinônimo de (ideia de) jerico – nascera de “uma das principais decisões da 1ª Conferência Brasileiros no Mundo, realizada em julho do ano passado no Rio de Janeiro.”
Essa conferência foi promovida pelo Ministério das Relações Exteriores, “a primeira grande iniciativa do governo para se aproximar dos brasileiros que vivem no exterior. Estiveram presentes brasileiros residentes na América do Norte, na América do Sul, na Europa e na Ásia.”
Serviriam, então, esses novos deputados como “contato permanente entre o governo e as comunidades de brasileiros fora do país e a criação de uma ouvidoria permanente de serviços consulares.”
Essa a explicação básica para tal desmando, porque na verdade bastaria apenas instituir, como sugere a nota, uma ouvidoria no próprio Ministério das Relações Exteriores que passaria a ser, então, o órgão competente para estabelecer essa ligação entre o governo e os brasileiros no exterior.
Nada mais.
Mas, estamos no Brasil e este País não tem um Congresso sério. Não se preocupa com a sangria tributária que se processa contra o povo brasileiro e ao sustentar desregramento dessa grandeza, cai ao nível da irresponsabilidade que ultrapassa o nível máximo de tolerância.
Estabeceu-se a “média” torpe: brasileiros que vivem no exterior por opção própria – alguns muito bem de vida – sugeriram numa conferência repleta de “oba-oba” representação parlamentar e esses senadores, que deveriam olhar para o que se passa no interior do Brasil, preocupam-se demagogicamente com essa minoria e numa iniciativa absurda, propõem o aumento do número de deputados para representá-la.
Não poucas vezes defendi, ao contrário, a redução do número de parlamentares brasileiros que suplantam a representação dos Estados Unidos se considerada a população dos dois países.
O projeto, já aprovado em primeiro turno no Senado, é de autoria do senador Cristovam Buarque que até hoje o tinha em bom conceito com aqueles seus discursos pró-educação. Mas, com esse projeto ele mostra o seu tamanho.
Esses políticos não podem mais ficar a mercê de suas propostas impensadas e permanecerem impunes nos seus desmandos. Carecem de tutela pela menoridade que revelam. A maioria. O povo brasileiro precisa acordar de sua letargia e protestar em praça pública. A internet é um caminho importante, mas já não basta. É preciso mobilização.
Pior foi à imprensa a declaração sempre peemebista, isto é, própria de um partido sem rosto, do ex-professor de direito constitucional Michel Temer, presidente da Cãmara, que ao concordar com o projeto, deu esta explicação insensata: "Eu acho uma coisa útil porque é a representação de quem está mais vinculado à atuação e aos sentimentos dos que estão fora do país. Nós temos hoje, por exemplo, o parlamento do Mercosul que representa o sentimento dos países integrantes do Mercosul. Volto a dizer que acho mais que razoável".
Pretende o deputado subestimar a inteligência do brasileiro? Ora, o que tem o insosso parlamento do Mercosul, com as costas do povo brasileiro que suportará o custo de mais uma quantidade de deputados ociosos e respectivos assessores?
Algo tem que ser feito para coibir esses abusos.
Sim, algo tem que ser feito, porque vem aí o inchaço das Câmaras Municipais na ordem de 7.343 novos vereadores, sem o compromisso de redução de gastos, nos termos de projeto que vai sendo aprovado na Câmara dos Deputados.
Isso significa que, para sustentar esses novos vereadores e seus assessores encargos adicionais virão em cada município prejudicado com a medida.
Qual o significado desse aumento de vereadores? Nenhum. Esse projeto nasceu do lobby deles mesmos. Por isso, o povo brasileiro abandonado, deve começar a fazer seu próprio lobby, protestando, saindo às ruas, desprezando seus supostos representantes das Câmaras Federal e Municipal que pouco fazem a par de se aproveitaram das verbas salariais e de representação que lhes são deferidas por leis que eles mesmos votam.
Em tempo:
Segundo noticia de 6 de abril do Portal IG, o mesmo Senador Cristovam Buarque defende a ideia de um plebiscito com o objetivo de ouvir a população sobre o fechamento do Congresso Nacional, tal o volume de críticas que a Casa recebe e também pela “inoperância” dos parlamentares. Revela mais a notícia que o senador se sentira feliz em receber tantas críticas de “pessoas que consideraram um absurdo a simples ideia de se pensar num plebiscito com o objetivo de fechar o Congresso”. Não se trata de “ideia” mas de demagogia barata, porque milhões não saberão direito o que essa proposição pode significar. Honesto será um plebiscito para reduzir o número desses “inoperantes” nas duas Casas. Aí sim a coisa passa a ser para valer
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